O republicano Donald Trump fez história nesta quarta-feira (6) ao se tornar o segundo presidente dos Estados Unidos a retornar ao cargo após ter sido derrotado em sua primeira tentativa de reeleição. Com mediação do jornalista Edson Sardinha, o Congresso em Foco Talk analisou o que foi determinante para a vitória do ex-prresidente e a derrota da democrata Kamala Harris e quais implicações desse resultado para o Brasil. Participaram do debate a socióloga Giselle Agnelli e os professores de Relações Internacionais Robson Valdez, do IDP, e José Renato Ferraz da Silveira, da Universidade Federal de Santa Maria.
Retorno de Trump
O professor Robson Valdez avalia que a lealdade do eleitorado de Trump foi um fator determinante para a eleição dele. “Ainda tivemos a questão do atentado, da tentativa de assassinato contra Donald Trump, então isso também cria no imaginário do eleitorado norte-americano republicano e conseguiu aumentar a ideia de Donald Trump ser realmente uma pessoa escolhida por Deus para liderar os Estados Unidos”, apontou o especialista.
Outros pontos, segundo Valdez, que fizeram diferença são o carisma de Trump, que manteve o eleitor engajado e o discurso contundente contra aborto e de endurecimento das políticas migratórias. “Do ponto de vista da Kamala Harris, tudo o que o Trump teve de estratégico, os democratas não conseguiram fazer. [Houve] uma falta de conexão com o eleitorado”.
Para o professor José Renato Ferraz, a vitória de Trump “é triunfal e messiânica”, porque soube conversar com o eleitor. Ele acrescenta ainda que a pauta identitária levantada por Harris, assim como a polarização em tratar os republicanos como “fascistas” não atinge o eleitor comum. “O eleitor médio fica de fato descontente com essa linguagem política. Há uma certa desconexão do discurso na narrativa do Partido Democrata”.
Ele ainda aponta que essa desconexão ficou mais evidente neste ano, uma vez que nestas eleições de 2024, os republicanos venceram no voto popular pela primeira vez desde 2004. Na ocasião, George W. Bush venceu o democrata John Kerry. Além do voto dos 295 delegados – para eleição são necessários 270 -, o republicano obteve 51% dos votos populares, mais de 72 milhões contra 67,2 milhões de Kamala Harris, conforme última apuração da The Associated Press.
Discrepância das pesquisas
Colunista do Congresso em Foco, socióloga e membro do movimento feminista no Partido Democrata, Gisele Agnelli explica que os votos para Trump foram “subestimados” e, por isso, o resultado final das eleições deu maior margem ao republicano do que previam as pesquisas eleitorais Apesar disso, ela aponta ainda outro fator que pode dificultar as pesquisas é a não obrigatoriedade do voto e a probabilidade de o eleitor querer comparecer às urnas. Assista à íntegra da discussão no vídeo acima.
Saiba mais sobre os nossos convidados:
Gisele Agnelli
Socióloga com especialização em ciências políticas, fundadora do #VoteNelas. Atualmente reside nos EUA e faz parte do Movimento de Lideranças Femininas do Partido Democrata.
Robson Valdez
Doutor em Relações Internacionais, pesquisador do Núcleo de Estudos Latinoamericanos (Irel-UnB) e professor de Relações Internacionais (IDP) em Brasília.
José Renato Ferraz da Silveira
Professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
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