O GLOBO
Jaques Wagner é governador que mais viaja ao exterior; Cabral é 5º
Menos de um ano e meio de mandato e governadores de 15 estados somam mais de 370 dias fora do país em viagens oficiais pagas com recursos públicos. Nesse período, cumpriram agenda em 23 países. Levantamento feito pelo GLOBO apontou o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), como o recordista em viagens internacionais no atual mandato. Desde janeiro de 2011, início da sua segunda gestão, o baiano passou 78 dias no exterior em 14 missões oficiais – quase uma viagem por mês, em média. Depois dele, Antonio Anastasia (PSDB), de Minas Gerais, e Tarso Genro (PT), do Rio Grande do Sul, são os chefes de Executivos estaduais que mais estiveram no exterior, com 35 dias cada um.
Em quarto lugar está o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que ficou 34 dias fora do país. O governador do Rio, Sérgio Cabral, vem em seguida, com 29 dias. Depois, Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, 28 dias.
Já o ranking das comitivas que mais custaram aos cofres estaduais é liderado por Minas (R$ 687 mil), seguido pelo Rio (R$ 342 mil). As viagens do governador baiano, que está nos Estados Unidos em sua 14ª missão oficial, custaram, até agora, R$ 285 mil. A diária mais generosa paga a um governador é a do Rio Grande do Norte, US$ 1.500 por dia. Nos demais estados (exceto Rio, São Paulo, DF e Espírito Santo, que usam outro expediente), o valor fica entre US$ 330 e US$ 600. Os dados são dos governos.
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Nas últimas duas semanas o GLOBO solicitou aos 26 estados e ao Distrito Federal a relação de viagens internacionais dos governadores e as despesas. Somente 15 deram informações (ES, RN, GO, TO, SP, RS, MG, BA, PR, SC, RJ, SE, PA, AM e MA). Entre aqueles que não forneceram os dados, O GLOBO identificou que, ao menos, oito governadores estiveram no exterior (CE, DF, MT, PE, AL, AC, PB, PI). O único governador que informou não ter viajado foi Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo.
Previdência privada: Juros baixos vão dobrar gastos com aposentadoria
A nova realidade de juros baixos que se consolida exigirá que o brasileiro faça um esforço dobrado para garantir a mesma renda na aposentadoria pela previdência privada, informa Lucianne Carneiro. Num cenário em que a taxa Selic caia para 8%, o que deve ocorrer ainda este ano, quem começar a aplicar aos 30 anos terá que reservar R$ 976 ao mês para ter R$ 5 mil mensais aos 60. Com os juros a 12%, esse valor era de R$ 462. Segundos especialistas, haverá uma mudança cultural no país, já que muitas gerações conviveram com taxas que permitiam ganhos elevados e ajudavam a garantir a aposentadoria. Agora, a contribuição será maior e por mais tempo, e o risco pode aumentar, dependendo do fundo escolhido.
CNJ: fila de precatórios está sendo furada no Rio
Lançado para reduzir a fila dos precatórios, o programa de recuperação fiscal do Rio de Janeiro está no centro de uma polêmica entre a corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, e o governo fluminense. Como o programa permite que os devedores do estado quitem os débitos tributários com precatórios, o governo reduziu em R$ 51 milhões o total de recursos repassados este ano ao Tribunal de Justiça para o pagamento dos credores que esperam na fila, alguns há mais de dez anos. Para a ministra, a operação financeira representou, na prática, a quebra da ordem cronológica dos pagamentos.
Precatório é uma ordem do juiz à autoridade administrativa para que efetue pagamento em dinheiro a um credor, que pode ser desde uma empresa que não recebeu pelo serviço prestado a um aposentado contemplado com a correção do benefício, com sentença transitada em julgado. Eliana disse que não vê problemas na Lei 6.136, do ano passado, que franqueou o uso de precatórios na compensação de débitos inscritos em dívida ativa. Mas a ministra não concorda que essas compensações, que beneficiaram grandes devedores como a Refinaria de Manguinhos, sejam consideradas pelo governo fluminense como pagamento efetivo de precatórios, prejudicando os que aguardam a vez na fila.
–A Justiça não pode coonestar com a quebra da ordem e com a pessoalidade da negociação – lamentou a ministra.
Atrair negócios é apontado como pauta
O governo da Bahia informou que o governador Jacques Wagner segue rigorosamente o princípio da transparência e que estão disponíveis para todo cidadão as informações sobre qualquer viagem feita por ele. Por meio de sua assessoria de imprensa, Wagner comunicou que todas as viagens são feitas “exclusivamente com o interesse de atrair negócios à Bahia”.
– Ele não é um governador que viaja com um monte de gente. As comitivas dele são de, no máximo, duas ou três pessoas. Ele não vai deixar de viajar se surgirem oportunidades de investimentos para o estado – disse o chefe da assessoria de imprensa, Ipojucã Brito.
Como resultados das visitas do governador ao exterior, Brito citou a inauguração da primeira fábrica de aerogeradores da francesa Alstom na América Latina, no Polo Industrial de Camaçari, em 2011; o lançamento da pedra fundamental do Complexo Acrílico da Basf, também em Camaçari e a chegada ao Brasil na semana passada de cerca de mil veículos de uma montadora chinesa pelo Porto de Salvador.
A história de mora
Num safári na África, Collor convidou Ulysses para ser ministro das Relações Exteriores. Ele recusou.
Lei de Acesso mira políticas públicas
Em vigor desde o dia 16 deste mês, a Lei de Acesso à Informação pode ajudar a pôr fim a uma prática pouco transparente de governos e organismos internacionais: esconder, retardar ou divulgar só parcialmente estudos encomendados para avaliar políticas públicas. Pesquisadores consultados pelo GLOBO contam que é comum contratos com órgãos públicos serem assinados com cláusulas de sigilo. Para estudiosos da nova lei, a prática terá de ser revista, e eventuais termos de sigilo firmados antes da nova lei não valem mais.
Exemplo da falta de independência de pesquisadores contratados para avaliar políticas vem do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que até hoje não divulgou na íntegra a segunda rodada de avaliação de seu mais importante programa, o Bolsa Família. Os pesquisadores foram a campo em 2009 e acompanharam 11 mil famílias em 269 cidades, ao custo de US$ 2 milhões. Em agosto de 2010, dois meses antes das eleições, o ministério convocou a imprensa para apresentar resultados parciais, divulgando nota de quatro páginas e um comunicado que dizia que o programa “fazia a criança progredir na escola e ter vida mais saudável”. Desde então, nada mais foi publicado.
Cláusulas que impedem divulgação agora são ilegais
Consultor da Controladoria Geral da União (CGU) e do Banco Mundial para a implantação da nova Lei de Acesso, Fabiano Angélico diz que termos de sigilo que forem incluídos em estudos contratados a partir de agora, já com a nova lei em vigor, passariam a ser ilegais “e, se forem contratados assim, serão facilmente derrotados num tribunal” – salvo em casos excepcionais, diz o consultor, como pesquisas científicas sobre desenvolvimento de novos produtos, um novo medicamento que ainda não foi testado e que pode pôr em risco a saúde das pessoas, ou ainda pesquisas que podem colocar em risco a soberania do país.
Eurico Marcos Diniz de Santi, professor de Direito Tributário da FGV-SP e coordenador do Núcleo de Estudos Fiscais da instituição, onde tem estudado a nova Lei de Acesso para transparência fiscal, destaca que mesmo termos de sigilo criados antes da nova lei caem a partir dela. Para ele, apenas quando a avaliação da ação pública foi paga com dinheiro privado não precisa ser obrigatoriamente divulgada.
Em dez dias, 4.714 pedidos ao governo federal
Após o governo diagnosticar como positiva a operação do sistema de informações ao cidadão (SIC), começa um desafio maior: evitar divergências na interpretação dos órgãos públicos na análise dos pedidos de acesso à informação. Nos primeiros dez dias de funcionamento da lei, 4.714 demandas chegaram aos ministérios, autarquias e Palácio do Planalto, das quais 36% (1.710) já foram respondidas. Até quinta-feira à noite, 191 pedidos haviam sido negados.
Surpreendendo até mesmo a Controladoria Geral da União, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) é o órgão que até agora recebeu o maior número de pedidos por documentos. O Banco Central vem em segundo. Setores econômicos, como escritórios de advocacia e seguradoras, superam até a imprensa na hora de utilizar o instrumento legal de acesso à informação.
O chefe da CGU, ministro Jorge Hage, disse ao GLOBO que a maioria dos pedidos até agora apresentados se mostrou “bastante razoável”, e que uma operação de guerra foi montada para impedir que o sistema falhasse nos primeiros dias de operação.
Crise faz sonho da universidade virar pesadelo
O aumento de anuidades e a dificuldade de jovens em arrumar emprego, consequências da crise global, estão fazendo com que a universidade, porta para a ascensão social, se transforme em fonte de dívidas em países como a Espanha e os EUA.
O Brasil que não viaja de avião
Utilizados por 150 milhões de brasileiros, os transportes de média e longa distâncias por terra e por água recebem menos da metade da média mundial em investimentos governamentais. Viagens de ônibus, barco e trem, como o que liga Parauapebas (PA) a São Luís, são, na maioria das vezes, precárias e inseguras.
FOLHA DE S. PAULO
Mantega dá um mês para banco privado cortar juros
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu um mês de prazo para os bancos privados reduzirem suas taxas de juros em 30% a 40%. Ele disse que haverá fiscalização para evitar que as instituições financeiras compensem os juros menores aumentando as tarifas cobradas pelos serviços prestados aos clientes.
Mantega disse esperar que a redução atinja especialmente as taxas mais altas cobradas pelos bancos atualmente. No caso de empréstimos para compra de automóveis, ele reconhece ser impossível fazer um corte de 30%, porque os juros já são baixos.
“Em mais um mês, tudo isso tem que estar rodando”, afirmou Mantega, em entrevista à Folha e ao UOL. “Nossa intenção é ter um acompanhamento semanal dessa história. E eu vou cobrar.”
Segundo o Banco Central, os cinco maiores bancos cobram taxas de juros de até 54,11% ao ano no crédito pessoal para pessoa física, em média. Um corte de 40% reduziria a taxa para 32,46% ao ano. A seguir, trechos da entrevista feita na última quinta no Ministério da Fazenda.
Lula propôs troca de favor, diz ministro do STF
O ex-presidente Lula procurou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes para tentar adiar o julgamento do mensalão. Em troca da ajuda, Lula ofereceu, segundo reportagem da revista “Veja”, blindagem na CPI que investiga as relações de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários.
Mendes confirmou à Folha o encontro e o teor da conversa, revelada ontem, mas não quis dar detalhes. “Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente.”
O encontro aconteceu em 26 de abril no escritório de Nelson Jobim, ex-ministro de Lula e ex-integrante do STF.
O petista disse ao ministro, segundo a revista, que é “inconveniente” julgar o processo agora e chegou a fazer referências a uma viagem a Berlim em que Mendes se encontrou com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), hoje investigado por suas ligações com Cachoeira.
Membro do Ministério Público, Demóstenes era na época um dos interlocutores do Judiciário e de seus integrantes no Congresso.
Procurada pela Folha, a assessoria de Lula disse que não iria comentar o caso. À “Veja”, Jobim disse não ter escutado a conversa.
Mensalão deve ser julgado pelo STF em agosto
A ação penal do mensalão deve ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal a partir de agosto deste ano, mas o início depende do ministro Ricardo Lewandowski, responsável pela revisão do processo.
A expectativa é que ele libere o voto em junho. Na melhor das hipóteses, o julgamento poderia começar no final do próximo mês, com as defesas orais dos advogados, e ser retomado em agosto.
O inquérito sobre o caso foi aberto no STF em julho de 2005, desde então sob a relatoria do ministro Joaquim Barbosa. Em 2006, a Procuradoria-Geral da República encaminhou denúncia contra 40 pessoas, incluindo toda a ex-cúpula do PT.
Congressistas usam CPI para ter fama e cargo
Em seu primeiro mandato como senador, o presidente da CPI do Cachoeira, Vital do Rêgo (PMDB-PB), tem planos de sair da comissão para a presidência do Senado.
Ele foi adotado pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que planeja tornar o colega conhecido o suficiente para, no futuro, assumir o lugar de José Sarney (PMDB-AP) no comando da Casa.
Foi Renan quem indicou Rêgo para funções importantes que ele passou a ocupar: relator do projeto de distribuição dos royalties do petróleo, presidente da Comissão de Orçamento do Congresso, Corregedor do Senado (o responsável por investigar os colegas) e, por fim, presidente da CPI do Cachoeira.
A contratação de funcionária-fantasma em seu gabinete, revelada pela Folha, críticas sobre a condução dos trabalhos e alguns escorregões na CPI alertaram peemedebistas sobre os riscos do excesso de exposição de Rêgo.
Comissão da Verdade: Mortos na Ditadura pela esquerda são estimados em 120
Bancário, dona de casa, motorista de táxi, empresário, militares, incluindo um marinheiro britânico, um capitão americano e um major alemão. A lista de mortos por militantes da esquerda armada durante o regime militar (1964-1985) é variada.
Não existem estatísticas exatas, assim como não se tem números precisos dos esquerdistas mortos pelas forças governamentais.
As vítimas da esquerda são tradicionalmente aceitas como sendo 120 pessoas mortas, das quais 61 são militares e policiais e 59, civis.
Não há consenso sobre as vítimas da repressão. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência listou em 2007 356 casos reconhecidos. Estudo de familiares de mortos e desaparecidos aponta 426.
A lista mais completa das pessoas mortas pela esquerda armada está no site do grupo Terrorismo Nunca Mais (www.ternuma.com.br).
Ex-agentes da repressão ainda atuam na polícia
Ex-agentes da ditadura militar, Carlos Alberto Augusto e Dirceu Gravina trabalhavam sob as ordens do delegado Sérgio Fleury e do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, respectivamente. E ambos ainda estão na Polícia Civil paulista. A Comissão da Verdade de São Paulo pedirá o afastamento dos dois.
Painel: Petistas criticam defesa de Dirceu no mensalão
A linha de defesa de José Dirceu no mensalão incomodou advogados do “núcleo político” do processo. Ao sustentar que o ex-ministro não sabia dos empréstimos contraídos pelo PT junto aos bancos Rural e BMG, nem tinha ingerência sobre o partido ou nas nomeações no governo, Dirceu reforça o papel de José Genoino, Delúbio Soares e Silvio Pereira nessas questões.
“O presidente do PT, José Genoino, bem como os demais dirigentes partidários, Delúbio Soares e Silvio Pereira, exerciam a administração sem qualquer espécie de subordinação ao então ministro-chefe da Casa Civil”, dizem os advogados de Dirceu, nas alegações finais.
Poder: Rosane Collor vai lançar biografia com a sua versão da história
Rosane Collor vai lançar ainda este ano uma biografia com ingredientes que acredita ter potencial de best-seller.
Duas décadas depois do impeachment de Fernando Collor, a ex-primeira-dama pretende dar a sua versão de alguns dos acontecimentos mais surpreendentes da história recente do país. “Quero contar o meu lado, como me senti, como ele se sentiu, as mentiras, onde estava a vaidade”, disse ela, à Folha, no último dia 15, em Maceió.
Será o testemunho de uma ex-mulher desapontada com o homem e com o político. “Fernando foi o grande amor da minha vida e também a minha grande decepção.”
Os dois não se falam desde a saída de Collor de casa, há sete anos, quando teve início o divórcio litigioso.
Cármen Lúcia: Primeira mulher a presidir o TSE fala sobre a infância entre freiras
Dilma quer abrir ‘caixa-preta’ de montadoras e cortar lucros
Após a batalha da presidente Dilma Rousseff contra os juros dos bancos, o governo abrirá em breve outro front: quer que as montadoras de veículos no país abram as contas e margens de lucro.
O Executivo avalia que dá incentivos a um setor sem conhecer a real situação financeira das fabricantes. Por isso, deseja “sair do escuro” e, eventualmente, cobrar reduções mais agressivas de preços, sobretudo, quando houver incentivos federais, como os anunciados na segunda.
Por lei, companhias de capital fechado, a maioria do setor, não são obrigadas a divulgar seus balancetes.
Interlocutores de Dilma disseram à Folha que, após as medidas emergenciais para reduzir os estoques de carros, o próximo passo é atuar para, se for o caso, reduzir o “spread” das montadoras.
Trata-se de uma investida semelhante à do Planalto junto aos bancos, ação que teria rendido, conforme pesquisas extraoficiais de opinião, alguns pontos percentuais a mais na aprovação de Dilma.
O ESTADO DE S. PAULO
Mais de 14 milhões de famílias no País estão superendividadas
Quase um quarto das famílias se endividou mais do que deveria e foi obrigado a reduzir o padrão de vida ou a dar calote. Um estudo da consultoria MB Associados, com base na Pesquisa de Orçamento das Famílias (POF), do IBGE, mostra que 14,1 milhões de famílias comprometeram mais de 30% da renda mensal com dívidas.
Essa marca ultrapassa o limite saudável para o endividamento, pois 70% do orçamento vai para despesas básicas, como comida, habitação ou saúde, conforme mostra a POF. A maior parte dessas famílias superendividadas está na fatia menos favorecida da população: 5,8 milhões na classe C e 6,6 milhões nas classes D e E.
Na média, no entanto, o brasileiro comprometeu 26,2% da renda mensal com dívidas, diz o estudo da MB. Esse resultado é superior à média de 22% estimada pelo Banco Central, porque inclui gastos como crediário de loja sem parceria com banco e despesa à vista no cartão de crédito.
Na semana passada, o governo anunciou um pacote para estimular o consumo por meio do crédito, principalmente na compra de carros. Para José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB, o efeito do pacote será limitado pelo endividamento. “É um número grande de famílias que ultrapassaram o limite, por isso o nó no mercado de crédito.”
Nos últimos cinco anos, a expansão do crédito, com a entrada de novos consumidores, garantiu um crescimento robusto da economia. Mas, desde meados de 2011, o ritmo de concessão esfriou, à medida que a inadimplência crescia. Em abril, o calote atingiu o recorde de 7,6%.
Descontrole. Os consumidores deixaram de pagar as contas, apesar da menor taxa de desemprego da história. O economista da LCA, Wemerson França, diz que isso ocorreu porque eles comprometeram uma fatia maior da renda com dívidas. Com o corte de impostos na crise de 2008, os brasileiros compraram carro, casa, móveis e eletrônicos a prazo.
Apesar da lei, órgão público resiste a dar informações
Dez dias após a Lei de Acesso à Informação entrar em vigor, autoridades alojadas na Esplanada dos Ministérios recorrem a manobras e jogos de palavras para impedir a divulgação de dados públicos.
Mesmo com a ordem da presidente Dilma Rousseff de que a transparência é regra e a fiscalização da Controladoria-Geral da União (CGU), os ministérios têm negado informações, em especial de áreas sensíveis e que envolvam indícios de irregularidades nas pastas.
A tensão dentro do governo aumentou com negativas, respostas incompletas e falta de empenho de alguns órgãos no cumprimento da nova legislação. Dos 189 pedidos feitos pelo Estado, apenas 24 foram respondidos. Cinco foram negados. Parte das respostas está incompleta e três estão em grau de recurso.
A resistência no Executivo provocou manifestações da CGU. E-mail encaminhado pela diretora de Prevenção da Corrupção, Vânia Vieira, aos Serviços de Informações ao Cidadão (SICs) de órgãos e entidades federais indica os subterfúgios que algumas pastas estavam usando para não responder aos pedidos. “Não devemos confundir pedidos genéricos com pedidos complexos, extensos ou que exijam grande volume de informações ou levantamento e organização das informações”, censurou a representante do órgão de controle interno.
Vânia cobrou “boa vontade” dos órgãos, evitando ao máximo indeferir os pedidos sumária e totalmente. “Ressaltamos que é extremamente importante, sobretudo nestes momentos iniciais, que os pedidos sejam analisados com bastante atenção, evitando-se decisões apressadas ou sem a uniformidade desejável entre os diversos órgãos.”
CPI mista do Cachoeira vai custar R$ 200 mil
A CPMI do Cachoeira, criada para apurar as práticas criminosas desvendadas pelas operações Vegas e Monte Carlo, custará, pelo menos, R$ 200 mil. Os gastos, referentes a compra de passagens, hospedagens e diárias, foram colocados à disposição dos integrantes da comissão, palco até agora de acordo entre partidos e do silêncio de investigados.
Formada há cerca de um mês, a CPMI blindou governadores, resiste a quebrar os sigilos da construtora Delta e tomou o depoimento de apenas seis pessoas. Para alguns parlamentares, o trabalho da comissão pode ser inócuo diante da investigação já feita pela Polícia Federal.
“Há uma disputa entre PT e PSDB que está travando a investigação e varrendo todas as acusações para debaixo do tapete”, afirmou a senadora Kátia Abreu (PSD-TO). Na semana passada, ela disse na comissão que os parlamentares faziam “papel de bobos” ao insistirem no depoimento do contraventor Carlinhos Cachoeira, que se manteve calado.
Desde 2007, as Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito, que colocam sob os holofotes os deputados e senadores que as compõem, custaram ao Senado R$ 202.869,53, segundo a Secretaria de Finanças, Orçamento e Contabilidade da Casa, responsável por arcar com os custos.
Planalto dá aval a ‘Casa Civil’ paralela
Uma das maiores consultorias empresariais do mundo, a McKinsey & Company, ganhou acesso a dados produzidos por ministérios, submeteu servidores da Presidência a questionários sobre desempenho e vem atuando desde outubro do ano passado sob um manto de sigilo em duas salas do Palácio do Planalto. Tanto poder concentrado rendeu aos ocupantes das salas 101 e 103 do Anexo do Planalto o apelido de “Casa Civil do B”.
O objetivo da consultoria, contratada por um grupo de empresários, é sugerir ferramentas de avaliação e monitoramento de políticas públicas.
A atuação dos dez consultores destacados pela McKinsey para o trabalho reflete o estilo e ritmo que a presidente Dilma Rousseff tenta impor ao Executivo federal, segundo fontes palacianas. Por ordem da titular do Planalto, além da estrutura normal da Casa Civil, está em gestação um sistema de monitoramento em tempo real dos programas prioritários do governo.
Mas as opções de Dilma não seguem o protocolo. A McKinsey não foi escolhida por concorrência pública, nem sequer aparece no Diário Oficial da União: a consultoria faz parte de um acordo de cooperação técnica da Casa Civil com o Movimento Brasil Competitivo (MBC).
Estudo vê reeleição como desvantagem
Os cientistas políticos Ricardo Ceneviva e Thomas Brambor analisaram dados das eleições municipais de 1996, 2000, 2004 e 2008 e fizeram uma descoberta que contraria praticamente tudo o que já se escreveu sobre o instituto da reeleição: no caso dos prefeitos, o fato de estar no cargo durante a campanha mais atrapalha do que ajuda na busca pelos votos.
A conclusão é surpreendente porque a taxa de reeleição nas prefeituras é alta – chega a 62%, nas médias das três últimas disputas municipais. Mas não é correto relacionar diretamente esse índice a supostas vantagens inerentes ao exercício do cargo – maior visibilidade e “uso da máquina”, por exemplo. Obviamente, há outros fatores que influenciam o eleitorado.
Um prefeito que se reelege, é bom lembrar, já venceu uma eleição antes, e, portanto, já demonstrou ter vantagens em relação aos demais candidatos. Essas vantagens podem ser carisma, mais dinheiro na campanha, força do partido, entre outras.
PSB prefere PT em Minas e abala relação de Aécio com Campos
O PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que sempre operou em Minas Gerais como linha auxiliar do PSDB do senador Aécio Neves, mudou de direção política e caminha rumo ao PT. Isto, graças à influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que plantou seu ex-ministro Walfrido Mares Guia no comando do PSB mineiro, com a missão de afastar os socialistas dos tucanos e aproximá-los dos petistas.
A operação ainda está em curso, mas já abalou as relações política e pessoal de Aécio com o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), e segundo cálculos de dirigentes do PSB estadual ameaça destruir metade das parcerias seladas na disputa municipal de 2008. Isto sem falar no distanciamento entre Aécio e Eduardo Campos, hoje vistos como dois líderes políticos popstars e presidenciáveis de campos opostos – governo e oposição -, que podem se confrontar em 2014 ou 2018.
O clima é tenso entre as duas legendas e nem mesmo uma conversa reservada e a sós entre Aécio e Campos, uma semana atrás, em Recife, foi suficiente para reverter o distanciamento que vai além das montanhas de Minas. Que o diga o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que mantém socialistas no secretariado, mas já dá por perdida a aliança eleitoral para eleger o tucano José Serra prefeito da capital paulista.
Centenário que reflete o Brasil
De menino da roça a cidadão do mundo, a vida de Walther Moreira Salles (1912 -2001), que foi banqueiro, diplomata, ministro e mecenas, confunde-se com as mudanças do País no século 20,, relata Laura Greenhalgh.
Gasto de Kassab com publicidade cresce 89%
Estado lança aplicativo e site para eleições
CORREIO BRAZILIENSE
As regalias de Brunelli para se entregar
O ex-deputado distrital Júnior Brunelli, acusado de desviar R$ 1,7 milhão, dinheiro que beneficiaria idosos, pretende usar privilégios de advogado. OAB vai investigar sua conduta ética. Ele pode até perder o registro profissional.
A cobiça de Cachoeira pelas obras do Entorno
Gravações da Polícia Federal revelam a articulação do bicheiro para assumir o PAC nas cidades ao redor do Distrito Federal, um pacote de investimentos estimado em R$ 7 bilhões
Antes mesmo de ser oficialmente lançado, o chamado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Entorno já havia sido dividido em um consórcio de empresas em que a Delta Construções teria o comando do grupo. Dados das investigações da Polícia Federal cruzados com apurações da CPI criada para apurar a rede de influência de Carlinhos Cachoeira revelam que, além de o bicheiro pressionar políticos aliados para emplacar a Delta como líder do consórcio, o contraventor queria indicar obras para o projeto executivo do pacote de investimentos federais estimado em R$ 7 bilhões.
O ex-diretor da Delta Cláudio Abreu, em uma das escutas, explica a Cachoeira que o projeto para analisar a viabilidade de uma das obras custa aproximadamente R$ 4 milhões e pergunta ao bicheiro se ele fará parte do grupo. “Eu falei com o chefe (Fernando Cavendish) e ele falou assim, que era para você guardar esse dinheiro, era pra você aplicar lá no Entorno. Que o projeto lá vai exigir uns quatro milhões e meio. Ah, eu vou te adiantar, é porque está nós, você, a Galvão e a Odebrecht, né? Os cara tava querendo dividir os 25% seu em participação e nos íamos consultar você pra saber, você quer ficar é com a gente, né? (sic)”, questiona Cláudio Abreu.
R$ 8 bilhões: O preço do medo
O Distrito Federal gasta 5% do PIB com polícias, seguros, câmeras, vigilantes, cercas elétricas, blindagem de carros… Países como Japão e Canadá usam apenas 1% para manter essa estrutura. Técnicos do Ipea consideram esse tipo de despesa um desperdício: parte do dinheiro deveria ser aplicado para aumentar o bem-estar social, por exemplo.
Cofres do GDF
Disputa corporativa entre as duas categorias causou uma redução de R$ 80 milhões na arrecadação em novembro do ano passado, revela o secretário da Fazenda, Marcelo Piancastelli. Ele foi indicado pelo PMDB, mas garante: “Só presto conta ao governador”.
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