O GLOBO
Marconi Perillo quintuplica patrimônio e omite bens
Desde que assumiu o governo de Goiás pela primeira vez, em 1998, Marconi Perillo (PSDB) multiplicou por cinco seus bens declarados. De R$ 299,5 mil em 1998, saltou para R$ 1,503 milhão em 2010. Mas Marconi, que foi convocado para prestar depoimento na CPMI do caso Cachoeira, possui um patrimônio que vai além do que está escrito. Em pesquisas nos cartórios goianos, O GLOBO identificou pelo menos cinco imóveis que não constam das declarações entregues à Justiça Eleitoral. Um deles, adquirido em 7 de janeiro de 2008, é uma área de mais de um milhão de metros quadrados, que tem entre os compradores Marcelo Henrique Limiro Gonçalves, ex-sócio de Carlinhos Cachoeira na ICF, empresa que faz teste de medicamentos em Anápolis (GO).
O negócio está registrado no cartório de imóveis de Pirenópolis, cidade onde Perillo tem fazenda. A primeira-dama Valéria Jayme Peixoto Perillo juntou-se a um grupo de 12 pessoas e duas construtoras para adquirir um terreno denominado Chácara José Leite. A área, segundo os registros, foi adquirida por R$ 800 mil, pagos em duas parcelas. O nome de Perillo consta na escritura, mas quem assina é sua mulher. Eles detêm 22%, o que daria uma contribuição de R$ 176 mil na ocasião. Entre os demais sócios no empreendimento estão as empresas R. Diniz Construções e Construtora Central do Brasil. Marcelo Henrique é um grande empresário na cidade, ligado a Carlinhos Cachoeira. Ele também é sócio do senador Demóstenes Torres (sem partido) em uma universidade em Minas Gerais, e foi doador das campanhas do governador e do senador.
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Em 2010, segundo atestam documentos a que O GLOBO teve acesso, Marconi fez um negócio que, pelo que está registrado, foi quase um presente do irmão dele, Antonio Pires Perillo. Em 14 de maio de 1998, Antonio adquiriu uma área de 43,75 hectares em Pirenópolis por R$ 30 mil. E, 12 anos depois, em 24 de fevereiro de 2010, revendeu o imóvel para o governador por R$ 13 mil. Ao invés de valorizar, o terreno teria desvalorizado. A Prefeitura de Pirenópolis, porém, fixou em R$ 120 mil o valor venal da área para efeito de Imposto de Transmissão de Bens Intervivos (ITBI). A alíquota do imposto é de 2% — Marconi pagou R$ 2,4 mil.
O governador também omitiu de sua declaração o fato de ser coproprietário de um apartamento de 86,70 metros quadrados no edifício Jardins de Versailles. Ele foi adquirido em 20 de fevereiro de 2001 e, de acordo com o Cartório de Registro de Imóveis da 1 Circunscrição de Goiânia, 55% estão em nome de Marly Jayme Peixoto, sogra do governador. Os outros 45% são divididos entre Perillo e a mulher dele, Valéria. Na época, o imóvel custou R$ 49 mil. Hoje, está avaliado em cerca de R$ 300 mil.
Após um mês, CPI ainda em marcha lenta
Um mês depois de sua instalação, os integrantes da CPMI do bicheiro Carlinhos Cachoeira só agora prometem destravar as investigações e fazer o serviço que a Polícia Federal estava de mãos atadas para executar: a apuração do envolvimento entre pessoas com foro privilegiado e o grupo do contraventor. Até agora, porém, a CPI dispõe de pouca informação adicional àquela obtida nas investigações da Polícia Federal, no âmbito das Operações Vegas e Monte Carlo. Ou que chegou à comissão por meio das reportagens que pipocaram em jornais e revistas de todo o país ao longo dos últimos três meses.
Ao todo, já foram aprovados 321 requerimentos, e a CPI recebeu 125 documentos, entre ofícios e cópias de investigações. Mas, de informação sigilosa, de rastro do dinheiro, o que se tem até agora são cópias dos inquéritos da PF; os sigilos bancário, fiscal e telefônico de Carlinhos Cachoeira; e os relatórios de inteligência do Coaf — o órgão do Ministério da Fazenda que monitora transações suspeitas de crimes finaceiros —, referentes aos integrantes do grupo criminoso. Informações, de um modo geral, já trabalhadas pelos investigadores da Polícia Federal.
A oposição acredita que com a quebra do sigilo da matriz da Delta, aprovado apenas na última terça-feira, possa descobrir o rastro de contaminação do esquema nos governos federal e do estado do Rio de Janeiro. Já os governistas apostam nas contas das empresas de fachada e nas conversas fortuitas interceptadas pela PF para cercar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Mas, curiosamente, quando o assunto é investigação de parlamentares — alvo da CPI —, a apuração engatinha.
Crise pode tirar Cabral dos palanques eleitorais
Dias atrás, um político da Baixada Fluminense ligou para o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o convidou para a inauguração de uma unidade de ensino profissionalizante na região. Pelo alcance social do projeto, seria um discurso fácil, mas Cabral refutou. — Por enquanto, quero ficar quietinho — agradeceu.
A 10 dias do início das convenções que definirão os candidatos a prefeito dos municípios fluminenses, o gesto do governador fortaleceu uma convicção que prospera entre aliados: Cabral, cuja agenda pública minguou com a crise envolvendo a empreiteira Delta, será um eleitor discreto em outubro e praticamente não subirá em palanques.
Em lugares como Duque de Caxias e Nova Iguaçu, onde haverá disputa entre partidos da base governista, a ausência de Cabral era esperada antes mesmo da crise. Porém, até nos municípios onde os aliados marcharão juntos, como na capital, o governador deverá manter distância. Antecipando-se, o prefeito Eduardo Paes, candidato à reeleição, começou discretamente a mudar o eixo da campanha, que abandonou a bandeira da parceria município-estado-União para destacar obras de sua administração.
A inauguração de uma UPP no Complexo do Alemão evidenciou o ânimo do governador à exposição pública. Confrontado com uma pergunta sobre a CPI do Cachoeira, reagiu rispidamente, acusando o repórter de faltar com o respeito. Os aliados, que apostavam na força de Cabral para alavancar candidaturas, hoje estão inseguros de levá-lo aos palanques.
Sem Marta, PT lança candidatura de Haddad em São Paulo
A coordenação da campanha de Haddad contava com a participação de Marta, que deveria discursar. Ela não justificou a ausência. A senadora desistiu de se candidatar por pressão de Lula. Desde então, tem se mantido distante da campanha do ex-ministro da Educação. Ela chegou a afirmar que não adiantava um nome novo para o PT voltar a governar São Paulo. – Não sei – respondeu Haddad, quando perguntado sobre o motivo da ausência da senadora. Em seu discurso, o pré-candidato petista elogiou a gestão de Marta, na prefeitura de São Paulo, entre 2001 e 2004.
Serra é candidato desgastado, diz Lula
Já Dirceu, réu do mensalão, causou constrangimento com a sua presença. Ele chegou quando o evento já havia começado. Cumprimentou Haddad e Lula e se sentou na mesa principal O ex-deputado José Genoino, outro réu do mensalão, também participou do encontro petista, mas não se sentou à mesa. Ambos foram saudados no dircuso do atual presidente nacional do partido, Rui Falcão, como “ex-presidentes a quem o PT deve muito”. Lula e Haddad não mencionaram a presença de Dirceu e Genoino.
Na sua fala, Lula também não abordou a polêmica sobre o seu encontro com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes para supostamente pedir o adiamento do julgamento do mensalão O ex-presidente, porém, relembrou as denúncias envolvendo a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, no final de seu governo para atacar a imprensa. Na época, o filho de Erenice foi acusado de tráfico de influência, intermediando relações de empresários com o governo.
– (Erenice) foi execrada durante a campanha da Dilma, que deixou o governo acusada de tudo quanto é coisa e quando terminou a campanha o acusador dela de Campinas, na primeira audiência, retirou a acusação e a imprensa, que a massacrou, não teve coragem sequer de pedir desculpa à companheira, que não tinha cometido o crime que eles disseram.
Rio só recebe de volta 10% do que repassa à União
No ano passado, o Rio repassou, em forma de impostos e contribuições de pessoas físicas e empresas, R$ 141 bilhões para o governo federal. Em troca, recebeu de volta apenas R$ 14,7 bilhões em repasses constitucionais obrigatórios, investimentos e royalties do petróleo. É como se cada cidadão fluminense destinasse à União R$ 8.824 ao ano, mas recebesse de volta somente R$ 918, ou 10% do total. É o que revela um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
O estudo mostra que, considerando os repasses totais de cada estado para a União, Rio e São Paulo são os que mais transferem recursos para o governo federal. São também as unidades da Federação que, junto com o Distrito Federal, proporcionalmente menos recebem de volta. No caso de São Paulo, o valor dos repasses e investimentos da União representa apenas 4% do que foi transferido. Para o Distrito Federal, volta menos de 1%. Receitas da Previdência não foram consideradas.
Num momento em que o Congresso discute um novo rateio para o Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE, o dinheiro dos impostos federais que retorna para os estados) e os novos critérios de distribuição dos royalties do petróleo, o levantamento mostra ainda que Rio e São Paulo, juntos, são a fonte de 60% dos R$ 698 bilhões das receitas federais.
Pacote do governo vai reduzir tarifa de telefone
Depois da ofensiva contra os juros bancários, o governo agora trabalha em um pacote de medidas para reduzir os preços dos serviços de telefonia e ampliar a concorrência no setor de telecomunicações. Em entrevista ao GLOBO, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, detalhou algumas das medidas que já têm data para sair do papel e deverão incentivar o consumo desses serviços, a partir da redução de custos, contribuindo no esforço do governo para turbinar a economia. Um exemplo é a redução das áreas de interurbano, que tem tarifa mais cara, de DDD, de 4.200 para 67 no país.
Nos últimos dias, o ministro também cobrou aumento dos investimentos das empresas telefônicas no país.No Estado do Rio, por exemplo, onde hoje existe praticamente uma área para cada município, deverão restar apenas dois DDDs e, dentro dessas regiões, as tarifas serão cobradas como ligações locais. A mudança, prevista para setembro, vai significar uma diminuição de receita para as empresas, no país, de R$ 300 milhões ao ano, estima Paulo Bernardo, mas o ministro destacou que a perda será transitória e compensada no futuro com o provável aumento do consumo desses serviços.
— As empresas vão perder receita num primeiro momento, mas isso será compensado com o aumento do número de ligações. E o consumidor vai ganhar porque as chamadas para as cidades vizinhas ficarão mais baratas — destacou.
Outra arma que o governo está utilizando para reduzir os custos dos serviços de telefonia e telecomunicações em geral é obrigar as empresas a compartilharem suas redes, acirrando a competição, com reflexos positivos para os consumidores. A primeira regulamentação já foi aprovada para o funcionamento do que no jargão do setor chama-se “linha dedicada”.
Popó vence por nocaute no Uruguai
“Papai te ama”. Foi assim que Acelino Popó de Freitas comemorou com o filho Popozinho, de 6 anos, a vitória sobre o também brasileiro Michael Oliveira, na noite deste sábado, em Punta del Leste, no Uruguai. A 33 vitória do deputado baiano por nocaute foi conseguida aos 2m19s do nono e penúltimo assalto.— Popó estava dormindo, não estava morto. Realizei o sonho de meu filho, que nunca tinha me visto lutar — comemorou Popó, após abraçar o filho nas cordas do hotel Conrad Casino. — Me despeço dos ringues com vitória.
A despedida de Popó foi recheada de emoção, com o boxeador de 36 anos buscando o nocaute o tempo todo. Dos nove rounds, ele foi melhor em sete. Já Michael foi superior nos outros dois. O baiano começou a assegurar sua conquista no sétimo round, quando levou Michael a se agarrar em suas pernas para não ir à lona. No oitavo e nono assaltos, Popó aumentou a pressão e num cruzado levou o compatriota para o chão. O juiz nem abriu a contagem, dando a vitória para Popó.
— Perdi realizando um sonho. Tinha 13 anos quando vivi Popó lutar. Ele vai ser sempre o meu ídolo, um grande campeão. Aprendi com ele que a humildade pode te levar muito longe. Aprendi como ser campeão com esta derrota — disse Michael após a luta.
Longe dos ringues há cinco anos, Popó aceitou o desafio de enfrentar Michael após receber R$ 500 mil, oferecidos pelo pai de seu adversário, empresário na Floórida. O deputado baiano e tetracampeão mundial treinou bastente e não admitia ser derrotado por um jovem de 21 anos, que há dois é profissional e campeão latino.
FOLHA DE S.PAULO
Dilma quer acabar com aluguel de horário na TV
O governo federal prepara um pacote de medidas para fechar brechas da legislação de rádio e TV que permitiram o surgimento de um “mercado paralelo” ligado às concessões no país. A Folha teve acesso à última versão da minuta do decreto, que foi batizado pelo setor de “novo marco regulatório da radiodifusão”. Uma das mudanças de maior impacto é a proibição expressa do aluguel de canais e de horários da programação de rádio e TV.
A lei atual não proíbe a prática de forma explícita, o que permitiu o aumento de programas religiosos e exclusivamente comerciais, principais clientes desses horários. No fim de 2011, a Igreja Internacional da Graça de Deus, do missionário R.R. Soares, por exemplo, alugava duas horas e cinco minutos semanais na Bandeirantes. Na Rede TV!, o apóstolo Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, comprava cerca de dez horas e meia semanais. A rede de farmácias Ultrafarma ocupava quatro horas e meia com propagandas. Na TV Gazeta, o Polishop detinha dez horas semanais para anunciar seus produtos.
Os dados são do mais recente levantamento do Intervozes, organização que monitora a programação no país. Segundo a entidade, poucas são as emissoras que não entraram nesse negócio. Globo e SBT estão entre elas. A Record é um caso isolado porque seu fundador, Edir Macedo, também é o responsável pela Igreja Universal do Reino de Deus.
Novo marco impõe barreiras à concessão de canais a políticos
O novo marco não proíbe que políticos sejam sócios de emissoras de rádio e TV, mas cria dificuldades. De acordo com a proposta, quem tiver “poder de gestão ou de representação civil e jurídica da emissora” não poderá ter mandato eletivo, ocupar cargo ou função que lhe assegure foro especial.
Para evitar que a regra seja burlada com o uso de “laranjas”, o governo também quer alterar o processo de concessão das licenças para que o dono dela também seja o responsável pela prestação do serviço – como ocorre na telefonia.
O decreto determina que os interessados em obter uma licença depositem 5% do valor da outorga para participar de um leilão. O vencedor terá até dois meses para pagar o restante à vista, comprovando sua capacidade financeira de instalar e operar a emissora. Só então o contrato vai ao Congresso.
Por deputada, PCdoB decide abrir leque de alianças no RS
Do PSC de Ratinho Júnior ao PSD de Gilberto Kassab, o PC do B do Rio Grande do Sul costura uma ampla aliança para aumentar as chances da deputada federal Manuela D’Ávila nas eleições de outubro em Porto Alegre. Sem o PT, aliado tradicional que insiste em candidatura própria, os comunistas tentam atrair o PP, que no Estado tem um de seus diretórios mais fortes e conservadores, até com membros que defendem o regime militar.
A maior entusiasta da aliança no PP é a senadora Ana Amélia Lemos, que trabalha sua candidatura ao governo em 2014. A sigla organizará uma espécie de sabatina com o PC do B e o PDT, do prefeito José Fortunati, para definir a escolha.
Apesar de bem colocada nas pesquisas, Manuela precisa compensar as dificuldades de estrutura da sigla: o partido não tem vereadores na capital e conta com só um deputado na Assembleia.
Marta falta a festa de Haddad e irrita PT
Preterida na escolha do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, a senadora Marta Suplicy faltou ontem à festa de lançamento da campanha de Fernando Haddad e causou forte constrangimento à cúpula do partido. A atitude da ex-prefeita, que não deu explicação para sua ausência, irritou o ex-presidente Lula e o pré-candidato, que preparou discurso com elogios à gestão dela no município (2001-2004).
“Fiquei chateado, né? Todos nós gostaríamos que ela estivesse aqui”, disse Haddad. Questionado se Marta deu alguma justificativa, ele foi lacônico: “Não”. O presidente municipal do PT, vereador Antonio Donato, afirmou não ter sido avisado dos motivos da senadora: “Pergunta para ela”.
Marta confirmou presença, mas faltou sem avisar a ninguém e deixou o celular desligado, assim como seus assessores. A ausência inesperada levou petistas a cometer gafes em sequência.Num dos primeiros discursos, o senador Eduardo Suplicy, ex-marido da senadora, anunciou que ela chegaria “a qualquer momento”. O deputado Paulo Teixeira chegou a escrever no Twitter que ela estava no ato, mas logo se corrigiu: “Ops, errei! A Marta não está aqui! Rs”. Apesar do desconforto, os petistas se esforçaram para não melindrar a ex-prefeita. Ela foi elogiada em quatro discursos, inclusive nos de Lula e do pré-candidato.
Ao lado de Dirceu, ex-presidente sai em defesa de Erenice Guerra
Em discurso na festa de Fernando Haddad, o ex-presidente Lula defendeu sua ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, afastada em 2010, durante a campanha de Dilma Rousseff ao Planalto. Ela perdeu o cargo sob a acusação de que seu filho Israel fazia lobby no governo. Lula disse que Erenice foi “execrada, acusada de tudo quanto é coisa” na época. “Quando terminou a campanha, o acusador em Campinas retirou a acusação na primeira audiência e a imprensa, que a massacrou, não teve coragem sequer de pedir desculpas à companheira Erenice”, disse Lula.
O inquérito da Polícia Federal que investiga a suposta prática de tráfico de influência ainda não foi concluído, mas a ex-ministra foi censurada pela Comissão de Ética Pública por ter conduta não condizente com o cargo. A CGU (Controladoria-Geral da União) apontou irregularidades “graves” em três dos nove casos investigados. Entre elas, sobrepreço em serviços prestados aos Correios pela MTA Linhas Aéreas, que contratou o filho de Erenice. Ela e os outros envolvidos no caso negam irregularidades.
Com Rio+20, Paes começa campanha para reeleição
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), tem dito não querer protagonismo durante a conferência ambiental Rio+20, mas reservou medidas de impacto para a semana que antecede o início da programação do evento. Pré-candidato à reeleição, ele inaugura na quarta o primeiro dos quatro corredores exclusivos de ônibus (BRTs) planejados em sua gestão.
Também fecha hoje o aterro sanitário de Gramacho – chamado por ele de “o maior crime ambiental do Rio” –, em Duque de Caxias, promessa de campanha. Todos projetos antigos da cidade.
Muito além da agenda verde que pretende mostrar, Paes busca como marca para seu primeiro mandato a retirada de projetos há décadas nas gavetas municipais, principalmente nos transportes. Mas suas principais obras não estarão concluídas. As outras três obras viárias e o projeto de revitalização do porto acabam em 2015.
PIB fraco mostra efeito prolongado da crise
Quase quatro anos depois, caiu em desuso a tese celebrizada pelo ex-presidente Lula de que a crise econômica mundial teria no Brasil o efeito de uma “marolinha”. Na retomada vigorosa do ano eleitoral de 2010, a retórica do Planalto ainda podia sustentar, sem ser desmentida pelos resultados, que o país reunia condições especiais para escapar dos efeitos da turbulência global.
Já os dados do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre, divulgados anteontem, evidenciam que o impacto pode não ter sido tão agudo como se temia, mas é mais duradouro do que se acreditava – e não está entre os menores nem entre os maiores sofridos pelas economias emergentes.
Ex-marido conta ao “TV Folha” sua história com Dilma
O “TV Folha” deste domingo – que vai ao ar na TV Cultura às 20h, com reprise à meia-noite – traz uma entrevista exclusiva com Carlos Araújo, ex-marido da presidente Dilma Rousseff. Araújo viveu com ela por quase 30 anos. Juntos, os dois foram guerrilheiros, presos e torturados. Da relação, nasceram uma filha, um neto e uma amizade que já dura mais de 40 anos. Ele fala de sua história com a primeira mulher a presidir o Brasil a Mônica Bergamo.
Egito condena Mubarak à prisão perpétua
Quase um ano e meio após ser deposto em meio a protestos populares no Egito, o ditador Hosni Mubarak foi sentenciado ontem à prisão perpétua por conivência nas mortes de mais de 800 manifestantes durante a revolta. Mubarak, 84, é o primeiro ditador levado em pessoa a um julgamento desde o início da Primavera Árabe, a onda de levantes deflagrada na região no fim de 2010. Internado em prisão domiciliar num hospital perto do Cairo desde o início do julgamento, em agosto, Mubarak foi absolvido das outras duas acusações que enfrentava, corrupção e enriquecimento ilícito, pois o juiz entendeu que os crimes prescreveram.
Pelo mesmo motivo, os dois filhos de Mubarak, Gamal e Alaa, também foram absolvidos de acusações semelhantes. Ambos, porém, permanecem detidos porque estão sendo processados num caso de manipulação do mercado de ações. Responsável pelo aparato de segurança na época da revolta, o ex-ministro do Interior Habib al Adli também foi condenado à prisão perpétua.
Aguardado com enorme expectativa no Egito e em todo o mundo árabe, o anúncio do veredicto foi acompanhado em transmissão ao vivo pela TV e por centenas de pessoas em frente à academia de polícia do Cairo, onde ocorreu o julgamento. Embora a Promotoria tivesse pedido pena de morte para o ditador, o anúncio da sentença inicialmente foi motivo de comemoração entre parentes das vítimas, muitas com fotos dos mortos.
O ESTADO DE S. PAULO
Supremo monta blindagem para evitar atrasos em julgamento do mensalão
O surgimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no radar do julgamento do mensalão alertou para um movimento subterrâneo detectado pelo Supremo Tribunal Federal (STF): manobras projetadas para embaraçar o processo e jogar a sentença final para depois das eleições.
Diante disso, o presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, prepara em conjunto com os colegas alguns antídotos para anular estratégias que podem ser usadas pelos advogados dos réus do mensalão para retardar o julgamento do processo. Com 38 réus a serem julgados e número ainda maior de advogados envolvidos com o caso, os ministros sabem que todos os subterfúgios legais e chicanas poderão ser usados nas sessões de julgamento.
Britto pediu à Defensoria Pública que preparasse de cinco a sete defensores para que fiquem de sobreaviso. Eles serão sacados para atuar no julgamento caso algum dos advogados peça adiamento da sessão por estar doente ou se algum dos réus convenientemente destituir seu advogado e pedir prazo para contratar um novo defensor.
Construtora Delta ainda arremata contratos públicos
A crise de confiança apontada pela holding J&F para cancelar a compra da Delta Construções não impediu que a empreiteira ganhasse novas licitações e aditivos em obras por todo o País no mês de maio. Mesmo com um diretor preso, outro foragido, os dois principais executivos afastados, os sigilos fiscal, bancário e telefônico quebrados pela CPI e sob a ameaça de ser considerada inidônea pela Controladoria-Geral da União (CGU), a empresa de Fernando Cavendish ampliou seu faturamento no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e na Prefeitura do Rio de Janeiro nos últimos 30 dias.
A superintendência do Dnit em Mato Grosso do Sul foi mais longe. No dia 16, homologou o resultado da concorrência n.º 276/2011-19, vencida pela Delta, cujo valor é de R$ 30,9 milhões. O edital estabelece execução de obras de revitalização em trechos das rodovias BR-163, BR-267 e BR-463, mas ainda não há data prevista para o início das empreitadas. O processo de licitação foi iniciado em janeiro e o preço inicial era de R$ 35,4 milhões.
A Delta ainda faturou novas verbas para obras do Dnit em andamento em outros cinco Estados no mês passado. Anteontem, o Diário Oficial da União publicou extrato com o quinto termo aditivo em favor da empreiteira para a conservação e recuperação da BR-242. Com valor inicial de R$ 4,4 milhões, o serviço contratado pela Superintendência do Dnit na Bahia em 2008 já rendeu R$ 5,4 milhões à construtora – segundo o Portal da Transparência, do governo federal. Os demais aditivos publicados nos últimos 30 dias foram destinados para obras da Delta no Espírito Santo, Pará, Piauí e Tocantins.
Base do governo na Câmara Federal põe ‘traição’ na conta de ruralistas
Temidas por presidentes, as bancadas temáticas são o bicho-papão do Congresso. Creditam-se à mais famosa delas, a ruralista, três derrotas do governo Dilma Rousseff na Câmara durante a votação do Código Florestal. Mas o Basômetro mostra que as frentes se escondem no próprio mito e ameaçam o governante de plantão em raras ocasiões, só quando ele ensaia ir contra os seus interesses fundamentais. Em regra, as frentes são mais eficientes nos bastidores do Congresso do que no plenário.
As taxas de governismo das frentes ruralista (75%), evangélica (79%) e ambientalista (78%) pouco diferem da média geral da Câmara, que é de 78%. No Senado, seus integrantes são ainda mais governistas do que os outros senadores.O Basômetro (http://estadaodados.herokuapp.com/basometro) é uma ferramenta online que permite medir o grau de governismo dos parlamentares. As análises podem ser feitas por deputado ou senador, por partido, por Estado e, desde ontem, por bancadas temáticas.
Serra não vai cair na armadilha de Lula, diz coordenador de campanha
Tanto a assessoria quanto o chefe da coordenação de campanha do tucano José Serra, Edson Aparecido, informaram neste sábado, 2, que o ex-governador não reagirá às ofensivas feitas por Lula. O ex-presidente voltou a dirigir críticas ao PSDB pela segunda vez na semana, agora mais agressivas e diretas a Serra. Durante a homologação da candidatura do petista Fernando Haddad, Lula referiu-se ao tucano como candidato desgastado, embora sem citá-lo. “O Lula quer chamar Serra para o debate. Ele não é candidato. Nós não vamos cair nesta armadilha”, declarou Aparecido.
CORREIO BRAZILIENSE
“O povo vai se decepcionar”, diz Romário sobre CPI do Cachoeira
Da mesma maneira como “vestiu à vera” as camisas dos times e da Seleção Brasileira, o deputado Romário (PSB-RJ) resolveu assumir oficialmente o figurino de político. Admite que até acostumou com o terno, algo impensável para alguém conhecido pelas chuteiras, meiões ou sandálias de dedo. Mantém, contudo, a língua afiada e critica a CPI mista do Cachoeira: “Mais uma vez, o povo vai se decepcionar, com certeza”, disse, em entrevista exclusiva ao Correio.
Durante papo de quase 45 minutos (um tempo inteiro de futebol fora os acréscimos), reclamou que não tem espaço no PSB — “a minha relação com eles é zero” — jurou que está apaixonado por Brasília — “você pode até não acreditar porque às vezes eu também não acredito nas pessoas” —, mas mantém ressalvas quanto às baladas sertanejas: “Estou acostumando, não me dói tanto quanto no início”.
Apesar de aparecer em terceiro lugar em uma pesquisa avulsa para a prefeitura do Rio de Janeiro, afirma que ainda não pensa em política pós-2014. Disse que a grande motivação para candidatar-se foi o nascimento de sua filha, Ivy, portadora da síndrome de Down. E avisou: “Eu penso em lutar muito nestes últimos dois anos por essas causas que eu acredito”. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.
Operação Monte Carlo mostra que empresas fantasmas pagavam campanhas
À medida em que o mapa do caminho do dinheiro da quadrilha de Carlinhos Cachoeira é desvendado, relações entre as contas bancárias dos comparsas dos bicheiros, empresas fantasmas e caixas eleitorais ganham evidência. Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou grande volume de saques em dinheiro vivo às vésperas da eleição de 2010. A quebra do sigilo bancário do ex-diretor da Delta Cláudio Abreu mostra que três dias antes do segundo turno, o empresário recebeu duas transferências, no valor total de R$ 600 mil, do CNPJ da Construtora Rio Tocantins (CRT), firma registrada em nome de Rossine Guimarães, sócio de Cachoeira.
Após receber as transferências, Cláudio Abreu repassou R$ 275 mil para um dos donos da Ginga Rara, empresa de publicidade que recebeu R$ 5,1 milhões em contratos com o governo de Tocantins. Ainda no fim de outubro, outros R$ 300 mil foram sacados em espécie pelo ex-diretor da Delta em uma agência de Catalão (GO).