Um dos fundadores do PT e primeiro senador eleito pelo partido, Eduardo Suplicy (PT-SP) queixou-se do ex-presidente Lula, por meio de carta a ele endereçada, por não ter sido incluído entre os pré-candidatos do partido para a Prefeitura de São Paulo, no pleito municipal do próximo ano, recebidos por Lula para uma conversa na última segunda-feira (22). Nos últimos dias, Lula tem acompanhado o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, em compromissos partidários em São Paulo, em uma espécie de experimento pré-eleitoral junto à legenda. No início da semana, graças à investida de Lula na candidatura Haddad, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) divulgou nota por meio da qual, em nome da amizade com o ex-presidente, oficializa a desistência da disputa.
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“Na última segunda-feira (22), os quatro dos cinco pré-candidatos do PT a prefeito de São Paulo foram recebidos por você. Você está consciente que há cinco pré-candidatos, inclusive eu, que foram convidados a dialogar com todos os filiados e moradores dos 36 Diretórios Zonais de São Paulo, entre agosto e outubro. Por alguma razão não explicada a mim, você preferiu não me convidar para dialogar”, diz trecho do lamento de Suplicy (veja a íntegra da carta abaixo).
Na carta, Suplicy lembra ter sido o mais votado para o Senado nos 31 anos de história do PT, e menciona os “51,37% dos votos” a ele conferidos nas eleições de 2006. O senador petista tem mandato até 2014 naquela Casa.
“Naturalmente, os meus eleitores me perguntam por que o presidente Lula não quer conversar comigo, em que pese ter uma história de colaboração leal aos objetivos e anseios maiores de nosso partido desde 10 de fevereiro de 1980”, acrescenta o senador, ressalvando que apoiará o candidato do partido para as eleições municipais, seja qual for o escolhido, defendendo a realização de prévias partidárias para a definição do nome.
Suplicy anexa à carta um documento que teria o conteúdo de palestra a ser ministrada por ele, hoje (quinta, 25), sobre “Perspectivas de Integração da América Latina”, na Universidade de Direito de Buenos Aires.
Confira a íntegra da carta tal qual ela foi redigida:
“Caro Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Ainda no primeiro semestre de 2011, transmiti-lhe que gostaria de fazer uma visita para conversarmos sobre diversos assuntos, dentre os quais a sua interação com os países da África. Em novembro de 2010, fiz uma palestra em Cartum para todos os ministros de desenvolvimento social da África, em que expus os avanços obtidos por seu governo com os programas sociais, em especial o Bolsa-família, e a perspectiva da Renda Básica de Cidadania – RBC. Na ocasião, foi muito bem recebida a informação de que você iria se dedicar a levar a experiência brasileira para a África. Em fevereiro último visitei uma vila de mil habitantes, Ojtivero, na Namíbia, onde há três anos se desenvolve uma experiência pioneira da RBC. Conversei no mês passado com a Clara Ant que gostaria de marcar o dia da visita. Ela informou-me que sua agenda estava lotada, com muitas viagens, e pediu para esperar o mês seguinte, agosto, que já está terminando.
Na última segunda-feira (22), os quatro dos cinco pré-candidatos do PT a Prefeito de São Paulo foram recebidos por você. Você está consciente que há cinco pré-candidatos, inclusive eu, que foram convidados a dialogar com todos os filiados e moradores dos 36 Diretórios Zonais de São Paulo, entre agosto e outubro. Por alguma razão não explicada a mim, preferiu não me convidar para dialogar, muito embora saiba que, de todos os nomes do PT ao longo dos nossos 31 anos, o que teve maior proporção de votos, no município de São Paulo, na última eleição para o Senado em 2006, tenha sido eu com 51,37% dos votos. Naturalmente os meus eleitores me perguntam por que o Presidente Lula não quer conversar comigo, em que pese ter uma história de colaboração leal aos objetivos e anseios maiores de nosso partido desde 10 de fevereiro de 1980.
Realizo hoje uma palestra no Seminário sobre as Perspectivas de Integração da América Latina na Universidade de Direito de Buenos Aires. Encaminho-lhe, em anexo, cópia de minha palestra intitulada ‘O Melhor Programa de Transferência de Renda para as Economias Modernas’.
Nesse trabalho, como poderá notar, conclamo as grandes metrópoles da América Latina como Buenos Aires, São Paulo, Montevidéu, Assunção e Cidade do México a realizarem experiências pioneiras da RBC. Em meus diálogos com a militância do PT e com meus colegas pré-candidatos a prefeito de SP tenho falado sobre esse tema, que felizmente tem sido muito bem acolhido.
Como é de seu conhecimento, acho que o PT dá um exemplo de democracia quando realiza prévias para a escolha de seu candidato. É meu compromisso, já expresso nas reuniões do partido, apoiar com entusiasmo aquela pessoa que se consagrar vencedora.
O abraço sempre amigo.
Eduardo Suplicy”
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