O livro “Memórias de uma guerra suja”, com o depoimento do ex-delegado do Dops Cláudio Guerra aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros mostra um homem disposto a, ao menos, consertar o mal que fez em seu passado. Nele, o hoje pastor evangélico de 72 anos simplesmente confessa ter matado ao menos cinco militantes de esquerda, dentre elas o comunista Nestor Veras, e colocado no incinerador de uma usina outros 12 corpos de assassinados durante a ditadura militar.
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Cláudio Guerra diz querer se confessar às pessoas por ordem do Evangelho. “Deus me transformou”, afirmou ele aos autores do livro. Apesar disso, não busca ser perdoado pelas famílias que feriu. “O que eu fiz não tem perdão.”
Perdoado ou não, é fato que ele indica onde matou, onde enterrou e onde incinerou corpos de militantes de esquerda que assassinou entre 1972 e 1975. E oferece-se para ajudar as autoridades a localizar os restos mortais e, ainda, jogar luzes para um período opaco na história do Brasil.
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Matar ou morrer?
Uma apresentação sobre o livro narra que Guerra ingressou no Exército aos 18 anos com um duro desafio. Perguntaram a ele: “Aqui só existem dois tipos de homens – os que matam e os que morrem. Qual a sua escolha?”.
Em 1970, virou escrivão de polícia na Superintendência de Polícia Civil. “Já era um exímio matador nas lutas rurais”, contam Netto e Medeiros. A repressão à esquerda começou em 1972. Cinco anos depois, era delegado da Delegacia de Ordem Política e Social (Dops).
Uma carteirinha do Departamento Geral de Investigações Especiais (DGIE) permitia a Guerra trânsito livre nas repartições do Serviço Nacional de Informações (SNI).
Na quarta-feira (30), às 19h, o livro dos jornalistas será lançado em Brasília, no Centro Cultural Banco do Brasil. Saiba mais nesta apresentação preparada pelos editores
Vídeo: Ex-agente da ditadura mostra onde matou militante torturado
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