Um ano e oito meses depois de terem sido impedidos de voar, os aviões Boeing 737 Max foram autorizados pela Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês) a retomarem as operações. O trabalho de reengenharia da aeronave foi um trabalho multinacional, envolvendo técnicos da Europa e do Canadá. Única representante do hemisfério sul, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também enviou técnicos para a revisão geral das aeronaves, comprovando o alto nível técnico dos servidores responsáveis pela aviação brasileira.
Segundo a agência, vinte profissionais do seu corpo técnico estiveram em colaboração com as autoridades norte-americanas no processo. Engenheiros e pilotos da Anac ajudaram a redesenhar os sistemas que garantiriam que o avião voe seguramente. Dez países diferentes participaram da revisão, totalizando 391 mil horas de engenharia.
O avião teve todos os seus voos suspensos em 13 março de 2019, após dois acidentes ocorridos em um período de cinco meses apontaram para falhas no sistema de controle da aeronave: em outubro de 2018, uma aeronave caiu no mar perto de Jacarta, na Indonésia, matando 189 pessoas; em março de 2019, uma aeronave da Ethiopian Airlines caiu perto da capital etíope, Addis Ababa, pouco depois da decolagem. Mais de 400 aviões seguiam parados aguardando que seus sistemas fossem revistos.
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A Anac afirmou que reconhece a diretriz da FAA para o retorno da aeronave, mas que trabalha em ajustes finais para permitir que Boeing 737- 8 MAX volte a operar no Brasil. Entre as companhias aéreas brasileiras, apenas a GOL operava com o 737 Max em rotas nacionais, e é incerto se a companhia voltará a operar tais aeronaves, em um mercado aéreo redesenhado por completo depois da pandemia de covid-19.
A cooperação internacional a qual a Anac fez parte aponta a importância da agência no cenário de regulação da aviação civil não apenas no território nacional, mas também como ator influente em outros lugares do mundo. A regulação de aviação civil eficaz só ocorre quando há uma carreira sólida cuidando deste tema dentro do Estado.
O diretor-presidente-substituto da Anac, Rafael Botelho, apontou que a Anac agiu junto a órgãos internacionais, mas que manterá sua autonomia ao definir quando o Max voltará a voar no Brasil. “Este esforço é exemplo de cooperação entre autoridades da aviação civil, apenas alguns países têm experiência para certificar um sistema tão complexo. No entanto, a Anac trabalha com avaliações independentes para assegurar que todos os requisitos necessários serão atendidos no retorno seguro das operações dessas aeronaves no Brasil”, disse.
Vinculada ao Ministério da Infraestrutura, a Anac tem 1.441 servidores civis, sendo que 70% estão em cargos e 25% em vínculo de função. Cabem aos servidores da Anac zelar pela segurança de um mercado com mais de 22.400 aeronaves, e 2.500 aeródromos – o segundo maior número de pistas no mundo. O papel da agência e de seus servidores na retomada do 737 Max indica a necessidade de um contínuo investimento nas carreiras típicas em âmbito nacional.
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