“Estamos vivendo uma nova evasão de cérebros, fundamentais para qualquer projeto de reconstrução do País”, afirmou um ex-ministro da educação, recentemente. A frase do político foi proferida durante um evento ocorrido em Brasília na segunda semana de julho, enquanto ele falava sobre o desfinanciamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e das universidades federais brasileiras.
Contudo, como informam os especialistas da Dataprev e do Serpro, essa evasão não ocorre apenas durante o ensino superior. “Há casos de pessoas que receberam ainda mais investimentos do Estado durante longos anos, mas não tem como desenvolver seu potencial no Brasil de hoje”, afirma um deles.
Esse especialista se refere à privatização e ao sucateamento das empresas públicas de tecnologia do País, tais como as já citadas Dataprev e Serpro, mas também a Ceitec, por exemplo. Esta última, em processo de liquidação parado desde setembro de 2021 por decisão do Tribunal de Contas da União (TCU).
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De acordo com um funcionário do Serpro, que prefere não se identificar, com a popularização do home office após a pandemia, as empresas estrangeiras estão levando os ‘cérebros’ e muitas vezes deixando os ‘corpos’ dos brasileiros em solo nacional. Eles contratam os profissionais brasileiros remotamente, pagam em dólar ou euro e fazem com que todo o investimento feito pelo Estado na formação acadêmica e, muitas vezes profissional, do indivíduo se perca: “Os especialistas passam a trabalhar para a iniciativa privada, criando soluções e gerando riquezas que ficam fora das nossas fronteiras”, lamenta.
“Para o indivíduo, pode ser uma grande oportunidade, já que ele não precisará sofrer com o ônus de desenvolver uma carreira no estrangeiro, como ficar longe da família e amigos, além da mudança de clima e cultura”, afirma.
Porém, enquanto o indivíduo ganha, o Brasil perde.
O mesmo funcionário afirma que se o calendário de privatização do Serpro tivesse se mantido – atualmente os estudos para a desestatização da empresa pública irão até o final de 2022 e a possível privatização ocorrerá a partir de 2023 – teria aderido a um dos empregos oferecidos no exterior.
“Eu não iria esperar a gente (o Serpro e seus funcionários) ser leiloado para uma empresa estrangeira para depois virem com propostas indecentes de redução de salários para manutenção do emprego”, desabafa. Ele relata que só não saiu ainda porque está aguardando o desfecho da situação.
Para que o Brasil retenha seus talentos, e, como afirmou o ex-ministro, os utilize para reconstruir a economia e o País, é necessário não só que Dataprev e Serpro mantenham-se como empresas públicas, mas também que recebam investimentos que garantam a valorização dos trabalhadores e do trabalho que prestam ao País e aos brasileiros.
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Muitas pessoas preparadas , com currículos brilhantes, não foram convocados para gerir órgãos do governo, pois o PT colocava em cargos de direção, pessoas advinda de Associação ou Sindicatos, que não entendiam nada de administração de empresas mas, queriam somente o poder e um contra cheque gordo. O País teve um atraso gigantesco.