Renata Vilela e Paulo de Tarso Gregorio Pereira*
A onda de desestatizações promovida pelo governo federal pode deixar o Brasil à mercê de apagões. Mas engana-se quem acredita que estamos falando apenas de eletricidade. O apagão de dados pode se tornar uma realidade como a que afetou o estado do Amapá em novembro de 2020.
O apagão registrado no estado envolveu uma empresa privada que não fez a manutenção correta e, acordada com o governo, em equipamentos de backup para o fornecimento de energia elétrica. Assim, uma fatalidade – a queda de um raio – no equipamento principal de distribuição de energia, acabou deixando mais de 800 mil habitantes do estado na escuridão.
Vale ressaltar que a crise que assolou o estado por quase um mês só foi corrigida depois que a Eletrobras, por meio de sua subsidiária Eletronorte, interveio na manutenção dos equipamentos.
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Transpondo essa situação para a área da tecnologia da informação pode-se ter uma breve noção dos prejuízos a que todos os brasileiros estariam expostos. Com a desestatização da Dataprev e do Serpro, os dados pessoais de toda a população estariam em risco. Mas não só eles, dados de empresas e até dados do Estado.
Como vimos no Amapá, a prioridade das empresas privadas não é o bem estar da população, e sim a maximização de seus lucros. Com a desestatização da Dataprev e do Serpro, quem poderia solucionar um apagão de tecnologia da informação no Brasil?
O fato não seria inédito. Em 1999, a Datamec – empresa pública de tecnologia da informação ligada ao antigo Ministério do Trabalho – foi privatizada. A partir de 2003, a Unisys – empresa que comprou a Datamec – passou a ameaçar o governo com a paralisação de serviços essenciais ao Brasil. Após idas e vindas na Justiça, a estatal foi extinta e quem passou a prestar o serviço foi a Dataprev.
Isso traz à tona a questão: o que teria acontecido, tanto no Amapá, quanto no caso da Datamec, se não houvesse uma empresa estatal forte para recuperar as perdas e manter os serviços essenciais?
É preciso aprender com os erros passados para governar com responsabilidade. Principalmente quando vivemos no mundo uma onda de reestatização de serviços públicos.
Não é um exercício de futurologia pensar no que ocorreria se uma empresa privada resolvesse não processar a aposentadoria de dezenas de milhões de brasileiros por querer aumentar o preço do seu serviço. Ou então, que uma empresa privada possa apagar dados de seu concorrente para atrapalhar seu próprio negócio. Basta recorrer ao passado e ao presente para observar o risco que o País, e a população, correm com a desestatização da Dataprev e do Serpro.
*Renata Vilela, jornalista, escreve especialmente para a Campanha Salve Seus Dados; Paulo de Tarso Gregorio Pereira é analista de sistemas na Dataprev , cientista da Computação pela UECE com MBA em Gerência de Projetos pela FGV.
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O apagão de Macapá foi um caso isolado e utilizá-lo como referência não passa DE TERRORISMO PSICOLOGICO BARATO com a população.
São Paulo está privatizado e não sofre apagões como o de Macapá.
Reestatização é ineficiente e desnecessário, e não significa que será bom para o país e atualmente somente a defende quem deseja manter privilégios politicos-sindicais.
Esse apagão de ontem deve ser por culpa da Eletrobras que foi privatizada.