Um dos alimentos mais comuns na mesa do brasileiro, o pão de forma, esconde em sua fórmula alto teor alcoólico que pode ser prejudicial à saúde. A presença da substância deriva do processo de fermentação, no qual açúcares são transformados em álcool etílico e gás carbônico. Isso devido ao uso excessivo de anti-mofo. As embalagens dos pães não contém informações sobre a existência de álcool na fórmula.
Mesmo que o álcool evapore quando o pão de forma é assado, um estudo realizado pela PROTESTE | Euroconsumers-Brasil, Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, revela que alguns produtos disponíveis no mercado atingem teores alcoólicos preocupantes. Muitas vezes, ultrapassando o teor máximo de álcool de 0,5%, o que caracteriza um produto alcoólico (se comparado a bebidas).
O pão de forma é um produto altamente perecível em razão da alta quantidade de água, o que o deixa vulnerável à proliferação de microrganismos e fungos. Por esse motivo, é comum ocorrer perda de fornadas devido a contaminação microbiológica são utilizados conservantes, como o anti-mofo para manter a conservação do produto dentro do prazo de validade. Esses conservantes são diluídos em álcool e borrifados no produto pronto. Caso exista um abuso na quantidade de antimofo, o álcool não evapora, o que resulta em um pão de forma com teor alcoólico elevado.
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Além disso, a pesquisa da Proteste demonstra que de dez marcas analisadas, apenas quatro obtiveram taxa de etanol inferior a 0,5%. Por este motivo, a associação defende que deve haver uma advertência alcoólica nas embalagens de pão de forma.
Como ainda não há regulação para este tema, a PROTESTE | Euroconsumers-Brasil enviou um ofício com os resultados do teste para o Ministério da Agricultura (MAPA) e para Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O objetivo é alertar aos órgãos reguladores sobre os riscos à saúde dos consumidores que podem ser ocasionados pela presença de percentuais de etanol que chegam a 3,37%.
“Temos a certeza de que esses produtos com elevado teor alcoólico (para a categoria pão de forma) seriam evitados por numerosos consumidores. Seja por motivos de saúde, orientação religiosa e outros, se fosse de seu conhecimento o que pudemos constatar com rigoroso teste realizado em laboratório devidamente acreditado, envolvendo amostras das principais marcas vendidas no Brasil”, diz Henrique Lian, Diretor-Executivo da PROTESTE | Euroconsumers-Brasil.
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Risco aos consumidores
A pesquisa mostrou que, se o pão de forma fosse uma bebida alcoólica, quem consumisse duas fatias, equivalente a 50 gramas, de três das dez marcas pesquisadas, correria o risco de ser pego no teste do bafômetro. É considerada uma quantidade segura de álcool no organismo uma taxa inferior a 3,3 gramas de álcool. Dividindo esse número pela quantidade média de litros de sangue, o valor máximo é de 0,44 gramas por litro. Porém, as três marcas registraram taxas superiores. Respectivamente 0,45 gramas, 0,59 grama e 1,59 grama de álcool em 50 gramas de pão de forma, o que poderia resultar em riscos aos consumidores.
“De nossa parte, continuaremos divulgando amplamente esses resultados, em cumprimento aos princípios constitucionais e infraconstitucionais de defesa dos consumidores e do direito destes à correta informação sobre os produtos e serviços disponíveis”, diz Lian.
A PROTESTE | Euroconsumers-Brasil é a maior associação de consumidores da América Latina e membro do Grupo EUROCONSUMERS. Líder global em informações inovadoras, serviços especializados e defesa dos direitos dos consumidores, com mais de 1,5 milhão de associados e presente em cinco países.
Há 22 anos, a associação realiza testes comparativos e de segurança de produtos e serviços. Assim como estudos de mercado, pesquisas qualitativas e quantitativas, campanhas de informação ao consumidor, advocacy em nível legislativo e executivo federal. Além de seminários de alto conteúdo, cujos resultados são disponibilizados aos associados e à população em geral. Os estudos são feitos de forma independente, apartidária e sem fins lucrativos.
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