Em audiência de custódia realizada nesta terça-feira (7), o desempregado Adelio Bispo de Oliveira, preso após facada no candidato Jair Bolsonaro (PSL) na última quinta-feira (6), falou sobre o que o motivou a desferir o golpe que quase vitimou o deputado (veja a íntegra no vídeo abaixo). Diante de uma juíza, Adelio disse ter agido por questões de foro religioso e por se sentir pessoalmente “ameaçado” por Bolsonaro, a exemplo de “milhões de pessoas”.
“Eu, como milhões de pessoas, pelos discursos da pessoa referida, me sinto ameaçado literalmente, entendeu? Me sinto ameaçado como tantos milhões de pessoas pelos discursos que o cidadão tem feito. Aquela certeza de que, cedo ou tarde, ele vai cumprir aquilo que está prometendo tão veementemente pelo país todo contra pessoas como eu”, declarou o investigado, que respondeu a perguntas formuladas por advogados de defesa e de acusação.
Ele inicia o depoimento se queixando de dores nas costelas, o que explicaria o baixo tom de voz. As dores, diz Adelio, são resultado do espancamento que diz ter sofrido por parte de “militantes” logo após a facada.
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Veja a íntegra:
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Adelio disse também ter recebido ameaças no cárcere, mas não citou nomes. “Dentro do Ceresp [Centro de Remanejamento do Sistema Prisional de Juiz de Fora, onde ele está detido] – eu não sei se é o líder, não me recordo do nome dele –, se fez muito desacato, digamos assim. Ele me chamou de bicha, de viado, disse que ia me coloca em uma cela para ser estuprado por um negão. Disse que eu tinha tentado matar os sonhos dele, o presidente dele”, denunciou Adelio, acrescentando ter sido empurrado “contra a parede” e ter dedos dos pés pisados por coturnos.
Com 40 anos e natural de Montes Claros (MG), Adelio foi flagrado em imagens de vídeo no momento do ataque e já confessou ter desferido o golpe. Ele foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional e deve responder pelo crime de tentativa de homicídio. Preso em flagrante em Juiz de Fora (MG), local da agressão, ele foi transferido para o presídio federal de Campo Grande (MS) no último sábado (8).
Em uma página em seu nome no Facebook, ele costuma fazer postagens sobre política e faz críticas ao que classifica como “direita maçônica”. Ele foi filiado ao Psol entre 2007 e 2014. O partido já defendeu punição ao agressor.
Bolsonaro passou por uma cirurgia na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora e depois foi transferido para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde apresenta quadro estável e franca recuperação. O deputado teve uma artéria ligada ao intestino perfurada e danos em outros órgãos do abdômen, que precisaram ser suturados.
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