O deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ) reclamou do poder público tão logo soube de um plano de milicianos fluminenses para assassiná-lo no próximo sábado (15), segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (13) pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Presidente da CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do RJ (Alerj), trabalho que teve início em 2008 e inspirou a realização do longa metragem “Tropa de Elite”, ele afirmou que a zona oeste do estado é “governada pelo crime”.
Por meio de nota (íntegra abaixo), Psol também responsabilizou as autoridades pela situação de “barbárie”, nas palavras do líder do partido na Câmara, Chico Alencar (RJ). “A revelação das apurações da Polícia Civil do RJ ocorre na véspera do nono mês da execução de vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes, ainda sem elucidação. Essa ineficiência, que nutre a cultura da impunidade, faz com que criminosos se sintam à vontade para elaborar esse plano macabro de execução de Freixo”, diz trecho do documento.
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O relatório com o plano de assassinato foi divulgado, com fotos dos suspeitos, para vários agentes das polícias Civil e Militar do Rio. Um policial militar e os dois comerciantes citados no documento são ligados a milicianos da zona oeste investigados pela execução da vereadora Marielle Franco (Psol), em março deste ano, e de seu motorista Anderson Gomes.
Por meio do Twitter, Freixo explicou o porquê de sua queixa em relação à omissão dos poderes constituídos e dos órgãos de segurança pública. “Desde 2008, quando presidi a CPI das Milícias, passei a contar com proteção policial por receber inúmeras ameaças concretas de morte. Apresentei medidas para o enfrentamento dos milicianos. O que foi feito? Nada”, escreveu.
“Para quem ainda não leu o relatório da CPI das Milícias, disponibilizo aqui [veja a íntegra]. No dia 16 de dezembro esse trabalho completará 10 anos. Lamentável que nada tenha sido feito”, acrescentou Freixo, que se elegeu deputado federal em outubro passado.
Sou dep. estadual eleito e estou sendo ameaçado mais uma vez. Não é uma ameaça ao Freixo, mas à democracia. Não é uma questão pessoal, é muito mais que isso. A Zona Oeste está hoje sendo governada pelo crime.
Publicidade— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) 13 de dezembro de 2018
Marcelo Freixo visitou a Câmara nesta quinta-feira (13). Depois do encontro com seus companheiros na liderança do Psol, ele deixou a Casa rumo ao aeroporto de Brasília. Depois do encontro com o correligionário, o líder Chico Alencar falou ao Congresso em Foco e classificou como barbárie a situação da segurança pública no Rio de Janeiro, quase um ano depois da intervenção federal no setor, por determinação do presidente Michel Temer (MDB).
“Esse plano de assassinar o deputado Marcelo Freixo mostra que o crime continua muito forte no Rio de Janeiro e no Brasil, que há uma cultura da impunidade. Que o não desvendamento de quem matou Marielle e Anderson, e de quem mandou matar, estimula esse tipo de ação, de panejamento, de trama macabra inaceitável. Atinge a própria democracia”, disse o deputado fluminense.
Assista ao vídeo:
Veja a nota do Psol:
BANCADA DO PSOL RESPONSABILIZA AUTORIDADES NA PROTEÇÃO À MARCELO FREIXO
A bancada federal do PSOL na Câmara – tanto a atual quanto a próxima, que toma posse em fevereiro, da qual Marcelo Freixo faz parte – tomou ciência do plano para executá-lo durante reunião que fazia esta tarde, em Brasília.
A revelação das apurações da Polícia Civil do RJ ocorre na véspera do nono mês da execução de vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes, ainda sem elucidação. Essa ineficiência, que nutre a cultura da impunidade, faz com que criminosos se sintam à vontade para elaborar esse plano macabro de execução de Freixo. A planejada barbárie vulnerabiliza também a nossa já frágil democracia: a trama letal seria praticada em agenda pública do nosso parlamentar no próximo fim de semana. O livre exercício do mandato é atingido, e isso é inaceitável.
A bancada federal do PSOL repudia esta trama, exige redobrada proteção a Marcelo Freixo, inclusive em Brasília, e cobra resultados da investigação que vitimou Marielle e Anderson. Exigirá agora providências do atual Ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e, a partir de 1º de janeiro, das novas autoridades da República, notadamente o futuro Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. A responsabilidade pela proteção a Freixo e a tantos defensores de direitos humanos ameaçados é do Estado brasileiro.
O hediondo plano de execução de Freixo é a urdidura de um atentado contra o Estado Democrático de Direito. Merece repúdio de todos os que prezam pelos mais elementares princípios civilizatórios. E ação efetiva para evitar que tais tramas – de absurda continuidade – continuem a ser articuladas.
Chico Alencar, líder do PSOL na Câmara dos Deputados
Brasília, 13 de dezembro de 2018
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