O ex-senador e ex-governador do Espírito Santo Gerson Camata, de 77 anos, foi assassinado a tiros na tarde desta quarta-feira (26) em Vitória, capital do estado. O assassinato foi na Praia do Canto, em frente a um dos restaurantes do local. A Polícia Civil já realizou perícia na cena do crime e investiga o caso.
Segundo o secretário estadual da Segurança Pública do Espírito Santo, coronel Nylton Rodrigues, o autor do homicídio é um ex-assessor que trabalhou com Gerson Camata por cerca de duas décadas, Marcos Vinícius Moreira Andrade, de 66 anos. Ele fazia a gestão financeira das contas oficiais do político capixaba.
Marcos Vinícius foi preso instantes depois do crime e já confessou ter feito o disparo e levado para interrogatório no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O coronel Nylton disse ainda que o motivo do assassinato foi uma ação judicial que o ex-governador moveu contra o ex-assessor. Durante o processo, R$ 60 mil da conta de Marcos Vinícius foram bloqueados.
O Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) chegou a ser acionado para socorrer Gerson Camata, mas o político aposentado não resistiu ao ataque. Governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (MDB) decretou luto de sete dias no estado.
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44 anos de vida pública
Gerson Camata deixa dois filhos. Ele foi o primeiro governador eleito democraticamente depois da ditadura militar, quando o país viveu o período de transição para a reabertura política. Foi casado com a ex-deputada constituinte e também ex-senadora Rita Camata, candidata a vice-presidente na chapa do tucano José Serra em 2002.
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Economista e jornalista por formação, Gerson foi governador do Espírito Santo entre 1982 e 1986. Exerceu três mandatos no Senado, entre 1987 a 2011, e cumpriu dois mandatos consecutivos na Câmara (entre 1975 e 1979 e entre 1979 e 1983). Também foi vereador de Vitória (1967-1971) e deputado estadual (1971-1975).
Em 44 anos de uma vida pública encerrada em dezembro de 2010 (veja trecho de discurso abaixo), pertenceu a dois partidos políticos. Ficou filiado à Aliança Renovadora Nacional (Arena) A partir de 1980, com a retomada do pluripartidarismo, migrou para o PMDB (hoje, MDB).
Antes de entrar para a política, Gerson Camata apresentou o Programa Ronda da cidade, transmitido pela Rádio Cidade. Integrou a TV Vitória e foi diretor de jornalismo dos Diários Associados no Espírito Santo.
Interrompeu o terceiro mandato de senador quando foi escolhido para comandar a Secretaria de Infra-Estrutura e Transportes do Espírito Santo, função exercida entre 11 de maio e 10 de novembro de 2006. Na ocasião, falou ao Congresso em Foco por que deixaria temporariamente o Senado rumo ao novo desafio. “Eu tenho vocação executiva”, justificou o senador.
Naquele dezembro de 2010, fez o seguinte discurso na tribuna do Senado: “Deixo a vida política com a consciência tranquila, de quem cumpriu seu dever. Se há algo de que me orgulho é de nunca ter encontrado dificuldades para conciliar ética e política. É impossível negar a existência de vínculos entre a vida moral e a vida no poder – pois, se o fizermos, acabaremos concluindo que os fins justificam os meios”.