O presidente Jair Bolsonaro divulgou um vídeo nesta segunda-feira (7), no Twitter, em que o padre Paulo Ricardo de Azevedo Junior defende o direito da população ao armamento. Vigário em Cuiabá, Paulo Ricardo apoiou a candidatura de Bolsonaro à Presidência e é conhecido por seus discursos contra a esquerda e o PT. Devido à sua militância, ficou conhecido como o “Malafaia dos católicos” – referência ao pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e aliado do presidente. “Nós cristãos buscamos a paz, mas não somos pacifistas, porque somos capazes de lutar”, diz no vídeo o padre, atribuindo a declaração ao Papa VI, cujo pontificado durou de 1963 a 1978.
Veja o vídeo:
Na gravação, publicada em 2011 após o massacre de Realengo, no Rio, no qual um jovem de 23 anos invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira e matou 12 estudantes, entre 13 e 16 anos, Paulo Ricardo chamou a defesa do desarmamento de “crise histérica” e “pura hipocrisia”. Na ocasião, um grupo de parlamentares defendeu que o Estatuto do Desarmamento, que proíbe a venda de armas de fogo no país, fosse submetido a nova consulta popular. Em 2005 o texto foi rejeitado.
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Segundo o religioso, o direito à legítima defesa é “cristão e moral”, “uma caridade”. “É algo que existe e, mais que um direito, muitas vezes é um dever. Imagine um assaltante que entra na sua casa, agride sua esposa, violenta sua filha e dilapida seu patrimônio. Você vai ter coragem de olhar na cara delas e dizer ‘sou da sua paz, não fiz nada porque sou pacifista’?”
Na visão do padre, nem todo assassinato é “pecado”. “Pecado é tirar a vida do inocente. O pecado do homicídio é isso. Não estamos tirando a vida de um inocente, mas a vida do agressor”, defendeu.
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Marxismo cultural
Durante a campanha eleitoral, Paulo Ricardo fez sermões em favor de Bolsonaro que viralizaram na internet. De perfil conservador, o padre classifica as discussões sobre gênero, chamadas por ele de “ideologia de gênero”, como um câncer a ser combatido e diz que o país tem cada vez mais ignorantes graças à esquerda e ao “marxismo cultural. “As nossas universidades todas estão infiltradas de gramscismo. Para ensinar português, o que você faz? Não ensina mais gramática. Você vai e dá um texto para o aluno de um tema social. Os nossos alunos chegam à universidade analfabetos porque, ao invés de aprender português, aprendem marxismo”.
Na semana passada o presidente Jair Bolsonaro disse que vai facilitar a posse de armas por meio de um decreto. Segundo ele, a ideia é acabar com a subjetividade do Estatuto do Desarmamento. “Ali, na legislação diz que você tem que comprovar efetiva necessidade. Conversando com o [ministro da Justiça] Sergio Moro, estamos definindo o que é efetiva necessidade. Isso sai em janeiro, com certeza”, disse em entrevista ao SBT. Bolsonaro adiantou que pretende tornar o acesso mais simples a moradores de localidades com altos índices de mortalidade.