A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou um novo posicionamento nesta sexta-feira (17) onde reafirma ser contra o uso da hidroxicloroquina para o tratamento de covid-19.
Neste novo documento, a SBI cita estudos publicados esta semana que comprovam a ineficácia da droga em qualquer fase da doença. E recomenda ser “urgente e necessário” que o medicamento seja “abandonado no tratamento” contra covid-19.
A SBI também solicita que “agentes públicos, incluindo municípios, estados e Ministério da Saúde reavaliem suas orientações de tratamento, não gastando dinheiro público em tratamentos que são comprovadamente ineficazes e que podem causar efeitos colaterais.”
E pede que os recursos públicos sejam usados em “medicamentos que comprovadamente são eficazes e seguros para pacientes com covid-19 e que estão em falta, tais como anestésicos para intubação orotraqueal de pacientes que precisam ser submetidos à ventilação mecânica, bloqueadores neuromusculares para pacientes que estão em ventilação mecânica; em aparelhos que podem permitir o diagnóstico precoce de covid grave, como oxímetros para o diagnóstico de hipóxia silenciosa; em testes diagnósticos de RTPCR da nasofaringe para pacientes sintomáticos; leitos de Unidade de Terapia Intensiva, bem como seus recursos humanos (profissionais de saúde) e respiradores”.
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Nesta quinta-feira (16) a imprensa teve acesso a um ofício circular com data de junho, onde o secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, coronel Luiz Otávio Franco Duarte, solicitava para a Fiocruz, o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) e o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFI) a divulgação e prescrição do tratamento precoce com cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes com covid-19 no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
No documento, o coronel aponta que os medicamentos integram “a estratégia do Ministério da Saúde para reduzir o número de casos que cheguem a necessitar de internação hospitalar para tratamento de síndromes de pior prognóstico, inclusive com suporte ventilatório pulmonar e cuidados intensivos”.
Embora haja uma orientação da pasta, não existe um protocolo sanitário para a administração do remédio. De acordo com o médico e advogado sanitarista Daniel Dourado, do Núcleo de Pesquisa e Direito Sanitário da Universidade de São Paulo (USP),”não se pode incorporar um protocolo sem evidência científica de que o medicamento funciona”.
A SBI aponta também que o informe tem a finalidade de “esclarecer, colaborar e divulgar as principais evidências científicas que devem orientar os médicos e entidades públicas e privadas para que todos brasileiros recebam diagnóstico adequado e tratamento eficaz e seguro” e volta a recomendar medidas preventivas de distanciamento físico, uso de máscaras e higienização frequente das mãos.
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