A Fundação Ezequiel Dias (Funed) é uma instituição centenária, que tem papel central no sistema público de saúde. Acumulou larga tradição na produção de soros contra picadas de animais peçonhentos. Desenvolveu um importante setor de produção de medicamentos de base química. É o centro de pesquisas e desenvolvimento tecnológico do SUS/MG. E opera como o laboratório central de retaguarda para as ações de vigilância em saúde.
Quando assumi a Secretaria Estadual de Saúde, a Funed vivia uma crise profunda. O orçamento anual era de pouco mais que R$ 50 milhões, a autoestima de seus servidores estava entre o taco e o carpete, a produção era errática e sem sentido estratégico e o desabastecimento de matérias-primas era pleno. Tínhamos dois caminhos alternativos: fechar as portas ou desencadear um ousado plano de mudanças.
O primeiro passo foi a escolha da equipe. Longe de ingerências partidárias, privilegiando o mérito e a competência, formamos uma boa equipe liderada por um grande servidor público que fomos buscar no Ministério da Saúde, o ex-diretor da Funed e farmacêutico competente Carlos Alberto Pereira Gomes.
A mudança começou pela discussão e aprovação no Conselho Curador do Plano Estratégico de Ação e pela implantação pioneira do choque de gestão na Funed, com o estabelecimento de premiação e avaliação por resultados individuais, setoriais e institucional.
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O Plano Estratégico partiu do correto diagnóstico sobre a veloz mudança tecnológica no setor. Se não ousássemos em encarar o desafio de transitar para o mundo da biotecnologia, a Funed não teria futuro, viraria o “Museu da Aspirina”.
Encomendamos um estudo econômico ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), que precificou as parcerias de transferência tecnológica e apontou os parceiros potenciais. Avançamos para duas parcerias: com a Novartis para a produção da vacina contra a Meningite C, que já rendeu, até 2016, R$ 330 milhões ao Governo de Minas, e renderá em 2017, R$ 340 milhões, e outra, com o ICGEB/BioRio, para a produção de Eritropoetina e Interferon. Cabe registrar que o processo de transferência é mais importante que o próprio produto. O centro é o capital humano, o conhecimento, o domínio da biotecnologia.
Pesquisadores foram treinados, os primeiros frutos apareceram, investimos R$ 80 milhões na construção e equipamento de uma nova fábrica que está praticamente pronta – amplamente paga pelo projeto da vacina que não existiria sem a perspectiva da construção da fábrica.
Infelizmente, erros gerenciais nos últimos anos, alterações nos projetos, gargalos nas obras e a inércia da atual gestão, adiaram o avanço para as fases de envasamento e produção. Mas a estratégia escolhida é correta e o trem está nos trilhos. Bastam liderança, competência, disposição de trabalho para coroar de êxito o sonho construído em 2003 e que a Funed pare de perder oportunidades e entre definitivamente no reino da inovação e da biotecnologia.
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