Ainda ecoando o discurso de membros do governo de Jair Bolsonaro –e do próprio presidente da República – o Conselho Federal de Medicina (CFM) saiu em defesa da médica oncologista Nise Yamaguchi, um dia após seu depoimento à CPI da Covid. Em uma moção de repúdio tornada pública nesta quarta-feira (2), o CFM repudiou a ação de “alguns senadores e criticou a espetacularização dos depoimentos – que teriam alcançado níveis desnecessários.
Na nota o CFM argumentou contra o que chamou de “manifestações que revelam ausência de civilidade e respeito no trato de senadores com relação a depoentes e convidados médicos no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia”.
No depoimento de Nise, defensora do uso de medicamentos ineficazes para o tratamento da covid-19, caso da cloroquina e hidroxicloroquina por exemplo, a médica foi inquirida por senadores a respeito de sua participação em um chamado “gabinete paralelo” para determinar ações de combate à pandemia.
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Ela estaria envolvida, segundo o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, na sugestão de redigir uma bula para a hidroxicloroquina capaz de validá-la enquanto um tratamento contra a covid-19. Isso mesmo a literatura médica já tendo comprovado que o medicamento não serve para tal fim.
“No entendimento do CFM, e da classe médica, o que tem sido exibido em rede nacional configura situação inaceitável e incoerente com o clima esperado em um ambiente onde as discussões devem se pautar pela transparência e idoneidade”, indica a nota, subscrita pelos conselhos regionais. “Em lugar disso, testemunha-se situações que desmoralizam os médicos e as médicas.”
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