O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, virou alvo de duas representações da oposição na Procuradoria-Geral da República. Dois deputados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, Nikolas Ferreira (PL-MG) e Sanderson (PL-RS), pedem que ele seja investigado por improbidade administrativa e tráfico de influência, respectivamente.
Reportagens publicadas nos últimos dias a respeito do ministro têm causado constrangimento ao governo Lula. Juscelino, que é deputado licenciado do União Brasil do maranhão, usou emenda do chamado orçamento secreto para se beneficiar pessoalmente, omitiu da declaração de bens que possuía animais de raça avaliados em mais de R$ 2 milhões, segundo o jornal O Estado de S.Paulo, e viajou, em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), para um leilão de cavalos já na condição de ministro. Também paira contra ele a suspeita de ter intercedido em órgão do governo para favorecer uma empreiteira.
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“Usou R$ 5 milhões de emendas pra beneficiar sua fazenda; usou voo da FAB pra ir a leilão de cavalos e bancou com dinheiro público sua estadia. E teria usado dados falsos para justificar gastos de campanha. Prazer, Juscelino Filho – atual ministro de Lula”, escreveu Nikolas, deputado mais votado da atual legislatura, eleito com a força das redes sociais e da extrema-direita.
Nesta quinta-feira o ministro devolveu à União os recursos gastos com hospedagem e diárias na viagem a São Paulo, onde acompanhou um leilão de cavalos de raça.
A base da denúncia de Sanderson é uma reportagem publicada por Rodrigo Rangel no site Metrópoles. Segundo o deputado, há indícios claros de que o ministro se valeu do cargo para favorecer uma empreiteira suspeita de fraude.
“Conforme amplamente noticiado pela imprensa, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, usando do poder que tem como integrante do primeiro escalão do governo Lula da Silva, estaria atuando junto à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para favorecer a empresa Engefort, empreiteira ligada a políticos e apontada como integrante de um cartel com envolvimento em desvios de recursos da Codevasf”, alega Sanderson. A estatal é comandada atualmente por um indicado do atual líder na Câmara, Elmar Nascimento (BA).
Segundo a reportagem, Juscelino foi pessoalmente até a Superintendência da Codevasf no Maranhão para defender que fosse mantida a contratação da empreiteira, investigada por fraudes em licitações, para a execução da um contrato de R$ 54 milhões em obras.
“Chama atenção, nesse sentido, que a própria Superintendência da Codevaf no Maranhão já teria admitido a existência de irregularidades na contratação da empresa Engefort, tendo, inclusive, concordado com o cancelamento de seu pregão”, prossegue o deputado no pedido de abertura de inquérito para apurar a prática do crime de tráfico de influência.
Pressionado pelo noticiário negativo, o ministro nega ter cometido irregularidades.
Como mostrou o Congresso em Foco, o União Brasil tem sido a principal dor de cabeça para o presidente Lula entre os partidos que ocupam ministérios. O partido também comanda o Turismo, com Daniela Carneiro, e a Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes. O ex-governador do Amapá, no entanto, ainda está filiado ao PDT, legenda da qual se licenciou desde que assumiu o cargo. Sua indicação foi feita pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP), uma das principais lideranças da sigla. Mesmo com a presença no governo, a maioria dos parlamentares do União Brasil não apoia Lula no Congresso.
Waldez e Daniela também já se envolveram em polêmica. Ele foi condenado por peculato e ela teve o apoio de milicianos em sua campanha. O PT e outros partidos aliados já questionam a permanência do União na Esplanada dos Ministérios.
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