Morreu nesta segunda-feira (4), no Rio de Janeiro, aos 88 anos, o fotógrafo Evandro Teixeira, um dos mais respeitados fotojornalistas do Brasil. Com uma carreira que se estendeu por mais de 70 anos, ele deixou um legado valioso ao documentar momentos históricos do Brasil e do mundo, com foco especial na ditadura militar e nas questões sociais.
Evandro dedicou grande parte de sua trajetória ao Jornal do Brasil, onde trabalhou por 47 anos. Ele participou de uma exposição da Leica em Nova York, ao lado de renomados fotógrafos como Cartier-Bresson e Robert Capa.
Natural de Irajuba, na Bahia, Evandro Teixeira cresceu em uma família humilde. Seu pai, Valdomiro, era fazendeiro e sua mãe, Almerinda, dona de casa. Em 1950, mudou-se para Jequié para continuar seus estudos e começou a trabalhar no Jornal de Jequié, o que lhe possibilitou comprar sua primeira câmera fotográfica. Depois, transferiu-se para Ipiaú, onde aprendeu fotografia com Teotônio Rocha e trabalhou no Jornal Rio Novo.
Em 1954, estabeleceu-se em Salvador, onde fez um curso de fotografia por correspondência com José Medeiros e atuou como estagiário no Diário de Notícias. Sua carreira no fotojornalismo começou em 1958, no Diário da Noite, e em 1963, ele se juntou ao Jornal do Brasil, onde permaneceu até 2010, quando a versão impressa foi descontinuada.
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Em 1964, casou-se com Marly Caldas de Almeida, com quem teve duas filhas. No mesmo ano, durante o golpe militar, Evandro estava no Forte de Copacabana na madrugada de 1º de abril e capturou a chegada do general Humberto Castello Branco, uma imagem que se tornou um marco na história política brasileira.
Em 1968, ele cobriu as manifestações do movimento estudantil e a repressão da ditadura no Rio de Janeiro, produzindo fotos emblemáticas, incluindo os confrontos entre estudantes e policiais montados, além da Passeata dos Cem Mil.
PublicidadeEm 1973, Evandro Teixeira registrou o golpe militar no Chile que depôs Salvador Allende e foi o único jornalista a fotografar o poeta Pablo Neruda já morto no hospital. Suas imagens retrataram a dor e a comovente reação do povo chileno.
O fotógrafo visitou Canudos, na Bahia, pela primeira vez em 1994, um local histórico que foi cenário de uma violenta repressão do Exército brasileiro no século 19. Ele retornou diversas vezes a esse local.
As fotografias de Evandro estão presentes em importantes museus, como o Museu de Belas Artes de Zurique, o Museu de Arte Moderna La Tertulha na Colômbia, e o MASP em São Paulo, além do MAM e do MAR no Rio de Janeiro. Um de seus livros, “Fotojornalismo”, está na biblioteca do Centro de Artes George Pompidou, em Paris. Em 1994, seu currículo foi incluído na Enciclopédia Suíça de Fotografia, que compila os maiores fotógrafos do mundo. Entre os prêmios que recebeu, destacam-se os da Unesco, Nikon e da Sociedade Interamericana de Imprensa.