Sonia Karin Chapman e Adriana Leles *
O Brasil perde, em média, todos os anos, 39% da água tratada distribuída, o equivalente a seis e meio bilhões de metros cúbicos de água tratada e adequada para consumo humano. É como se a água de 6,5 Cantareiras fosse despejada pelo ralo. O maior problema são vazamentos nas tubulações que ficam embaixo da malha urbana e, normalmente, o conserto fica mais caro do que captar água nos mananciais.
Agora, com as longas estiagens atingindo todas as regiões do país, buscar água tornou-se uma atividade cada vez mais onerosa e difícil. Por isso, controlar as perdas virou tema urgente e deve entrar na agenda dos candidatos às prefeituras nas eleições de 2016. Essa é a proposta do Movimento pela Redução de Perdas de Água na Distribuição, lançado em novembro de 2015, em Brasília, por empresas, entidades associativas, órgãos públicos e organizações da sociedade civil. Ele é uma iniciativa da Rede Brasileira do Pacto Global, com a liderança de duas empresas signatárias, a Braskem e a SANASA. A primeira é LEAD pelo Pacto Global em Nova Yorque, e a segunda é signatária do CEO Water Mandate, um compromisso específico pela gestão da água do Pacto Global.
O Movimento está estruturado em quatro linhas de atuação: políticas públicas; consciência e engajamento; avaliação de indicadores; e soluções, que passam por tecnologia, capacitação de gestores e de mão-de-obra de forma ampla e acesso a financiamento. As expectativas são, entre outras: influenciar o debate para que as metas previstas no Plano Nacional de Saneamento sejam cumpridas; discussão do papel dos órgãos públicos na execução, no monitoramento e na fiscalização dos sistemas de distribuição e abastecimento de água; construção de indicadores confiáveis e consistentes, que permitem monitoramento ao longo de um período e cujos resultados possam ser comparados com outros países.
Vale citar que este Movimento está totalmente alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), mais especificamente ao Objetivo 6 – Água e saneamento básico: garantir a disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos; e ao Objetivo 17, que prevê a constituição de parcerias complexas para o alcance dos objetivos.
O desafio mais específico para este Movimento é cumprir a 4ª meta deste ODS 6, que estabelece o ano de 2030 como prazo para aumentar substancialmente a eficiência do uso da água.
PublicidadePara 2016, está prevista a elaboração de uma cartilha que será entregue aos candidatos a prefeitos, demonstrando as boas práticas e os aprendizados de Municípios que conseguiram reduzir significativamente as perdas, bem como mantê-las em níveis baixos; em 2017, o Movimento pretende definir algumas cidades-piloto (“Cidades Transformadoras”) para definir planos de ação e reverter o quadro de perdas de água; em 2018, ano no 8º Fórum Mundial das Águas, que será realizado em Brasília, o Movimento concederá a primeira edição de premiação para prefeitos e empresas de saneamento com maiores avanços no combate às perdas. Como água e saneamento têm indicadores de médio e longo prazo, o Movimento estabeleceu 2030, prazo final dos ODS, para também verificar os resultados alcançados com suas ações.
O Movimento pela Redução de Perdas de Água na Distribuição tem um slogan que é, ao mesmo tempo, uma campanha e um resumo dos seus objetivos: Menos Perda, Mais Água. Todos os representantes das organizações que aderiram a esse projeto entendem que o acesso à água limpa é um direito humano básico. Mas a água é um recurso finito que, no Brasil, está sendo desperdiçada e precisa de gestão eficiente e sustentável, bem como tecnologia adequada para chegar a todos.
*Sonia Karin Chapman e Adriana Leles são Champions do “Movimento pela Redução de Perdas de Água na Distribuição”, nas funções de Gerente de Desenvolvimento Sustentável da Braskem e de Assessora da Presidência para Sustentabilidade da SANASA, respectivamente.
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