A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, da Câmara, promoveu nesta quarta-feira (9) audiência pública para pedir ao ministro Ricardo Salles esclarecimentos sobre os números crescentes de desmatamento na Amazônia. Salles repetiu o que fez nos últimos encontros: culpou governos anteriores e saiu antes da sessão finalizar.
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Três horas após o início da sessão, Salles avisou que teria que sair naquele momento. Ainda faltavam quatro deputados inscritos para falar, destes três eram governistas.
“Uma pena que ele não tenha ouvido a todos. No final deputados governistas abriram mão para que pudesse ser feito pergunta ainda pela última parlamentar que seria a deputada Taliria. Mesmo assim o ministro resolveu sair”, conta o presidente da comissão, Rodrigo Agostinho (PSB-SP). Salles não havia avisado que teria outro compromisso até aquele momento.
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“Mais uma vez o ministro fugiu. Ele vem aqui e mente sobre vários dados, não responde as perguntas de vários deputados e escolhe a hora de ir embora”, desabafou a deputada Taliria Petrone (Psol-RJ).
“Eu queria questionar o ministro sobre as questões que envolvem as políticas do clima. O ministro já disse que os servidores que vão para encontros internacionais do clima vão lá para fazer turismo. Tentou cancelar um evento da ONU sobre clima em Salvador dizendo que a turma ia para lá pra comer acarajé”, disse a parlamentar para o Congresso em Foco.
Na avaliação do Rodrigo Agostinho, o ministro seguiu o mesmo caminho dos últimos encontros, culpabilizando sempre os governos anteriores pelos problemas vividos no Ministério do Meio Ambiente. “O ministro fez o que ele fez em outros momentos, colocando sempre a culpa nos outros governos”.
O deputado Nilto Tatto (PT-SP), expôs durante a sessão um problema que Salles está encarando nesta quarta-feira, a quebra de sigilo bancário.
“Eu sei que é difícil para o ministro, porque agora mesmo acaba de ter quebrado o seu sigilo bancário e fiscal pra poder explicar o enriquecimento no período em que assumiu o cargo público no governo de São Paulo”, ironizou Tatto. O ministro não respondeu.
O caso citado por Nilto Tatto diz respeito ao pedido de quebra de sigilo bancário com manifestação favorável do procurador de Justiça de São Paulo Ricardo Dias Leme. A suspeita que paira sob Salles, é o enriquecimento “no mínimo curioso”, nas palavras do procurador. Salles disse que as alegações são absurdas. O caso foi revelado pelo Estadão.
Ricardo Salles também ignorou perguntas sobre a agenda “secreta” com empresários do setor petrolífero e minerário da Europa.
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Rodrigo Agostinho falou sobre outras perguntas que ficaram sem resposta, ou com respostas vagas. “O governo até agora não nomeou todos os superintendentes do Ibama. O governo restringiu a aplicação de recursos. O fundo de multas até agora não começou a ser utilizado. O Fundo Clima foi deixado de lado. O Fundo Amazônia está suspenso”, desabafou o presidente da comissão.
A reportagem tentou questionar Salles sobre estes pontos, mas o ministro foi cercado por seguranças que impediram a passagem da imprensa até que Ricardo Salles saísse do local.
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