“Tem muita gente por aí que está querendo levar uma vida de cão
Eu conheço um garotinho que queria ter nascido pastor-alemão
Esse é o rock de despedida pra minha cachorrinha chamada ‘sua-mãe’”
Rock da Cachorra, de Léo Jaime
Quantos são os moradores da Terra? Fiz-me essa pergunta voltando de Adrianópolis, município paranaense do Vale do Rio Ribeira, onde estive no último dia 25 de maio. Lá há muitos cachorros pelas ruas, então voltei com essa questão bombardeando minha cabeça. Também me bombardeava o ‘Rock da Cachorra’. (Mas esse deixa para lá, anoto só para o leitor pensar.)
Inicialmente, formulei a pergunta pensando no número de pessoas mais o número de cachorros e gatos. E assim que a coloquei, respondi: não sei e creio que o número exato ninguém sabe.
Da pergunta original (número de pessoas, gatos e cachorros), estendi a indagação a todos os animais domésticos, de estimação e por fim me perguntei: por que não contar todos os animais do mundo? Mesmo sendo médico, resolvi não colocar na pergunta bactérias, vírus e fungos.
Enfim, assustado com o número de cães nas ruas de Adrianópolis, perguntei ao prefeito o porquê de tantos cachorros. Qual a razão para que os moradores daquele pequeno município abandonem seus animais de estimação? De acordo com a resposta, não são os moradores de Adrianópolis que os abandonam, mas sim pessoas do estado de São Paulo, que os trazem e despejam na região durante as madrugadas. A maioria dos animais está velha e doente. O que fazer com eles? O município é pobre e sequer dá conta de atender a todos os direitos dos cidadãos e cidadãs que ali vivem. Se o município não dá conta em recolher os animais e mantê-los vivos e saudáveis até a morte, quem o fará? A resposta deve ser dada pela Sociedade Protetora dos Animais.
Sei que até recentemente os cachorros eram recolhidos pelo serviço público e, após um período de espera, caso os donos não os reclamassem, sacrificados. Há os que achem isso desumano. Mas eles devem então ficar soltos e, por não terem nenhum cuidado, transmitindo doenças?
PublicidadeÉ certo que, se bem cuidada, pouca ou nenhuma doença essa bicharada transmite. Mas aqueles que vivem nas ruas sem cuidado nenhum podem sim transmitir doenças, desde a mais simples, como o bicho geográfico, até as mais graves, como a raiva. Transmitem também verminoses, micoses e a sarna canina.
Como disse antes, não sei e tampouco deve haver quem saiba com exatidão, mas estima-se que haja no planeta mais de 250 milhões de cães domésticos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), no Brasil existem cerca de 37,1 milhões de cachorros. Se o número estiver correto, o país tem a segunda maior população canina do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, com mais de 60 milhões. Em terceiro lugar está a China, com mais de 22 milhões de cachorros. Creio que por lá, por motivos culturais, muitos desses animais não devem envelhecer; acabam antes servindo de alimento.
Não importa aqui a razão, mas também tem aumentado a população de gatos no Brasil e no mundo, e num percentual maior que a de cachorros.
O Brasil está em quarto lugar no número de animais de estimação (incluindo cães, gatos, peixes, aves etc.). De acordo com o IBGE, 59% dos domicílios do nosso país têm algum animal desse tipo.
Nos meus tempos de infância e adolescência, os cachorros e alguns outros animais de estimação eram criados soltos nos quintais e raramente entravam nas casas. Só entravam se autorizados. Raramente se alimentavam de outra coisa que não a sobra da comida dos seres humanos. Hoje, comida de animal de estimação é muito cara e já criou um mercado próprio. Segundo a Abinpet, o mercado em torno da bicharada em 2012 movimentou R$ 14,2 bilhões só no Brasil. Falo aqui apenas da comida, mas nesse mercado há ainda os banhos, tosas, perfumes etc., a que muitos cachorros e gatos são submetidos.
O mercado visa ao lucro, porém não esquece também os danos ambientais, não por conta da bicharada, é claro, mas sim pelo comportamento dos donos. Tenho observado que cada pessoa que leva seu cachorro para passear tem na mão um saco plástico para colher as fezes. Acho isso ótimo, mas onde vai parar esse saco plástico? Geralmente vai para o aterro sanitário, onde esse plástico, não sendo biodegradável, vai permanecer por milhares e milhares de anos. Acho isso uma cachorrada.
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