O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, é o mais novo alvo da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, do Senado. Uma operação realizada nesta terça-feira (5) pela Polícia Federal está investigando o atleta por suspeita de envolvimento em um esquema de manipulação de resultados para lucrar com apostas esportivas. Segundo os investigadores, há indícios de que Bruno Henrique tenha agido de forma intencional durante a partida contra o Santos, em 1º de novembro de 2023, em Brasília, com o objetivo de ser punido com um cartão amarelo e, em seguida, um cartão vermelho. Essa ação teria sido planejada para possibilitar que seus familiares, previamente informados sobre o esquema, lucrassem com apostas esportivas.
O presidente da CPI, senador Jorge Kajuru (PSB-GO), disse ao Congresso em Foco que os indícios contra Bruno Henrique são “graves” e que já trabalhava há 15 dias em apurações envolvendo o jogador do clube de maior torcida do país. “Já pedi a convocação dele. Será convocado”, afirmou o senador em troca de mensagens com a reportagem. Em 3 de dezembro, a CPI ouvirá o jogador da seleção brasileira de futebol Lucas Paquetá, do West Ham, da Inglaterra, também suspeito de receber cartões para favorecer parentes e amigos em casas de apostas.
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O senador Eduardo Girão (Novo-CE) apresentou requerimento nesta terça para ouvir Bruno Henrique. “Um dos meus principais desafios no Senado desde o ano passado tem sido enfrentar as consequências da ‘regulamentação’ das casas de apostas, conhecidas como BETs, mercado danoso sob todos os aspectos que acredito que deva acabar em território nacional, não apenas pelos danos diretos ao esporte, mas também pela destruição que causa na vida e famílias inteiras cujos membros são atraídos por essa prática. Isso sem falar nos impactos extremamente negativos no comércio, na economia (canibalismo de setores produtivos que tem gerado até desemprego) e , inclusive, a nefasta manipulação dos resultados, o que tem prejudicado tanto a transparência quanto a essência do esporte e, se não tomarmos medidas firmes, vai afastar o brasileiro do seu esporte predileto, considerado a ‘paixão nacional'”, disse o senador ao Congresso em Foco.
No jogo investigado pela PF, o Santos derrotou o Flamengo por 2 a 1, em partida válida pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro, disputada no Estádio Mané Garrincha, na capital federal. A operação desta terça envolve seis promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Distrito Federal (Gaeco-MPDFT) e mais de 50 policiais federais da Coordenação de Repressão à Corrupção da Polícia Federal (PF), que estão cumprindo 12 mandados de busca e apreensão em diversas cidades, como Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Vespasiano (MG), Lagoa Santa (MG) e Ribeirão das Neves (MG).
Além de Bruno Henrique, estão sendo investigados: Wander Nunes Pinto Junior, irmão do jogador; Ludymilla Araujo Lima, sua cunhada; Poliana Ester Nunes Cardoso, sua prima; o casal Claudinei Vitor Mosquete Bassan e Rafaela Cristina; e também Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Douglas Ribeiro Pina Barcelos e Max Evangelista Amorim. Todos têm alguma ligação com o futebol, seja como ex-jogadores ou jogadores amadores, e residem em Belo Horizonte, cidade natal de Bruno Henrique.
A reportagem não conseguiu contato com o atleta nem com a defesa de seus familiares. O espaço está aberto e o texto será atualizado caso haja manifestações.
PublicidadeOs mandados de busca estão sendo cumpridos nas residências dos investigados, incluindo a casa de Bruno Henrique na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, nas sedes das empresas DR3 – Consultoria Esportiva Ltda e BH27 Oficial Ltda, em Lagoa Santa (MG), e no quarto de Bruno Henrique no Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu.
De acordo com a súmula do jogo contra o Santos, Bruno Henrique foi advertido com um cartão amarelo no final do segundo tempo, após cometer uma falta contra um adversário, e logo em seguida recebeu um cartão vermelho por ofender o árbitro. A investigação aponta que, sabendo que o jogador provavelmente seria punido com pelo menos um cartão, seus familiares – irmão, cunhada e prima – abriram contas em casas de apostas online na véspera do jogo, realizando apostas direcionadas na expectativa de que ele fosse advertido. O mesmo padrão de apostas foi identificado nas contas dos outros seis investigados, que também apostaram na possibilidade de Bruno Henrique ser punido com um cartão durante a partida.