A Petrobras confirmou o corte no patrocínio de 11 projetos culturais que contavam historicamente com o apoio da estatal. Entre eles, estão o Festival de Brasília do Cinema Nacional e o Clube do Choro, também da capital federal, a Mostra de Cinema de São Paulo, o Festival do Rio de Cinema e o Anima Mundi.
A empresa segue determinação do presidente Jair Bolsonaro de reavaliar os contratos de patrocínio a eventos culturais. Também deixarão de ter o patrocínio cultural da Petrobras o Prêmio da Música Brasileira, a Casa do Choro, o CineArte, a Sessão Vitrine, o Festival de Cinema de Vitória e o Teatro Poeira, no Rio. Os festivais Porto Alegre em Cena, de artes cênicas, e de teatro de Curitiba, que não haviam sido contemplados em anos anteriores, também foram excluídos da relação dos eventos apoiados pela companhia este ano.
A Petrobras ainda avalia romper contratos firmados em governos anteriores com grupos de teatro e cinema. A empresa alega que a prioridade, a partir de agora, será o patrocínio de projetos de educação na primeira infância, em ciência e tecnologia.
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“A Petrobras segue realizando apoio a projetos culturais. O orçamento para patrocínios, assim como diversas outras áreas, sofreu redução à luz do Plano de Resiliência divulgado no dia 8/3/19. Por esta razão, tivemos projetos nas áreas de audiovisual e artes cênicas já concluídos, que não foram renovados. Os contratos vigentes estão em andamento e com seus desembolsos em dia”, afirmou a empresa em nota oficial.
Em fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro escreveu no Twitter que havia determinado a revisão da política de patrocínio da empresa. Ele disse que, mesmo reconhecendo o valor da cultura e a necessidade de incentivá-la, o financiamento das atividades culturais “não deve estar a cargo de uma petrolífera estatal”.
“A soma dos patrocínios dos últimos anos passa de R$ 3 BILHÕES”, tuitou. Ele afirmou que o Estado tem maiores prioridades e que incentivos devem ser direcionados de “forma justa, enxuta, transparente e responsável”, sem prejudicar “as principais demandas de nossa sociedade”. O presidente também é opositor da Lei Rouanet de incentivo à cultura.
Em audiência pública na última quinta-feira na Comissão de Cultura da Câmara, o gerente de patrocínios da Petrobras, Diego Pila, afirmou que sua área teve um corte de cerca de 30% em seu orçamento.
“Tínhamos um orçamento aprovado para 2019 de R$ 180 milhões. Ele foi cortado em cerca de 30%, caiu para R$ 128 milhões. Isso reduziu muito nossa possibilidade de investimento para este ano. Temos um orçamento destinado a cumprir com nossas obrigações contratuais e algum espaço para novos projetos. Devemos nos próximos dias divulgar o resultado do nosso edital de projetos de música, vamos colocar R$ 10 milhões em 19 projetos dessa área nos próximos dois anos”, declarou.
As informações sobre os eventos que deixarão de contar com o patrocínio da estatal fazem parte de documento da estatal enviado aos deputados Áurea Carolina (Psol-MG) e Ivan Valente (Psol-SP), que haviam apresentado um requerimento. Na resposta, a empresa nega que esteja promovendo um desmonte na política cultural.
“Conclui-se que a alegação dos excelentíssimos parlamentares de que há uma política de ‘desmonte do setor cultural no Brasil’, são infundadas, porquanto baseiam-se em notícias veiculas pela mídia, as quais publicam matérias sobre a determinação de sua excelência o presidente da República, Jair Bolsonaro, de reavaliar os contratos de patrocínio da Petrobras, cuja reavaliação ainda não foi concluída pela estatal”, diz a companhia.
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