Dia desses li que a escola Oakhill, em Staffordshire, no Reino Unido, ganhou um novo professor que tem feito o maior sucesso entre os alunos. Ele atende pelo nome de Danny, e dá expediente nas salas de aula do ensino fundamental.
Danny, um cachorro da raça greyhound, é parte de um projeto chamado “Reading Education Assistance Dogs” (algo como “cães-assistentes no ensino da leitura”). A ideia é simples: as crianças, ao invés de lerem umas para as outras, leem para Danny.
Dizem que este dedicado canino não critica as crianças nem corrige suas pronúncias, mas presta uma atenção excepcional ao que elas falam. Arrisco dizer que, do jeito que as coisas andam, dentro em breve teremos na praça um verdadeiro “intelectuau-au”!
Enquanto isso, aqui no Brasil, 6,8 milhões de alunos frequentam instituições sem abastecimento de água, e 5,2 milhões não tem água filtrada para beber na escola. Para complicar ainda mais, 20 milhões de crianças brasileiras (o futuro deste país) estudam em escolas desprovidas de esgoto – milhares morrem a cada ano por conta disso, segundo o Unicef.
Mas voltemos aos cachorros: nos Estados Unidos eles têm sido utilizados nas salas de aula de diversos colégios, com o objetivo de ensinar comportamento humano às crianças. Acredite, descobriram que a presença de um canino induz nos alunos um efeito calmante, tornando-os mais sociáveis (as crianças, não os cachorros).
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Diante de tanta sofisticação, não resisto a pensar que dentro em breve o jornalzinho das escolas de lá chamar-se-á “Canews”. A coluna religiosa será assinada pelo Pastor Alemão, um devoto de São Bernardo. A página de esportes será feita por um Boxer, a de culinária pelo Salsicha e assim em diante.
Já no Brasil, li há alguns poucos anos um chocante relatório dando conta de que apenas 4% das salas de aula das escolas públicas no Norte, Nordeste e Centro-Oeste tinham dicionário – um simples dicionário! Apurou-se, ainda, que uma em cada três não dispunha de apagador – o que, no final das contas, não faria grandes diferenças, dado que em 25% delas não havia quadro-negro em condições de uso.
Há poucos dias li um curioso anúncio divulgado por uma Universidade de Estudos Caninos dos Estados Unidos. Oferecia-se um curso de gerenciamento de recursos humanos baseado nas técnicas dos treinadores de cães. Literalmente, a propaganda dizia que “gerenciar cachorros tem muito em comum com gerenciar pessoas”.
Falando em gerenciar, os gerentes do tráfico de tóxicos de um grande bairro de uma das mais ricas capitais brasileiras determinaram recentemente o fechamento dos colégios locais em função da morte de um colega deles, fruto de um violento tiroteio. Li que 3.700 alunos ficaram sem aula, trancados dentro de casa. As quatro escolas e uma creche do bairro não abriram em nenhum dos três turnos previstos.
Alguns especialistas dizem que o cão vira-latas, ao contrário do que algumas pessoas pensam, tem raça e valor. Ser um vira-latas, portanto, seria apenas um “estado social” decorrente do abandono, do desprezo e até mesmo do preconceito. Inclusive, uma curiosa pesquisa realizada pela Universidade de Aberdeen, na Escócia, comprovou que cachorros vira-latas são mais inteligentes do que os cães de raça com pedigree. A conclusão dos pesquisadores escoceses foi significativa: eles sugerem que se invista na educação dos cachorros de rua – sugestão recusada, claro. Afinal, poucos se importam com os vira-latas…
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