A reforma da Previdência, que já desencadeou processos contra 19 deputados federais do PSB e do PDT, também poderá revelar casos de infidelidade partidária no Senado. É o que indica levantamento feito pelo Congresso em Foco com os senadores da oposição.
O governo calcula ter entre 54 e 60 votos a favor da proposta. Mas pelo menos cinco senadores de oposição admitiram a este site que, apesar de seus partidos terem fechado questão contra as mudanças nas regras de aposentadoria, só vão tomar uma decisão sobre o assunto depois de avaliar pessoalmente o texto que sairá da Câmara dos Deputados.
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O levantamento mostra que há chances de somente o PT seguir fechado contra a reforma da Previdência no Senado. Até representantes do PDT e do PSB, siglas que prometem punir os dissidentes da reforma, afirmam que vão reavaliar o tema quando a matéria chegar ao Senado. Kátia Abreu (PDT-MS), que foi vice de Ciro Gomes (PDT) na campanha presidencial do ano passado, está entre os indecisos. Os demais são filiados à Rede.
Ao todo, seis partidos orientaram seus parlamentares a votar contra a reforma da Previdência: PT, Psol, PCdoB, PDT, PSB e Rede. Desses, quatro têm representação no Senado – o Psol e o PCdoB não elegeram senadores para esta legislatura. Diante da polêmica criada em torno do voto favorável de deputados do PSB e do PDT, o Congresso em Foco procurou os senadores oposicionistas para saber qual o posicionamento em relação ao texto.
PublicidadeVeja a situação de cada partido nas vésperas da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019 no Senado:
PDT
Alvo da maior parte das discussões sobre infidelidade partidária que surgiram após a aprovação do texto-base da reforma na Câmara, por conta do voto de deputados como Tabata Amaral (PDT-SP); o PDT pode conta com quatro representantes no Senado. Dois devem votar contra e dois estão indecisos em relação ao tema.
“Eu voto contra porque estou convencido de que esta é uma matéria ruim para o trabalhador”, garantiu Weverton Rocha (MA), cujo posicionamento deve ser seguido por Cid Gomes (CE).
Líder do partido no Senado, Rocha ainda disse ter conversado com os colegas sobre o assunto para que a bancada vote unida. Mesmo assim, os senadores Acir Gurgacz (RO) e Kátia Abreu (MT) admitiram ao Congresso em Foco que ainda não se decidiram sobre o assunto. “Vou olhar o que vem da Câmara, mas vou decidir pela minha consciência, pelos meus princípios e pelo que for bom para o Brasil”, declarou Kátia Abreu, ao ser questionada se seguiria a orientação do PDT.
“Acho que é prudente ver quais mudanças os deputados vão fazer no segundo turno para poder tomar uma decisão”, endossou Acir Gurgacz. Logo depois, contudo, ele disse ser contra o projeto atual. “Da maneira que está, votaria contra. Precisamos saber de onde vem essa economia de quase R$ 1 trilhão. Se vai sair da população não é economia, porque nós estamos em recessão e não podemos tirar dinheiro do mercado. Mas essas coisas de economia têm que ser avaliadas”, afirmou, concluindo que, apesar de querer ver mudanças como a inclusão de estados e municípios no texto, prefere esperar o projeto chegar da Câmara para poder analisar e tomar uma decisão final.
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PSB
Já o PSB, que registrou o maior número de dissidentes na Câmara – 11, no total -, conta com apenas dois senadores. Veneziano Vital do Rêgo (PB) e Leila Barros (DF), já que Jorge Kajuru decidiu se desfiliar e ficar sem partido.
Líder do bloco Senado Independente, que reúne PSB, PDT, Rede e Cidadania, Vital do Rêgo garantiu que vai seguir o posicionamento do partido de votar contra a reforma. “Tenho itens de discordância desde que o texto começou a tramitar na Câmara. Paralelamente a isso, o PSB fechou questão. Então, vou me posicionar contra”, afirmou o senador, explicando que, apesar dos avanços obtidos na Câmara com medidas como a retirada da capitalização, acredita que a proposta ainda traz prejuízos para uma parcela da população, como os pensionistas.
Já Leila informou, via assessoria de imprensa, que precisa analisar o texto da Câmara para poder emitir um posicionamento. Em junho, porém, a senadora apoiou a Medida Provisória que cria o pente-fino do INSS – medida que, segundo o governo, deve garantir o complemento da economia esperada com a reforma. “Neste momento em que debatemos a Reforma da Previdência, é muito importante que o governo tenha mecanismos legais mais eficientes no combate a fraudes. Por isso, defendo que o Senado Federal vote – e corrobore – o texto já aprovado pela Câmara dos Deputados. Não podemos nos omitir neste tema tão delicado para o equilíbrio das contas públicas”, chegou a escrever no Twitter a senadora.
Rede
Com apenas uma deputada eleita, Joenia Wapichana (RR), a Rede não registrou votos favoráveis à reforma na Câmara. No Senado, porém, pode ser contrariada, mesmo tendo entre os filiados o líder da minoria na Casa, Randolfe Rodrigues (AP). É que, apesar de Randolfe Rodrigues se posicionar contra a reforma, os outros dois senadores da Rede – Flávio Arns (PR) e Fabiano Contarato (ES) – informaram ao Congresso em Foco, via assessoria de imprensa, que ainda vão avaliar o texto da Câmara para tomar uma decisão.
Contarato já se manifestou contra uma série de questões da proposta, que, segundo ele, atingem apenas a população mais pobre. Agora, argumentou que vai avaliar apenas o impacto das mudanças aprovadas pelos deputados para se posicionar. Já Arns preferiu não emitir opiniões. No dia em que o texto-base da reforma foi aprovado na Câmara, contudo, ele escreveu no Twitter que a “reforma da Previdência é inadiável e precisa ser justa e possível de ser financiada”. O senador, por outro lado, defende a inclusão de estados e municípios no texto.
PT
Responsável por 54 dos 131 votos contrários à reforma na Câmara dos Deputados, o PT deve se manter unido contra o projeto, dando seis votos contra a proposta no Senado. A informação é de assessores do líder do partido no Senado, Humberto Costa (PE). Os outros senadores do PT são Jaques Wagner (PT), Jean Paul Prates (RN), Paulo Paim (RS), Paulo Rocha (PA), Rogério Carvalho (SE).
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