Dia desses, lendo o jornal Monitor, lá de Uganda, deparei-me com uma matéria singular. Tratava da inteligência – escassa, diga-se de passagem – que norteia algumas obras públicas daquele país.
Eis o título da matéria, em tradução livre: “Reparar as vias sem corrigir os problemas de drenagem é perda de tempo”. Registrou-se, ainda, que “a qualidade dos serviços é extremamente ruim”. Observou-se, então, que por conta da ação das águas “alguns dos reparos já estão se desmanchando, expondo o solo abaixo”.
Mais à frente o autor do texto, um certo John Kaka, lança uma série de questionamentos: “Por que não reparar as vias à noite ou durante os finais de semana? É de senso comum que nossas vias já são estreitas e insuficientes para o trânsito que suportam. No entanto, são bloqueadas em dias úteis. O resultado: dolorosos engarrafamentos”. Para piorar, “o asfalto sequer tem tempo de consolidar-se, pois imediatamente é aberto ao tráfego”.
Esta matéria deixou-me curioso. Será que alguém, ao fim do cabo, já se preocupou em reduzir a números os prejuízos decorrentes da péssima qualidade de algumas obras públicas? Decidi realizar uma pequena pesquisa a respeito.
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O que encontrei foi escandaloso: segundo o respeitado Banco Mundial nada menos que “US$ 4,2 trilhões poderiam ser economizados nos países de baixa e média renda se as obras de infraestrutura fossem mais resistentes”. De forma mais específica, calculou-se que a cada US$ 1 investido na qualidade das obras de infraestrutura outros US$ 4 serão economizados.
Alertou-se, a propósito, para o fato de que estes números não virão apenas da redução dos reparos a serem feitos – virão, principalmente, do melhor desempenho da economia, menos sujeita aos entraves e limitações que uma infraestrutura ruim acarreta.
PublicidadeChamou-me a atenção no estudo, de forma especial, uma frase do presidente daquela instituição: “Infraestrutura de boa qualidade não é algo relativo apenas a vias, pontes ou energia. É algo afeto a pessoas. Investir na qualidade da infraestrutura significa destravar oportunidades econômicas para as pessoas, proporcionando um futuro mais seguro, inclusivo e próspero para todos”.
Agora levante-se. Vá à janela. Contemple o cenário que se descortina. E, silenciosamente, fique a meditar sobre nossos irmãos lá de Uganda.
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