Engajada nas carreatas deste fim de semana que pedem a reabertura do comércio, a poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) propõe que a volta à “normalidade” comece pelo funcionamento de escolas, creches, restaurantes e comércio varejista. Pela proposta da entidade, esses devem ser os primeiros grupos a retornar às ruas em meio à pandemia de covid-19.
De acordo com o documento “Plano de retomada da atividade econômica após a quarentena” (veja a íntegra no final deste texto), assinado pela entidade, o retorno deve se dar em quatro momentos ao longo de 45 dias. Apenas idosos e pessoas com doenças preexistentes, o chamado grupo de risco, devem ficar em “quarentena domiciliar”.
O processo de reabertura gradual das atividades, segundo a Fiesp, deve seguir o “grau de essencialidade”, com estabelecimentos funcionando em horários alternados para diminuir a concentração do fluxo no transporte público. A federação sugere o seguinte calendário:
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Veja a sugestão da Fiesp para a retoma das atividades em meio à pandemia:
Quadro acima faz parte do plano de retomada proposto pela Fiesp
De acordo com o último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, nesse sábado, 36.599 pessoas morreram no Brasil em decorrência do novo coronavírus. O número de infectados passa de 2.347. Mesmo com esses números, considerados subnotificados devido ao baixo índice de testagem, alguns estados e municípios começam a relaxar as regras de isolamento, em meio à pressão de empresários. Em todo o mundo, mais de 160 mil pessoas perderam a vida devido à pandemia.
A Fiesp propõe que a situação seja reavaliada a cada sete dias, para que os protocolos sanitários sejam relaxados ou intensificados. “A liberação completa da atividade estará condicionada à evolução da epidemia”, afirma o documento. A entidade sugere o escalonamento de horários e intervalos de início e término de turno e a possibilidade de as operações das empresas passarem de cinco para sete dias.
Pelo protocolo defendido pela federação, escolas de ensino médio que estão funcionando a distância devem permanecer assim até o final do primeiro semestre, retornando às atividades presenciais apenas em agosto. Entre as medidas para proteção de estudantes, professores e demais profissionais da educação, o plano prevê o uso de termômetro digital infravermelho digital, a demonstração da correta lavagem das mãos e comportamentos positivos de higiene, banheiros limpos, uso de álcool gel e maior ventilação em sala de aula.
Em relação ao transporte público, uma das sugestões é que passageiros mantenham “distância mínima segura entre si”, medida muitas vezes inviável devido à superlotação de ônibus, metrôs e trens. Passageiros, motoristas e cobradores devem usar máscaras.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf (MDB), é adversário do governador João Doria (PDSB), por quem foi derrotado em 2018. Com apoio do presidente Jair Bolsonaro, de quem se tornou aliado, Skaf tem travado queda de braço com Doria, possível candidato ao Planalto em 2022, que defende o isolamento social para conter a covid-19. O governador foi um dos principais alvos das manifestações realizadas ontem no estado pela reabertura do comércio em São Paulo.
Bolsonaro é o único líder de país de maior relevância mundial a ainda minimizar o novo coronavírus. Defendem a mesma posição dele apenas os presidentes da Nicarágua, do Turcomenistão e da Bielorússia – três ditaduras.
> Confira a íntegra do documento da Fiesp
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