O YouTube anunciou que removeu de sua base um vídeo da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), ligada ao Itamaraty que, sem provas, afirmava que o uso de máscaras seria nocivo à saúde humana. O YouTube afirmou que tem políticas claras sobre o tipo de conteúdo que pode estar na plataforma e não permite vídeos que incentivam atividades que possam causar danos físicos graves ou morte, e retirou o vídeo do ar.
O Congresso em Foco questionou a plataforma sobre um segundo link para o vídeo, presente no site da Funag, que estava operante. Segundo a plataforma, vinculada ao Google, o segundo link de acesso foi desabilitado no final da tarde, após o contato da reportagem.
O conteúdo banido é um seminário online realizado pela Funag em 3 de setembro – um dos diversos que a Fundação tem realizado pelo YouTube desde o início da pandemia. No encontro, com o tema “A conjuntura internacional no pós-coronavírus”, Carlos Adriano Ferraz, que ocupa o cargo de professor de filosofia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), disse que o uso de máscaras seria nocivo à pessoas saudáveis.
Leia também
No vídeo, Carlos não apresenta provas da tese que sustentou – que vai contra o que defendem autoridades médicas, científicas e sanitárias em todo o mundo para o combate à pandemia de covid-19. Carlos também ocupa cargo no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.
Além do vídeo, um texto apresentado pela Fundação também traz “referências bibliográficas sugeridas pelo professor Carlos Adriano Ferraz sobre o uso de máscaras”, com 13 artigos diferentes.
Outros participantes do seminário são Paulo Eneas, editor de um site bolsonarista, e Paulo Figueiredo Filho, influenciador no espectro conservador e neto do ex-ditador João Baptista Figueiredo (1979-1985).
PublicidadeQuestionado, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos disse que o servidor Carlos Adriano Ferraz expressou sua opinião pessoal, “que não necessariamente corresponde ao posicionamento oficial do Ministério”. Apesar do banner do evento indicar Carlos como um membro da pasta, o Ministério disse que ele não participou do evento como um integrante do governo. O Itamaraty ainda não se pronunciou sobre o caso.
A Funag tem promovido encontros online para promover uma agenda conservadora dentro do Ministério das Relações Exteriores. Há dois meses, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi convidado para falar na palestra “Resgate na Relação Brasil-Estados Unidos e seus benefícios”. Em outra transmissão, o antropólogo Flávio Gordon falou sobre “globalismo e comunismo”.
> Em audiência pública, Ernesto Araújo chama governo Maduro de “facínora”
> Senador pede impeachment de Ernesto Araújo por rompimento com a Venezuela
Deixe um comentário