Da defesa do coronel Brilhante Ustra, primeiro militar reconhecido pela Justiça como torturador, às menções inverídicas sobre as vítimas do golpe de 1964, o presidente Jair Bolsonaro coleciona declarações polêmicas e agressivas em apoio ao regime que torturou 20 mil e matou 434 pessoas em seus porões, segundo a Human Rights Watch (HRW). Oposição, juristas e de representantes da área de direitos humanos reagiram às recentes falas do presidente e já estudam a apresentação de pedido de impeachment de Bolsonaro.
Mas não é a primeira vez que ele está no centro de controvérsias sobre a ditadura. O Congresso em Foco levantou alguns ataques do político às vítimas do período de repressão. Confira:
1) “Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB? Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade.”
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Em julho de 2019, em crítica ao presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Ele é filho de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, que desapareceu na ditadura. Bolsonaro comentava o desfecho do processo judicial que considerou Adélio Bispo, autor da facada no presidente, inimputável.
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2) “Ela estava indo para a guerrilha do Araguaia quando foi presa em Vitória. E depois [Miriam Leitão] conta um drama todo, mentiroso, que teria sido torturada, sofreu abuso etc. Mentira. Mentira.”
Em julho de 2019, durante café da manhã com jornalistas estrangeiros. A jornalista Miriam Leitão nunca participou da luta armada.
3) “Onde você viu uma ditadura entregar para a oposição de forma pacífica o governo? Só no Brasil. Então, não houve ditadura.”
Em março de 2019, em meio ao debate público sobre comemorar ou não o aniversário do golpe militar. Na ocasião, ele afirmou que o regime foi uma maravilha.
4) “Sou capitão do Exército, minha missão é matar.”
Em junho de 2017, durante palestra em Porto Alegre.
5) “O erro da ditadura foi torturar e não matar.”
Em julho de 2016, em participação no programa Pânico, da rádio Jovem Pan.
6) “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim”.
Em abril de 2016, durante a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
7) “Desaparecidos do Araguaia? Quem procura osso é cachorro.”
Em maio de 2009, para familiares de desaparecidos na ditadura, em cartaz anexado na entrada de seu gabinete na Câmara dos Deputados. Eleito presidente, Bolsonaro determinou, neste ano, o encerramento do Grupo de Trabalho Perus, responsável por identificar corpos de desaparecidos políticos da ditadura militar (1964-1985) entre as 1.047 caixas com ossadas da vala comum de um cemitério na zona oeste de São Paulo (SP), e o Grupo de Trabalho Araguaia, responsável pela busca e identificação dos restos mortais da guerrilha do Araguaia.
8) “No período da ditadura, deviam ter fuzilado uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique.”
Em maio de 1999, num programa de TV, ao defender o fechamento do Congresso Nacional.
9) “Morreu menos gente que durante o último carnaval em São Paulo.”
Em 1999, Bolsonaro declarou que, caso fosse o presidente da República, “daria um golpe no mesmo dia” e fecharia o Congresso, “porque não funciona”.
10) “Pinochet devia ter matado mais gente.”
Em 1998, Bolsonaro em entrevista à revista Veja sobre a ditadura chilena de Augusto Pinochet. Ao todo, o regime deixou mais de 3.000 mortos ou desaparecidos, torturou milhares de prisioneiros e forçou 200 mil chilenos ao exílio.
11) “Sem Fidel Castro financiando a luta armada no nosso país, teríamos acabado no máximo com Costa e Silva o período militar, graças aos militares nós hoje gozamos de democracia.”
Em 2013, durante debate com a blogueira cubana Yoani Sánchez, crítica do regime da família Castro, que dura mais de cinco décadas. Ele repetiu a justificativa de que o golpe militar foi uma resposta à ameaça comunista no Brasil.
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