A jornalista e documentarista Sandra Terena assumirá a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do governo Jair Bolsonaro. Terena é curitibana e filha de pai indígena e sua nomeação surpreendeu o movimento negro.
Em 2009, Sandra Terena ficou conhecida pelo documentário “Quebrando o silêncio”, que revela práticas de infanticídios em comunidades indígenas. Pelo trabalho, foi vencedora do prêmio Internacional Jovem da Paz naquele ano.
A ativista política também participou de audiências públicas do Senado que tratavam do Projeto de Lei da Câmara 119/2015, de autoria do deputado Henrique Afonso (PV-AC). O projeto buscava combater as chamadas “práticas tradicionais nocivas” em comunidades tradicionais, como o infanticídio, mas causou polêmica ao ser relacionado a uma possível intolerância religiosa e étnica.
Sandra, porém, opôs-se à interpretação e acusou a Fundação Nacional do Índio (Funai) de negligência: “A partir do momento em que estamos pedindo que haja direito de vida para nossas crianças, é dever do governo apoiar meios para que isso aconteça”, reclamou.
Leia também
Laços
Sandra Terena é presidente da ONG Aldeia Brasil é aliada política antiga de Damares Alves, futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. Quando Damares foi anunciada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, Sandra elogiou a escolha e afirmou que a pastora evangélica é profunda conhecedora das necessidades indígenas.
PublicidadeÀ época, ela voltou a criticar a gestão da Funai na era PT. “Ao contrário do que diziam por aí, o governo Bolsonaro pode desfazer os estragos feitos pelo governo Lula e Dilma”, afirmou.
> Futura ministra dos Direitos Humanos conta que foi estuprada por pastores dos seis aos dez anos
Nesta quarta-feira (19), Sandra participou de uma reunião com militantes da igualdade racial, acompanhada de Damares Alves. Como o Congresso em Foco revelou, durante a primeira reunião do futuro ministério com o governo de transição, no último dia 11, foi exibido um organograma em que a secretaria aparecia como um departamento da Secretaria de Direitos Humanos. Para militantes da área, a perda de status seria um retrocesso político da pauta.
Após o anúncio, conselhos estaduais e municipais de todo o país convocaram um abraço simbólico ao redor do prédio da Seppir, protestando contra sua extinção. Mesmo com o recuo do governo, a manifestação foi mantida, pois os militantes solicitavam uma reunião com a pasta.
Supresa
Conselheiro Nacional de Igualdade Racial, Nuno Coelho afirma que a militância recebeu com surpresa o nome de Terena, primeira indígena a assumir a Seppir. Segundo ele, desde a criação da secretaria em 2003, o cargo foi ocupado apenas por nomes da militância negra.
“A ministra disse que fez isso como ato de ação afirmativa, uma vez que a Funai vem para a pasta de direitos humanos. Ainda não avaliamos o fato, se é bom ou ruim”, explica.
Outra surpresa foi o orçamento deixado pelo atual governo: Coelho afirma que, de R$ 36 milhões, o montante passa a R$ 7 milhões.
“Vão ter que rebolar ao longo do ano, pedir suplementação orçamentária. Nesse valor só mantém estrutura física, administrativa”, vislumbrou o conselheiro.
Permanência da Seppir
Para Nuno Coelho, a manutenção da Igualdade Racial como secretaria foi fruto da manifestação convocada para esta quarta-feira (19).
“A futura ministra falou muito rapidamente conosco, mas disse que a ação de manter a estrutura da Seppir foi por conta dessa mobilização social e política”, revelou.
O secretário nacional da Igualdade Racial substituto, Diego Moreno, concorda. “Acho que conseguiram [o recuo do governo] não só pela oportunidade de conhecerem o histórico da Seppir, mas com o protagonismo da sociedade civil, convocando as pessoas em redes sociais e grupos de conversa.”
> General eleito pelo PSL quer cassar partidos envolvidos em irregularidades
> Maia e Renan são favoritos para presidir Câmara e Senado, apontam líderes do novo Congresso
Se não for negro não serve, se não pensar igual negro não presta. Assim falou os atrasado de plantão do tal movimento negro.
É o típico caso que dá tela azul na cabeça do esquerdista. Ele quer defender a causa negra, mas não pode xingar o índio, visto como minoria de igual quilate. Quando a situação envolve dois oprimidos (de acordo com a cantilena marxista), cria-se um impasse para a turminha da lacração.