O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), soltou uma nota nesta segunda-feira (17) afirmando que os técnicos da pasta não vazaram informações sobre a menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo tio. A criança passou por um procedimento de aborto legal neste domingo (16).
Na nota, o ministério comandado por Damares Alves diz que não havia conhecimento sobre o nome da criança, nem o endereço da família. E que “jamais tiveram contato com qualquer pessoa próxima à criança”. O comunicado lamenta que o caso tenha suscitado “uma campanha desnecessária contra o envolvimento do ministério” e que “utilizaram, de forma irresponsável, a dor de uma criança e de uma família em prol de bandeiras ideológicas que em nada contribuem para aperfeiçoar os mecanismos de proteção da infância”.
Neste domingo (16) a extremista Sara Winter revelou o endereço da unidade de saúde em que aconteceria o aborto legal da criança e publicou também o nome da menina. Parlamentares evangélicos e um grupo de fundamentalistas religiosos tentaram impedir a realização do procedimento. A menina interrompeu a gravidez no Recife após a equipe médica do Espírito Santo se negar a atuar mesmo depois de decisão judicial.
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Ainda na tarde de ontem (16), políticos lembraram nas redes sociais que Sara Winter já trabalhou com Damares e chegaram a sugerir que o vazamento teve origem no ministério.
Damares pode estar por trás do grupo de fundamentalistas que tentaram coibir família da menina de 10 anos, vítima de estupro, a não fazer aborto legal. Uma representante do Estado que estimula a violação de alguém que já está sendo violado.O Ministério Público tem que investigar!
Publicidade— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) August 17, 2020
2 Apesar da permissão legal e judicial, um grupo de fanáticos mobilizado pela ministra Damares tentou invadir o hospital de PE em que a menina foi operada, para impedir a cirurgia. Gravidez aos 10 anos é de enorme risco e os fanáticos não consideraram a ameaça à vida dela. (…)
— Dilma Rousseff (@dilmabr) August 17, 2020
Sara Winter, ex-assessora de Damares teve acesso ao nome da criança que sofreu estupro, engravidou, e foi autorizada judicialmente a interromper a gestação?
— Nilto Tatto (@NiltoTatto) August 17, 2020
A deputada Sâmia Bomfim (Psol) retuitou o post de Luana Alves, filiada ao partido no Rio de Janeiro, que questiona a origem dos dados.
Como Sara Winter teve acesso aos dados sigilosos da criança? Quem está por trás dos fundamentalistas que foram até o hospital? O que Damares tem a ver com a perseguição à família da criança?
Precisamos de respostas e de #SaraWinterNaCadeia
— Luana Alves (@oiluanaalves) August 17, 2020
Confira a nota do ministério na íntegra:
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) vem esclarecer a atuação desta pasta em relação ao caso da menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo tio, em São Mateus (ES).
Após registro de denúncia relacionada ao caso no Disque 100 (Disque Direitos Humanos), técnicos do ministério realizaram reuniões virtuais com membros do conselho tutelar e da secretaria de assistência social do município.
Durante os encontros, ficou constatado, diante de diversos outros casos de violações de direitos de crianças e adolescentes na região, a necessidade de melhorar a rede de proteção.
Em seguida, a Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNDCA) e a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), ambas do MMFDH, enviaram técnicos para acompanhar, presencialmente, todos os desdobramentos desse e de outros casos, com o objetivo de tomar as medidas cabíveis.
Assim como ocorreu em ocasiões semelhantes, a exemplo dos casos do menino Rhuan, do abuso de adolescentes pela internet e da suspeita de abuso sexual em Sobral (CE), o MMFDH realizou reuniões com diferentes atores do sistema de garantia de direitos da infância.
Além de instrumentos para fortalecimento da rede de proteção local, os representantes do ministério ofereceram todo o apoio e suporte necessários às crianças vítimas de violência no município.
É importante destacar, também, que o MMFDH acompanha de perto diversas investigações para auxiliar na responsabilização do agressor pelo crime cometido, bem como para aperfeiçoar os mecanismos de proteção já existentes.
No caso específico da criança abusada, o ministério encaminhou ofícios à Polícia Federal e à Polícia Rodoviária Federal, para que auxiliassem na localização do criminoso.
Além disso, outras medidas estão sendo tomadas. Entretanto, por ora, preservaremos o sigilo, por se tratar de matéria relacionada aos direitos da criança e para não expor os procedimentos repressivos adotados pelas autoridades locais.
Salienta-se que os técnicos do MMFDH não sabiam o nome da criança, nem o endereço da família. E que jamais tiveram contato com qualquer pessoa próxima à criança. A atuação do ministério limita-se ao relacionamento com as autoridades municipais durante o período de investigação.
Esses cuidados evidenciam que este ministério não é responsável por qualquer vazamento de informação sigilosa em relação ao caso. O MMFDH respeita e age de acordo com a lei e sob os princípios da administração pública.
Lamentável que um caso tão triste tenha suscitado, desde o início da última semana, uma campanha desnecessária contra o envolvimento do ministério.
Utilizaram, de forma irresponsável, a dor de uma criança e de uma família em prol de bandeiras ideológicas que em nada contribuem para aperfeiçoar os mecanismos de proteção da infância.
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