O professor David Emanuel de Souza Coelho, colaborador do blog Náufrago da Utopia, produziu o que me parece ser o artigo mais completo e didático dentre todos os que têm saído nos últimos dias sobre as novas formas de induzirem-se coletividades a votos desastrosos, movidas pela bílis e passando batido pelos imensos prejuízos que sofrerão como consequência de suas opções intempestivas: “Manipulação psicológica dos eleitores atinge novo patamar de eficácia e isso se constata na campanha de Bolsonaro” (clique aqui para acessar).
Trata-se de leitura obrigatória, até por já serem dois os reveses em boa parte decorrentes dessas práticas que desfiguram ainda mais a democracia burguesa, o Brexit e a eleição de Donald Trump. Um terceiro só deixará de ocorrer se o povo brasileiro acordar rapidamente de seu desvario autoritário: a condução ao Palácio do Planalto do político mais despreparado para presidir o Brasil em todos os tempos, Jair Bolsonaro.
Para não alongar a discussão, aponto o principal motivo de ele ser o homem errado no momento errado: passou três décadas de vida política surfando nas ondas do ódio, sempre açulando a truculência de uma parte da sociedade contra a outra.
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Ocorre que estamos há quatro anos com o país dividido em duas metades que não param de se digladiarem, gerando desunião política suficiente para inviabilizar todas e quaisquer possibilidades de sairmos da recessão que impiedosamente fustiga o nosso povo.
O Brasil neste momento precisa desesperadamente de uma trégua, de um mínimo de diálogo e entendimento para que sejam reduzidas as tensões antes de todas as nossas cidades virarem campos de batalha.
Apesar de possuir limitações evidentes, Fernando Haddad ao menos não depende da manutenção e incremento do ódio para sua sobrevivência política. Tem gabarito intelectual para perceber que rumamos para um abismo que nos tragará a todos e já acenou com a perspectiva de fazer um governo com menos exclusivismo arrogante e mais bom senso que os últimos do PT.
PublicidadeÉ pouco? É. Mas, a alternativa é menos do que nada: um candidato que, para não perder o controle sobre a horda selvagem de seguidores agrupados no núcleo duro de sua campanha, terá de cumprir pelo menos uma parte de suas propostas extremamente radicais (algumas até ilegais, como a promessa de extradição de Cesare Battisti, que nenhum presidente terá o direito de ordenar sem a anuência do STF).
Ou seja, com Haddad talvez superemos o clima político corrosivo que perdura desde a reeleição de Dilma Rousseff, já maculada por flagrantes mentiras e estelionato eleitoral. Os adversários não aceitaram perder de tal maneira e o resultado foram quatro anos de crise política e estagnação econômica.
Agora se desenha uma vitória ainda mais contestável, porque a inacreditável quantidade de fake news disseminadas nas redes sociais pela campanha de Bolsonaro simplesmente maximizou o estelionato eleitoral de 2014. Como poderá ser docilmente aceita?
Com isso, mais a profusão de medidas impopulares que estão sendo antecipadas por Bolsonaro e sua trupe, evidentemente haverá reações, cuja contundência vai aumentar à medida que os cidadãos comuns forem se dando conta do logro sofrido.
Resultado: uma escalada de violência política que provavelmente ultrapassará tudo que vimos até hoje no Brasil, conduzindo a um autogolpe ou a um golpe militar. E, claro, mais anos e anos de recessão, embora nosso povo já esteja no limite de suas forças.
A contagem regressiva está em curso. Temos cerca de uma semana para tomarmos decisões rápidas e eficazes. Caso contrário, tornar-se-á impossível evitarmos a abertura das portas do inferno.
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