Em um país como o Brasil, onde diferentes tradições, expressões culturais e condições geográficas convivem, a diversidade é a regra. Mas isso não significa que o acesso aos espaços de poder seja igual para todos. A política se torna mais rica e eficiente quanto mais grupos ocuparem cargos de decisão e liderança. Por isso, é importante que diferentes opiniões e ideias possam se encontrar. A presença feminina é fundamental para assegurar espaço para histórias, experiências e perspectivas que, por muito tempo, foram ignoradas.
Mulheres na política trazem mais do que diversidade de gênero: quando uma delas ocupa um cargo de poder leva consigo as vozes de tantas outras. Estudos mostram que elas são, em muitos casos, gestoras públicas mais competentes. Em uma pesquisa que analisou 125 países, incluindo o Brasil, a corrupção aparece menos em lugares onde as mulheres ocupam cargos de poder. Outro levantamento, organizado pelo Núcleo de Estudos Raciais do Insper, analisou centenas de trabalhos acadêmicos, revelando que as líderes femininas têm até 35% menos chances de se envolver em corrupção do que os homens.
A diversidade não só enriquece a política, ela também melhora a prestação dos serviços públicos e faz a democracia representar de fato o que é a nossa sociedade. Para construir um Brasil mais justo, precisamos continuar a lutar por uma representação equitativa que envolva todos os grupos. Isso não é só um favor às mulheres, mas traz benefícios para todo mundo, resultando em decisões mais ricas e inclusivas.
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Barreiras estruturais, como a discriminação de gênero e a falta de apoio em redes políticas, ainda são obstáculos à subida de mulheres para os cargos legislativos e executivos. De Norte a Sul, os casos de violência política de gênero também reforçam um ciclo vicioso que desencoraja a participação feminina, criando um ambiente ainda mais hostil para as mulheres na política.
Nas eleições municipais de 2024 a participação feminina deu mais um salto. Tivemos 717 prefeitas eleitas, um aumento de 9% em relação a 2020. Nas câmaras municipais o crescimento foi de 13%, com 1.232 vereadoras a mais. Mesmo com esse progresso, o Brasil ainda enfrenta desafios. Segundo o último Censo, 51% da população é composta por mulheres. Estamos representadas? Somos cerca de 6 milhões a mais de brasileiras, que trabalham, cuidam de suas famílias, circulam e movimentam a economia das cidades brasileiras.
A prática democrática real é muito mais do que conceitos empoeirados em livros. Ela exige que todos os grupos sociais sejam ouvidos, representados e tenham participação. A presença de mulheres na política é como uma janela que se abre após muito tempo fechada. A luz que entra no campo da política carrega consigo uma brisa de diversidade, empatia e novas perspectivas. Mesmo que a representatividade vá muito além da equidade de gênero, após séculos onde o poder foi tratado como um clube fechado, a presença feminina amplia nosso cenário político. Como uma chave que se vira lentamente na direção de uma democracia mais plural.
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