Seis meses atrás escrevi e publiquei um artigo com o título “O que seria de nós sem a burrice dessa gente?”, sobre os golpistas de 8 de janeiro que fizeram aquela m… desculpe, aquele crime e não apenas deixaram suas impressões digitais como também se deixaram fotografar e filmar quebrando tudo, e fornecendo gratuitamente as provas das atrocidades que cometeram. Santa burrice! Burrice que, graças aos céus, continua a nos salvar diariamente, haja vista a descoberta feita pela CPMI dos atos golpistas, de que alguns ajudantes de ordens do golpista-mor Jair Bolsonaro excluíram mais de 17 mil e-mails das contas de trabalho deles. Só que os energúmenos esqueceram de um detalhe essencial: não apagaram as mensagens… das lixeiras dos computadores! Não sabiam nem ninguém disse a eles que as “lixeiras”, apesar desse nome, são locais onde simplesmente fica guardado tudo o que foi “apagado”. Tanto assim que existe um comando em todo computador para apagar o que está… na lixeira! Ufa! Ainda bem. Pois assim os integrantes da CPMI tiveram acesso a TODOS os e-mails, e já encontraram tudo arrumadinho, sem precisar vasculhar conta por conta. Nesse caso, a Nação só tem a agradecer à burrice desse povo, é ou não é?
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Pois foi graças à ignorância dessa raça que a CPMI pôde saber, por exemplo, que entre os e-mails que foram recuperados na lixeira do computador do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ajudante-de-ordens de Bolsonaro, estava a informação da tentativa de venda de um relógio Rolex por US$ 60 mil, equivalente a R$ 300.000. Detalhezinho sem maior importância: o Rolex havia sido ganho por Bolsonaro numa das viagens oficiais. Mauro Cid havia trocado mensagens com uma ex-assessora da Presidência sobre a venda do relógio, muito provavelmente por encomenda de Bolsonaro, que adora grana pura, como ficou provado com os 17 milhões arrecadados na vaquinha por pix que montou para pagar as multas recebidas do governo paulista por não usar máscaras na pandemia. Detalhezinho igualmente sem importância: até hoje não pagou essas multas, que somadas chegam a R$1.062.416,65. E pilheriou sobre os R$ 17 milhões que embolsou das doações do gado burro: – Dá pra pagar um caldo de cana pra Michele!
A burrice desse povo igualmente permitiu que fossem localizados na lixeira do computador de Osmar Clivelatti, hoje servidor de apoio de Bolsonaro, um e-mail atestando a existência de pedras preciosas recebidas pelo ex-presidente numa visita a Teófilo Otoni (MG), durante a campanha eleitoral, em outubro do ano passado. O e-mail revelava, “apenas”, que as joias seriam destinadas ao ex-presidente e à ex-primeira-dama Michele Bolsonaro e não teriam sido cadastradas como bens pertencentes à Presidência da República, e sim ao acervo pessoal dos Bolsonaro. O e-mail entrega de bandeja a tentativa de apropriação indébita de itens pertencentes à União e não ao ocasional ocupante da Presidência da República. Com singeleza tão clara e elegante, o e-mail explicita em detalhes a burrice do remetente. Melhor transcrevê-lo na íntegra, pro leitor dar umas risadas: “Em 27/10/2022, foi guardado no cofre grande, 01 (um) envelope contendo pedras preciosas para o PR (presidente da república) e 01 (uma) caixa de pedras preciosas para a PD (primeira-dama), recebidas em Teófilo Otoni em 26/10/2022. A pedido do TC Cid, as pedras não devem ser cadastradas e devem ser entreguem em mãos para ele. Demais dúvidas, Sgt Furriel está ciente do assunto”. Precisa dizer mais alguma coisa? Simples assim.
Houve uma época, aqui em Brasília, durante a ditadura militar, em que os jornalistas reviravam o lixo das casas de ministros e outras autoridades e neles encontravam papéis altamente comprometedores. Suas excelências não se davam sequer ao trabalho de incinerar os documentos jogados fora. Prato cheio pra quem vive de notícias. Esse desleixo permitiu até uma descoberta retumbante, que mudou a versão corrente até então de que o então ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen entornava hectolitros de uísque. Notas fiscais encontradas no lixo dele provaram que gostava mesmo era de cerveja. Em quantidades industriais!
Agora, as lixeiras são virtuais. Mas continuam muito importantes. E tais como as pedras e as joias, muito, mas muito preciosas.
Por tudo isso, salve a burrice! Santa burrice! Providencial burrice! Pelo amor de tudo quanto é sagrado, vamos lutar em favor da preservação da burrice. Porque se ela for extinta, o que será de nós?
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