Edson Sardinha e Eduardo Militão
Os membros e ex-membros do Instituto Promur – Programa Multidisciplinar de Reabilitação – brigam na Justiça por equipamentos de emissora de televisão. Os bens são avaliados em cerca de R$ 300 mil e fazem parte de uma disputa maior, que envolve também a realização de uma feira nordestina promovida pelo então deputado Frank Aguiar (PTB-SP). O evento teve apoio de emenda do próprio parlamentar, mas o governo diz que houve irregularidades na execução do projeto e cobra a devolução de R$ 2,5 milhões.
Fundada em 1986, segundo registros da Receita Federal, a ONG está fechada atualmente.
Até 2007, o presidente do instituto era o otorrinolaringologista Edson Miranda Monteiro. A entidade funcionava em sua clínica, na avenida Leôncio de Magalhães, no Jardim São Paulo, na capital paulista. De acordo com o secretário do Promur, o advogado João Carlos Rocha, o imóvel tinha ainda uma sala onde eram feitos atendimentos assistenciais. Depois, Monteiro vendeu a propriedade para o empresário Cláudio Gonçalves Santos, o apresentador de TV esotérico Cláudio José.
De acordo com Monteiro, sua saída da direção da entidade e depois da própria ONG, se deveu a problemas de transparência, como a falta de prestações de contas e a realização da feira nordestina, promovida por Frank Aguiar em abril de 2008. Rocha cita “problemas internos e de relacionamento”.
Ele afirma que, com a compra do imóvel, Cláudio José tornou-se presidente do Promur. Insatisfeitos com a gestão dele e com a falta de acesso aos documentos do instituto, os membros destituíram o apresentador esotérico da ONG. E foram à Justiça para tentar obter a papelada.
O processo tramita na 4ª Vara Cível de Santana. No ano passado, Cláudio José – que hoje administra a TV Mundi, especializada em conteúdo esotérico – tentou pegar de volta equipamentos de televisão que julga lhe pertencerem e não ao instituto. Mas a juíza Fernanda de Carvalho Queiroz negou o pedido.
“O impugnante pretende obter a devolução de mais de uma centena de bens de elevado valor, dentre eles inúmeros equipamentos de informática, geladeiras, mobiliário, aparelhos de ar condicionado, mesa de corte data video, mesa de som Behringer, mesa de som Wattsom, mesa de luz Magma MDS, microfones, câmeras, televisores de LCD, o que por óbvio não têm valor irrisório posto serem notórios o elevado valor de muitos destes equipamentos no mercado”, relata a juíza Fernanda Queiroz.
Afastado da ONG, Monteiro continua com sua clínica de otorrinolaringologia. Hoje, está fundando uma nova entidade, o Instituto Viver Mais e Melhor Saúde Integrada.
Às cegas
Nos últimos três anos, o Promur teve três presidentes. Está fechado, sem sede e seu domínio www.promur.org.br foi apagado dos registros do comitê gestor da internet no Brasil. Rocha afirma que a atual diretoria não sabe nada do que se passou durante a administração de Cláudio José. Às cegas, os diretores aguardam decisão da Justiça, que foi quem garantiu ao grupo a destituição do presidente anterior, para pegar a documentação e começar a analisar o problema da dívida de R$ 2,5 milhões.
Procurado pelo Congresso em Foco na quinta-feira (9) e na sexta-feira (10), o apresentador de TV não foi localizado. Seus funcionários disseram que ele estava em viagem ao exterior, em Honduras, na América Central.
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