Candidato barrado pela Justiça eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) foi “homenageado” ao estrelar uma campanha de combate à corrupção da ONG Transparência Internacional, lançada nesta terça-feira (2) na Suíça. Apresentado como “Mr. Kickback” – ou “Senhor Propina”, em português -, o deputado é acusado pela ONG de desviar US$ 344 milhões dos cofres públicos durante sua última passagem pela prefeitura de São Paulo, nos anos 1990.
“Não existem muitas pessoas que podem dizer que existe um verbo criado a partir de seu nome. Mas Paulo Maluf pode”, diz o texto da campanha. Para completar em seguida: “malufar” é sinônimo de “roubar dinheiro público”. O parlamentar sempre negou as acusações e diz ser inocente.
A ONG segue com ironia ao comentar a atual situação do parlamentar brasileiro. Após fazer um histórico das principais acusações contra Maluf, a campanha “Desmascare o Corrupto” lembra que, ao contrário do que se possa imaginar, ele não está preso. “É um membro do Congresso Nacional”, afirma. O deputado está na lista de procurados da Interpol e corre o risco de ser preso caso deixe o território brasileiro. “Se ele corre o risco de ser preso se sair de seu país, no Brasil ele está livre”, emenda.
A iniciativa tem como propósito cobrar das autoridades suíças a identidade de figuras corruptas, bem como a divulgação do registro de empresas de fachada usadas pelos acusados de corrupção, por meio da revisão nas leis suíças sobre o sigilo bancário. O assunto começa a ser discutido no Parlamento do país.
Maluf protagoniza a campanha ao lado de James Ibori, nigeriano acusado de desviar US$ 250 milhões dos cofres públicos, e de Zine al-Abidine Ben Ali, ex-ditador tunisiano derrubado pela chamada Primavera Árabe, em 2011.
Ficha Limpa
PublicidadePor quatro votos a três, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) barrou ontem (1º) a candidatura à reeleição do deputado com base na Lei da Ficha Limpa. A maioria da corte entendeu que o ex-prefeito paulistano está impedido de se candidatar por ter sido condenado, em dezembro do ano passado, pelo Tribunal de Justiça por improbidade administrativa. Cabe recurso contra a decisão do TRE-SP.
Na decisão do final de 2013, o Tribunal de Justiça condenou Maluf à suspensão dos direitos políticos por cinco anos ao responsabilizá-lo pelo superfaturamento na construção do túnel Ayrton Senna, obra realizada em sua gestão como prefeito da capital paulista, entre 1993 e 1996.
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