Os presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), decidiram nesta terça-feira (10) criar uma comissão mista de inquérito para investigar as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso desde o mês passado, com deputados e senadores. Um requerimento será elaborado para definir o foco das investigações. Depois, haverá coleta de assinaturas nas duas casas.
A expectativa dos presidentes das duas Casas é que a CPMI seja criada na próxima semana. São necessárias 27 assinaturas no Senado e 171 na Câmara. Após a leitura do requerimento em sessão do Congresso, os partidos ficarão responsáveis por fazer as indicações para compor o colegiado. Em um momento seguinte, haverá negociação pela presidência e relatoria.
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“Fechamos um entendimento, eu e o presidente José Sarney, de que o melhor será a constituição de uma CPI mista, mas o senador Sarney vai conversar ainda com os líderes do Senado e eu com os líderes da Câmara para que se possa construir uma redação única para a constituição da CPI e daí recolher as assinaturas nas duas Casas”, disse o presidente da Câmara após a reunião.
Crescem chances de instalação da CPI do Cachoeira
Maia disse não ter nenhuma dúvida de que foi constituído um “estado paralelo” por Cachoeira. “A articulação de um poder à revelia do estado brasileiro e que montou uma teia de contatos e relações tentando influenciar na decisão de órgãos públicos, no Legislativo, no Judiciário e na imprensa”, afirmou. Para ele, “não é razoável” que a denúncia tenha sido apresentada em 2009 só tenha sido levada à frente em 2012.
Líderes
Na Câmara, os líderes partidários defenderam a instalação da CPI do Cachoeira. Em 20 de março, o deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP) apresentou requerimento com 181 assinaturas, quatro a mais que o necessário, para criar o colegiado. Na semana passada, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse que ia esperar informações do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Procuradoria Geral da República (PGR) para decidir a melhor forma de investigação.
Hoje, porém, Maia mudou de posição. Passou a defender uma CPI mista. Antes da reunião com Sarney, ele afirmou que “se houver vontade de viabilizar a CPI no Senado, que façamos uma mista. É mais conveniente e não haverá disputa entre as Casas”. Caso não houvesse acordo para a criação de um colegiado com deputados e senadores, o petista adiantou que leria o requerimento da comissão proposta por Protógenes ainda nesta semana.
“Todos os lideres apóiam a criação CPI do Cachoeira”, disse o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), após sair da reunião de líderes na tarde de hoje. Integrantes da base governista e da oposição dizem que as investigações devem começar o mais rápido possível, especialmente pelo fato de o STF ter negado ao Senado acesso às informações apuradas pela Polícia Federal no inquérito da Operação Monte Carlo.
“Defendemos a CPI exatamente para que se esclareçam as informações, que vazam seletivas, quando se sabe que a rede é abrangente”, disse o líder do PSDB, Bruno Araújo (PE). Como o presidente da Casa, o tucano entende que, se houver demora no Senado para conseguir o número mínimo de assinaturas, a Câmara deve iniciar seu próprio procedimento investigatório.
São apontados como envolvidos com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, além do senador Demóstenes Torres (sem partido, ex-DEM-GO) os deputados Sandes Junior (PP-GO), Rubens Otoni (PT-GO), Jovair Arantes (PTB-GO), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ).
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