Haja fôlego para acompanhar nossa turbulenta conjuntura. Quando se imagina que a poeira vai baixar, fatos novos e graves jogam lenha na fogueira. A sensação em Brasília, neste momento, é que minutos valem dias, dias condensam anos. A velocidade dos acontecimentos é alucinante. Os brasileiros entre a perplexidade, a indignação e a saturação acompanham mobilizados os novos capítulos do drama nacional. Antenadas nas redes sociais, ansiosas pelas revelações das revistas semanais, atentas aos jornais da TV e alimentadas pelas especulações de bastidor, as pessoas oscilam entre a esperança e a descrença. A radicalização cresce, a temperatura sobe e um perigoso clima de intolerância ameaça contaminar a sociedade. Estádios de futebol, teatros, ruas e praças viram palco de disputa entre aqueles que se colocam contra ou a favor do governo.
O pano de fundo é a grave crise sistêmica. Recessão, desemprego, inflação, estrangulamento fiscal, endividamento, juros altos, credibilidade baixa, confiança se evaporando, corrupção institucionalizada, sustentação política frágil.
As coisas se aceleraram. As manifestações de 13 de março; a condução coercitiva de Lula; a revelação das conversas telefônicas pouco nobres e republicanas entre membros do governo e aliados; a fixação do rito do impeachment pelo Supremo Tribunal Federal; a instalação da Comissão Processante; a trapalhada da nomeação de Lula ministro para fugir de Sérgio Moro; a evolução das delações premiadas; os novos lances da Lava Jato. Tudo isto colocou a realidade em novo patamar. O processo político entra agora numa delicada reta final. Não haverá saída indolor. A falta de capacidade de diálogo de Dilma levou o país ao confronto e ao impasse. As instituições democráticas terão que, nos próximos sessenta dias, virar a página e apontar o rumo.
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Dois fatos fortaleceram a perspectiva de aprovação do afastamento de Dilma: o Datafolha, revelando que 68% dos brasileiros apoiam o impeachment, e a decisão também favorável do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, por 26 votos a dois, dando um importante aval à consistência jurídica e institucional do processo de impeachment.
Amanhã, mais um fato importantíssimo acelerará o processo de isolamento de Dilma e do PT. O PMDB, maior partido aliado da base do governo, aprovará em encontro nacional o afastamento do governo e a entrega dos cargos. Será a senha para o desembarque geral. Diariamente assistimos à mudança de posição de deputados até então indecisos ou favoráveis ao governo. A voz das ruas ecoa cada vez mais forte dentro do Congresso.
A Comissão Processante deverá votar seu relatório até o dia 13 de abril. Meu palpite: 40 a 25 a favor do impeachment. O plenário deverá se posicionar até o dia 21 de abril. Certamente conseguiremos os 342 votos necessários e mandaremos para o Senado, que dificilmente reverterá a marcha da história. E, dentro da Constituição e dos marcos legais, produziremos a mudança necessária.
PublicidadeNão haverá golpe, nisso todos concordamos. Haverá impeachment!
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