Clique abaixo para ouvir o comentário de Beth Veloso veiculado originalmente no Papo de Futuro, da Rádio Câmara, com Paulo Triollo:
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Imagina levar três meses para receber a sua carteira de identidade, como acontece na cidade de Tefé, na Amazônia Ocidental brasileira? Imagina um rio, como o Rio Negro, cheio de cabos de fibra ótica tipo “nadando” com peixes e botos… Imagina uma aldeia indígena no Solimões recebendo uma conexão ultrarrápida com a mesma velocidade da banda larga na Avenida Paulista, na capital paulista? Já pensou num programa lançado em 2014 para levar internet numa extensão de 8 mil quilômetros na Amazônia brasileira e que está parado por absoluta falta de recursos?
O Programa Amazônia Conectada é inovador e corajoso. Com uma equipe reduzida – apenas 20 pessoas – e barateando o custo do cabo de fibra ótica, que veio da Noruega, soldados e mergulhadores do Exército, com a parceria de mais de dez instituições, em especial o Ibama e a Rede Nacional de Pesquisa, estão deitando sob o leito dos rios amazônicos a conectividade que nunca chegou naquela região.Leia também
Há um ano, foi inaugurado o trecho que liga os Municípios de Coari a Tefé, numa extensão de 242 quilômetros. Isso significa dar adeus às conexões via satélite, que chegam a custar R$ 11 mil por um 1 (um) megabits por segundo de velocidade. A nova linha consegue transmitir até 100 Gigabits por segundo e a ideia do Exército é fazer parceria com provedores locais, além de interligar órgãos públicos, como escolas, levando não apenas educação, mas também saúde para a população ribeirinha. É a telemedicina chegando no Norte do Brasil.
O Amazônia Conectada vai criar cinco infovias por meio dos rios Negro, Solimões, Madeira, Juruá e Purus; a ligação de Manaus ao Município de Tefé, num total de 600 quilômetros, que será inaugurada no final do mês de maio; e, em seguida, será iniciada a implementação do cabo de ligação de Tefé ao Município de Tabatinga, em mais 900 quilômetros de extensão.
PublicidadeNo total, serão 52 municípios beneficiados, mas a força do projeto não está na sua importância, mas na determinação de pessoas como o General Decílio de Medeiros Sales, que sonha o dia em que as quase 1.600 escolas, só na rota do Rio Solimões, entre Manaus a Tabatinga, estarão conectadas. A parte da conexão, ao contrário dos cabos, veio de uma solução nacional, um gabinete que ficará na beira dos rios, no qual os provedores locais de internet podem conectar sua rede para levar a comunicação para os negócios, o governo ou a casa das pessoas.
É impressionante o impacto que o projeto terá não apenas na vida do amazonense, que sofre com a segunda pior rede de telecomunicações do país, segundo notícia do Jornal Amazonas Atual¹, atrás apenas do Amapá, mas também impressiona a falta de recursos para o Programa, cujo custo já é bem reduzido. A fibra ótica, por exemplo, custou cinco dólares o metro, ou R$15, 3 vezes menos que no mercado nacional.
Impressiona saber que apenas uma pequena balsa, que vai lançando toneladas de fibra no leito dos rios, pode ser responsável por uma revolução digital na região que tem a maior bacia hidrográfica do mundo e a maior biodiversidade do planeta, com potencial para beneficiar, no futuro, 3,8 milhões de habitantes.
Parece até história de boto cor de rosa seduzindo as amazonenses, mas, como a gente diz por aqui neste programa, é de vontade política, mas também de recursos no orçamento público, que se faz a segurança desse patrimônio natural, histórico e territorial brasileiro.
Navegando pelo Solimões, a gente tem certeza de que a inclusão digital no país não vai falhar, ainda que tarde.
¹ Disponível em: <http://amazonasatual.com.br/amazonas-e-o-segundo-pior-em-infraestrutura-que-envolve-estradas-energia-e-telecomunicacoes/> Acesso em: 27 mar 2017.
Se você não concorda ou quer comentar, escreva para nós: papodefuturo@camara.leg.br
Coluna produzida originalmente para o programa Papo de Futuro, da Rádio Câmara. Pode haver diferença entre o áudio e o texto.
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