Esses dias li que alguns vinhos brasileiros tinham sido premiados em Paris e vibrei com a notícia. Apreciadora de vinhos, estou sempre torcendo pelo reconhecimento dos rótulos nacionais e procuro prestigiá-los sempre que posso. Já tratei aqui na coluna de viagens sobre vinhos (publicada em 16/02) , sobre harmonização com comida (coluna de 5/01) e também sugeri alguns espumantes para a ceia de Natal (em 22/12/2016). Hoje vou falar sobre esses rótulos que se destacaram no terroir vinícola por excelência, na 27ª edição do concurso Vinalies Internacionales, de grande expressão mundial.
Os vinhos brasileiros ganharam 11 medalhas, três na categoria Ouro. São eles: o Aurora Reserva Chardonnay 2015 (fabricado pela Cooperativa Vinícola Aurora); o Jolimont Espumante Moscatel (da Vitivinícola Jolimont) e o Ponto Nero Espumante Brut (Domno do Brasil).
Outros conquistaram a Medalha de Prata (ver relação no final). O interessante é que os agraciados com o prêmio da Medalha de Ouro, mais cobiçado, são dois espumantes, um brut e um moscatel (a uva é doce e aromática) e um branco. De certa forma, isso confirma a opinião corrente que o Brasil atingiu um estágio mais alto na fabricação de espumantes.
Enólogos dizem que o Brasil é “bom de espumantes”. Há razões que podem explicar isso. Primeiro, o país fabrica as borbulhas há mais de 100 anos. Em 1913, a vinícola Peterlongo, na serra gaúcha, ganha na 1ª Exposição de Uvas de Garibaldi a Medalha de Ouro por seu “moscato Typo Champagne”. É o primeiro registro oficial da bebida no Brasil. Em 1915 é criada a Casa Peterlongo.
Segundo, temos solo e clima apropriado para um bom espumante na serra gaúcha. Clima temperado e úmido e solo mais ácido. Existe uma sub-região na serra rio-grandense, a de Pinto Bandeira, que tem sido considerada como a área de nossos espumantes “grands crus” e possui Indicação de Procedência (IP). Outro fato é que elaboramos esses líquidos preciosos com os mesmos processos dos franceses e usamos as mesmas uvas.
No método Charmat, mais recente, as borbulhas também são ocorrem em uma segunda fermentação, mas feita em tanques de inox. Eles são desenvolvidos para suportar a pressão. Depois da fermentação do mosto para ser transformado em vinho, o líquido é colocado em tanques. Com o acréscimo de leveduras e açúcares é feita uma nova fermentação, que libera gás carbônico.
PublicidadeMas alguns rótulos brasileiros tintos fizeram bonito na França, o que mostra que aos poucos passamos a sair do anonimato quando se trata de vinhos. O conceituado colunista de vinhos Jorge Lucki destacou alguns nomes em sua lista sobre os melhores vinhos do Novo Mundo degustados no ano passado, publicada no Valor Econômico (edição de 16 de dezembro de 2016).
Entre alguns tintos citados, ele destaca o Leopoldina Terroir Merlot 2012, da Casa Valduga; o Paralelo 31, da Bueno Wines: Guaspary Syrah Vista da Serra 2012, da Guaspary e o Pizzato DNA 99 Merlot 2011, da vinícola do mesmo nome.
Entre os espumantes, o eleito melhor pelo colunista é o Lírica Crua , da Vinícola Hermann; o Gran Legado Champenoise (Maison Forestier Vinhos e Espumantes), que ganhou medalha de prata na feira francesa; o Cave Geisse Brut Nature (Cave Geisse) e o Pizzato Nature 2013. Lucki enumera muitos outros rótulos com preços variados, todos dignos de atenção.
Abaixo, a lista dos vinhos que ganharam a Medalha de Prata no concurso na França. Tim-tim!
Aurora Espumante Brut – Cooperativa Vinícola Aurora
Aurora Reserva Merlot 2015 – Cooperativa Vinícola Aurora
Gazzaro Espumante Brut – Vinícola Gazzaro
Gran Legado Champenoise Brut – Maison Forestier Vinhos e Espumantes
Miolo Cuvée Tradition Brut – Miolo Wine Group
Ponto Nero Espumante Brut Rosé de Noir – Domno do Brasil
Salton Intenso Tannat 2015 – Vinícola Salton
Zanotto Espumante Brut – Vinícola Campestre
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