A presidente Dilma Rousseff tem feito um esforço enorme para criar condições para o crescimento sustentável da economia brasileira, com ações simultâneas em várias frentes: a) investimento em infraestrutura, especialmente via ampliação do PAC e do Programa Minha Casa, Minha Vida; b) combate ao desequilíbrio cambial, com providências para conter a valorização do dólar; c) medidas tributárias, como forma de evitar a desindustrialização do país; d) medidas de defesa comercial e de redução do custo para exportadores, e e) guerra aos juros altos, um dos maiores do mundo. Esse conjunto de ações, ao lado de importantes medidas de natureza fiscal e dos programas sociais de distribuição de renda, constitui a espinha dorsal de sustentação de seu governo.
Especificamente sobre a queda das taxas de juros, Dilma fez disso uma profissão de fé: i) cobrou do Banco Central a redução da taxa Selic; ii) obrigou os bancos oficiais a reduzirem seus spreads; iii) pressionou os bancos privados a também baixarem seus juros, inclusive com pronunciamento em cadeia de rádio e televisão no dia do trabalho, e iv) modificou a forma de remuneração da poupança, que vem desde o império, como meio de possibilitar uma maior queda na taxa de juros no país.
Entretanto, nos bastidores, já se especula sobre a estratégia política dessa cruzada pessoal da presidente para baixar os juros. É que, segundo essa lógica, o discurso e as medidas, que serão invocados na campanha pela reeleição em 2014, favorecem a presidente em qualquer hipótese, tanto em caso de sucesso quanto de fracasso.
Na primeira hipótese, a presidente teria dois cenários. Um de grande sucesso, com a economia voltando a crescer em bases sustentáveis, como tem sido o discurso oficial. Neste caso, o discurso na campanha da reeleição seria de que a queda dos juros foi fundamental para ampliar o consumo das pessoas e o investimento das empresas, com geração de emprego e renda. O outro cenário, de sucesso relativo, seria suficiente apenas para viabilizar a reeleição em 2014, com um ganho de sobrevida. A lógica desse raciocínio é que o PT se sustenta no poder graças à expansão do crédito. Mas como as famílias estão ficando endividadas, a presidente teria resolvido reduzir as taxas de juros para dar novo fôlego ao ciclo de consumo, evitando maiores desgastes antes da reeleição.
Na segunda hipótese, de fracasso, com desaquecimento da economia, a presidente já teria alguém para responsabilizar: os banqueiros. De fato, brigar com banqueiro é tão popular quanto bater no Congresso e combater malfeitos de autoridades e de servidores públicos.
Pessoalmente, embora veja algum sentido analítico nas versões, não acredito nem vejo indícios de que a presidente esteja governando com o pensamento apenas na reeleição. Ela, pelas atitudes e gestos, tem sido republicana e sincera em seus propósitos de contribuir para que o Brasil seja uma grande nação, tanto no quesito ético, quanto no progresso econômico, cultural, político e social do País. E a luta por taxas de juros civilizadas, que não sufoquem os consumidores e empreendedores, faz parte dessa busca. Em frente, Dilma.
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