Poderes em crise com tiroteio verbal
A semana foi de intenso tiroteio verbal entre líderes dos três Poderes, que serviu para agravar a crise que alimenta o noticiário. Em reação à Operação Métis da Polícia Federal, que prendeu agentes legislativos do Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros, chamou de “juizeco” o magistrado responsável pela ordem de prisão e disse que o ministro da Justiça está agindo como um “chefete” de polícia. A reação da presidente do Supremo Tribunal Federal veio rápida. Em sessão do CNJ, na terça-feira, ela declarou ser “inadmissível” que um juiz seja “diminuído ou desmoralizado” fora dos autos. E completou, avisando: “Toda vez que um juiz é agredido, eu e cada um de nós, juízes, é agredido”. A ministra recusou convite do presidente Michel Temer para reunião no Planalto, na quarta-feira, com Renan e Rodrigo Maia e incluiu na pauta do Supremo de 3 de novembro projeto que discute se um réu pode ocupar cargos na linha de sucessão da Presidência.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mostrou-se solidário a Renan Calheiros, afirmando que do seu “ponto de vista a posição do presidente do Senado está correta (…) em nenhum momento podemos quebrar a harmonia entre os Poderes”.
Do Executivo não se ouviu réplica, sinal de que as paredes do Planalto não discordam inteiramente das críticas disparadas no Senado. Na narrativa dos bastidores da crise feita por diversos analistas políticos, aos olhos do Planalto Renan teria acertado no mérito, mas errado na forma. O Executivo acompanha de perto a crise entre o Legislativo e o Judiciário, preocupado em evitar prejuízos e atraso na votação dos projetos de interesse do governo.
Sob a ótica da política, as críticas trocadas na Esplanada sinalizam que alguns jogadores tentam se posicionar e reacomodar suas peças no tabuleiro. No âmbito da comunicação, os porta-vozes protagonizaram cenas de intemperança retórica. Qualquer manual do bom porta-voz recomenda o equilíbrio emocional.
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Você sabe quem é o “juizeco”? A Mídia sabe
Juiz que autorizou a Oper Metis é discreto e manifesta-se por meio de discursos e formaturas. Já admitiu que o magistrado não está imune a erros, mas “deve atuar contra ameaças ao Estado de Direito”.
Doria diz que doará salário para “crianças defeituosas”
O prefeito eleito de São Paulo, João Doria, ainda não tomou posse no cargo, mas continua pródigo em gafes. Durante evento na zona norte da capital, ele disse que vai cumprir sua promessa de não receber qualquer salário e que a primeira entidade beneficiada com a doação será a “associação para as crianças defeituosas”, referindo-se à Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). A assessoria de Doria admitiu o equívoco e pediu desculpas.
Facebook muda regras e vai manter postagens polêmicas de interesse público
Depois de sofrer muitas críticas com postagens de temas polêmicos, o gigante da rede social anunciou que a partir de agora, antes de tomar a decisão de remover ou não postagens que despertem controvérsia, irá considerar o interesse público dos temas. A mudança na forma de tratar a política interna foi anunciada por meio de nota nesta semana, mas ainda não foram informados detalhes do novo procedimento dos termos de conduta.
Muitas vezes, a retirada de postagens controversas rende ainda mais controvérsia. Nesta semana, o Facebook foi alvo de intensa polêmica na Europa em torno da retirada do ar imagem de campanha de prevenção de câncer de ONG sueca.
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