Antonio Vital
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Nem bem a apuração do primeiro turno tinha acabado e o PT já tinha aumentado em 93% seu número de prefeituras no país. Nada menos que 362 candidatos do partido venceram ontem. Quatro anos atrás, a legenda do presidente Lula tinha eleito apenas 187 prefeitos. O salto já era esperado, mas o que mais chama a atenção nesse novo PT que surge na primeira eleição municipal depois de sua chegada ao poder é a mudança que se processa no seu interior. O PT cresceu porque é o partido do presidente da República, é o mais organizado, o mais rico mas, sobretudo, porque estão surgindo novas lideranças e está chegando em lugares onde não tem tradição. E a trajetória de sucesso desses novos líderes pode ser creditada mais à estrutura do partido e a variantes locais que à influência dos principais caciques petistas. Esse novo PT continua com a cara de Lula, José Dirceu, José Genoino e Antonio Palocci, mas agora tem também a marca de Fernando Pimentel (Belo Horizonte), Marcelo Déda (Aracaju), Raul Filho (Palmas), João Paulo (Recife), João Henrique (Macapá) – todos eleitos no primeiro turno. Tem ainda a marca de candidatos que vão ao segundo turno em lugares onde o partido nunca foi hegemônico, como em Vitória (com João Coser), Curitiba (com Ângelo Vanhoni), Cuiabá (com Alexandre César), Fortaleza (com a surpreendente Luzianne Lins), Porto Velho (com Roberto Sobrinho) e Belém (com Ana Júlia). Sem contar, é claro, as capitais em que o partido está no segundo turno, como São Paulo e Porto Alegre. Esse crescimento não pode ser atribuído exclusivamente aos principais e históricos líderes do partido porque estes sofreram derrotas, algumas humilhantes, outras inesperadas. O presidente Lula não conseguiu levar seu candidato Vicentinho ao segundo turno em São Bernardo do Campo (SP) e vê Marta Suplicy com dificuldades para enfrentar o PSDB em São Paulo. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, também sofreu um duro revés em sua terra natal, Ribeirão Preto (SP), cidade que já foi administrada por ele. Nem a mãe de Palocci, que subiu ao palanque e fez campanha explícita, conseguiu levar o petista Maggioni ao segundo turno. Ele foi ultrapassado na reta final pelo candidato Baleia, do PMDB, que vai disputar a cadeira com Welson Gasparini, do PSDB. Em Fortaleza, simplesmente toda a cúpula do PT saiu derrotada. Lula, Genoíno e Dirceu queriam a vitória de Inácio Arruda, do PCdoB, mas acabaram atropelados por… uma petista! Luzianne Lins contrariou todas as expectativas, resistiu às pressões dos manda-chuvas para abandonar a corrida em favor de Arruda e tirou o candidato oficial do segundo turno, que será disputado com Moroni Torgan, do PFL, por uma diferença de 34 mil votos. A humilhação imposta à cúpula do PT, que agora será obrigada a engolir em seco e apoiá-la, faz Luzianne sair embalada para o segundo turno. Se ganhar, será a maior surpresa do país. De quebra, será uma lição para os caciques petistas. Outras conclusões que podem ser tiradas dos resultados divulgados até agora: O principal rival do PT é o PSDB Se foram levadas em conta as 72 maiores cidades do país (as que têm mais de 200 mil eleitores), o PT já assegurou a prefeitura de sete (Belo Horizonte-MG, Recife-PE, Guarulhos-SP, Aracaju-SE, Macapá-AP, Rio Branco-AC e Palmas-TO); o PSDB, de seis (São José dos Campos-SP, Joinvile-SC, Jundiaí-SP, Mogi das Cruzes-SP, Carapicuíba-SP e Canoas-RS). O PT vai enfrentar o PSDB, em segundo turno, em dez cidades: São Paulo-SP, Curitiba-PR, Santo André-SP, Osasco-SP, Contagem-MG, Cuiabá-MT, Diadema-SP, Vitória-ES, Cariacica-ES e Ponta Grossa-PR. O partido do presidente Lula venceu o pleito em seis capitais brasileiras – Belo Horizonte, Recife, Aracaju, Macapá, Palmas e Rio Branco – e disputa o segundo turno em outras nove –São Paulo, Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza, Cuiabá, Goiânia, Belém e Porto Velho. O PSDB não levou nenhuma prefeitura no primeiro turno, mas disputa sete das mais importantes cidades do país – São Paulo, Curitiba, Vitória, Florianópolis, Natal, Teresina e Cuiabá. Grandes partidos continuam fortes, mas encolheram O PMDB conquistou 982 prefeituras, segundo levantamento parcial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) feito na madrugada de hoje. Só que em 2000 elegeu 1.256 prefeitos. É claro que o número não contabiliza os resultados do segundo turno, que podem fazer o número aumentar levemente. Enquanto isso, o número de prefeituras do PSDB caiu de 990 para 798 e as do PFL despencaram de 1.026 para 798. PT vai enfrentar aliados no segundo turno O PT vai enfrentar o PMDB em Goiânia, onde Pedro Wilson vai disputar o segundo turno com o ex-governador Iris Resende. Vai enfrentar o PSB em Porto Velho, onde Roberto Sobrinho briga com Mauro Nazif. Vai brigar com o PPS em Porto Alegre, onde o duelo será entre Raul Pont e o ex-senador José Fogaça. E vai encarar o PTB em Belém (Duciomar Costa x Ana Júlia). |
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