Um economista francês, Thomas Piketty, está fazendo o maior sucesso entre economistas, acadêmicos e políticos com seu mais recente e bem polêmico livro, “Capitalismo no século XXI”. Nele, Piketty afirma que o sistema capitalista não é eficiente em combater a desigualdade e, pior, produz má distribuição de renda na população, dois temas defendidos por pensadores mais conservadores.
Piketty procura demonstrar que a meritocracia, por si só, não é suficiente para diminuir desigualdades sociais, e que é importante a “mão” do Estado para que a economia se desenvolva plenamente. Mas o pensador francês se esquece que, antes de ser uma questão puramente econômica, a desigualdade social é uma questão da natureza humana.
Somos todos desiguais naturalmente, assim como naturalmente essas desigualdades nos farão ir em direção a um maior ou menor sucesso econômico-financeiro. E o Estado tem pouco ou nada a ver com isso. Como afirmou o professor Nivaldo Cordeiro em recente resenha em vídeo sobre o livro de Piketty, “é falso dizer que a má distribuição de renda é fruto do capitalismo. Ela é resultado dos diferentes talentos humanos. O capitalismo é apenas um arranjo sociológico natural que permite as liberdades e a melhor produtividade, fruto da divisão do trabalho”.
Deixar que o Estado se sobreponha aos talentos e liberdades individuais e tenha o monopólio das decisões sobre investimentos, propriedades, liberdades individuas e até vidas, é abrir uma brecha monstruosa para a tentação totalitária, a corrupção e tudo o mais que supostamente a luta social deveria evitar. Sem falar de outros efeitos colaterais, como burocracia excessiva, estatais paquidérmicas, carga tributária absurda, menos empreendedorismo, menos meritocracia e menos liberdade econômica.
Não é por outro motivo que está surgindo no mundo inteiro um movimento dedicado à formação de um capitalismo que esteja alinhado às necessidades ditas sociais. O Movimento Capitalismo Consciente, que já chegou ao Brasil, defende o papel fundamental dos empreendedores na direção de um capitalismo que preserve a liberdade de mercado sem deixar de atuar na promoção da qualidade de vida das pessoas. É essa integração entre empresas e cidadãos que tornaria o capitalismo verdadeiramente consciente.
E isso não porque é o “politicamente correto”, mas porque é o caminho final para a vantagem competitiva de longo prazo. Para os organizadores do movimento, o Capitalismo Consciente difere da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) em virtude de suas origens dentro da empresa, como expressão de uma perspectiva global sobre a forma de conceber e construir um negócio ao invés de ser apenas uma resposta às noções externas do que conta como “socialmente responsável” ou mesmo por pressões externas de mercado.
E o papel do Estado, afinal de contas? É o de regular mercados, promover Justiça e garantir segurança, liberdade, saúde, educação e a propriedade dos cidadãos. Mais que isso é fazer do Estado um Leviatã, que acaba apenas por proteger alguns poucos privilegiados.
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