A ida do senador Romero Jucá (PMDB-RR) para o ministério do Planejamento e do ex-deputado Eliseu Padilha para a Casa Civil de um eventual governo Michel Temer abre espaço na direção nacional para a nova geração de militantes e filiados do PMDB. Ao serem nomeados para o ministério, Jucá e Padilha terão que deixar os cargos de primeiro e segundo vices da legenda. Com isto, assumirá o posto de presidente nacional do maior partido do país o deputado João Arruda, do Paraná, que é o atual terceiro vice.
É que o estatuto do PMDB restringe a ocupação de cargos, ao mesmo tempo, de primeiro escalão federal por dirigentes da legenda. Aos 40 anos, Arruda é sobrinho e aliado político do senador Roberto Requião (PMDB-PR) e não está alinhado à atual cúpula do partido. Ele representa uma nova geração que começou a participar da política depois da derrota da ditadura militar (1964-1985). O deputado votou a favor do impeachment, mas até a hora de votar estava entre os parlamentares contrários ao afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Arruda também apoiou a eleição do atual líder Leonardo Picciani (RJ), simpático do Palácio do Planalto, e contra as expectativas do vice Michel Temer, que preferiria Leonardo Quintão (MG) no posto de coordenador da bancada na Câmara. Tanto Arruda quanto Picciani eram crianças quando o PMDB chegou à Presidência da República pela primeira vez com o ex-presidente José Sarney. Arruda coordena a bancada federal do PMDB do Paraná, que inclui deputados de todos os partidos, e tem como uma das funções cuidar das emendas ao orçamento que tratem de obras ou serviços no estado.
Deputado de segundo mandato, Arruda não faz parte do grupo do partido apelidado de Talibã por seu posicionamento radical contra o governo. O deputado sofre influência do tio Requião, que já declarou voto contra o impeachment da presidente Dilma. Assim como o tio, Arruda compõe a ala do partido que defende o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ) e a investigação de todos os parlamentares suspeitos de envolvimento na Operação Lava Jato, entre outras medidas. Com interlocução fácil com colegas do PSDB e até com o senador Álvaro Dias, hoje no PV, e candidato ao Planalto em 2018.
Se assumi mesmo a presidência do partido Arruda poderá convocar reuniões da Executiva e até do diretório nacional da legenda. Além disso, o presidente nacional do PMDB pode, ad referendum do diretório, decretar intervenções em diretórios municipais de cidades pequenas. Os outros dois cargos importantes na direção nacional da legenda é o de tesoureiro, ocupado pelo senador Eunício Oliveira (CE), líder do partido no Senado e há mais de 10 anos controlando as finanças do PMDB, e Mauro Lopes(MG), secretário geral da sigla.
O grupo de jovens deputados do PMDB não reconhece, por exemplo, como representantes da bancada de deputados na eventual presidência Temer os ministeriáveis os ex-deputados Geddel Vieira Lima, Eliseu Padilha e Henrique Eduardo Alves. Este grupo pressiona o líder Picciani a negociar com Temer os critérios para garantir a representação da bancada de deputados no novo governo se o impeachment for aprovado pelo Senado.
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