Paulo Teixeira*
Guilherme Mello**
Recentemente, criou-se na mídia a percepção de que voltamos a viver um período de alta inflação. O tomate, símbolo do terrorismo inflacionário, desencadeou uma série de imagens politicamente orientadas. Declarações de políticos interessados, empresários preocupados e banqueiros revoltados tomaram as páginas dos jornais e revistas, soando o alarme de emergência e criando um ambiente de desconfiança sobre a política econômica. Passado o espanto inicial, resta-nos saber se o alarme soado é real ou se foi apenas um alarme falso.
Primeiramente, é importante recordar que a média do IPCA, desde que se instalou o regime de metas em 1999, foi de 6,7%. Excluindo-se os anos do governo FHC (com inflação média de 8,77%), a inflação média dos últimos dez anos foi de 5,87%. A inflação ficou abaixo da meta atual (fixada em 4,5% com banda de variação de 2%) apenas nos anos de 2006, 2007 e 2009. A previsão é que a inflação encerre 2013 em 5,8%, abaixo da média histórica e da taxa verificada em 2012, dentro da banda da meta inflacionária e com perspectiva de queda para 2014.
Em segundo lugar, é necessário analisar as causas da inflação atual. Além de fatores estruturais, como a indexação dos preços, a oligopolização de alguns setores produtivos, os elevados custos de logística e a positiva elevação da média salarial do trabalhador, a inflação recente está fortemente influenciada por fatores sazonais, como choques de oferta (devido a quebras de safra), a elevação no preço de algumas commodities e o repasse da desvalorização cambial de 2012. Uma vez passados estes choques, a inflação tende a retomar para um patamar mais próximo ao centro da meta.
Por fim, a atitude firme do governo, colocando o combate à inflação como objetivo inegociável da política econômica e tomando medidas para controle da carestia (como a desoneração da cesta básica), cristalizam a certeza de que não há risco. O preço do tomate já recuou e desapareceu da pauta da mídia e dos financistas. Da mesma forma, o terror inflacionário desaparecerá até o final do ano, diante do recuo gradual e consistente da inflação. Assim como na pretensa “crise energética” propalada por parte da imprensa e pela oposição, o alarme, novamente, é falso.
* É deputado federal pelo PT-SP e secretário-geral do Partido dos Trabalhadores.
** Economista e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (Cecon)/Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp).
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