Bezerra Couto *
Envergando um modelito esportivo, estive na imperdível cerimônia de entrega do Prêmio Congresso em Foco 2007, na última segunda-feira. Para os que não me reconheceram, informo: eu era aquele careca charmoso, sentado numa mesa próxima à entrada do salão, que fugiu ao estilo terno-e-gravata da maioria, optando por calça jeans e blazer pretos e camisa grafite.
Como a minha simples figuração entre os colunistas deste site – logo eu, alguém que guardou na gaveta o diploma de jornalista e optou por ser corretor de imóveis – é uma aberração em si mesmo, ouso fazer aqui uma espécie de crônica social da festa. Até porque, depois da boca livre na Porcão de Brasília, me senti culpado por não mandar uma mísera linha para esta coluna há vários meses. De mais a mais, não posso negar: sou um fofoqueiro nato. Assim, meninas e meninos, lá vou eu, Bezerra Ibrahim Sued Gilberto Amaral Couto, espero que bem mais apimentado que os bambambãs do colunismo social.
Troféu deselegância – num evento em que estavam presentes 300 convidados, incluindo mais de 30 parlamentares, pegou muito mal a ausência do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), terceiro mais votado pelos internautas e primeiro na pré-seleção feita pelos jornalistas. Gabeira não foi nem mandou representante para receber o prêmio. Duas razões fazem sua atitude soar ainda mais grosseira. Pelo que me contaram, ele compareceu à primeira cerimônia do prêmio, realizada ano passado, quando foi o mais votado na internet. O que me fez concluir que o Gabeira é uma espécie de Rubinho Barrichello ao contrário: a gente só vê o cara se ele chega em primeiro. A segunda razão é mais forte. Estamos falando do deputado que rompeu com o governo e o PT depois de levar um chá de cadeira do então todo-poderoso ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. “Existe limite para a falta de gentileza”, afirmou Gabeira à época.
As rodas – A organização do evento deixou as mesas da frente, mais perto do palco, reservadas para os congressistas, mas sem lugar marcado. Espontaneamente, os parlamentares formaram grupos, que depois se transformariam em animadas rodas de conversas. Um mesão juntou o pessoal do DEM. Outro, quase todos os parlamentares petistas presentes e o deputado maranhense Flávio Dino, do PCdoB. Uma terceira mesa tinha formação ecumênica. Reuniu, entre outros, os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Renato Casagrande (PSB-ES) e os deputados Augusto Carvalho (PPS-DF) e Osmar Serraglio (PMDB-PR). Não se sabe se por índole ou se por estratégia, os tucanos se espalharam por diversas mesas diferentes, uma delas juntando o senador Alvaro Dias e o deputado Gustavo Fruet, ambos paranaenses.
Os mais alegres – Fruet esbanjava felicidade pelo salão do restaurante Porcão, mas não por causa do prêmio. Comemorando a volta do seu time à primeira divisão do Campeonato Brasileiro, distribuía canetas do Coritiba. Ao entregá-las de presente, olhava extasiado a inscrição nelas gravada: “Coxa, eu te amo!”. Honrando a tradição dos seus estados, os deputados Maurício Rands (PT-PE) e Sérgio Barradas Carneiro (PT-BA) levavam um dos papos mais animados da noite. Repórter pela metade, este Bezerra foi incapaz de apurar sobre o que conversavam – ouvidos, aliás, por um discreto senador João Durval (PDT-BA, pai de Sérgio). Mas informa: devia ser alguma coisa muito engraçada porque os dois não paravam de rir. O senador Casagrande estava tão empolgado que um repórter de plantão, lembrando de antigo provérbio, achou que era o momento certo para abordá-lo. Não conseguiu. Não mais que de repente, haviam sumido com o Casagrande do salão. Ah, sim, o provérbio – “in vino, veritas”, quer dizer: “no vinho, a verdade”.
O segredo de Aleluia – O mais votado pelos internautas, com votação muito superior à dos demais deputados, José Carlos Aleluia (DEM-BA) foi alvo de provocações diversas. Ao encontrá-lo, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), perguntou qual era o segredo para tal desempenho. O apresentador Heraldo Pereira também brincou com o poder de fogo que o ex-líder da minoria demonstra ter na internet, dizendo que ele tinha acabado de comprar “um computador reluzente”. Aleluia tirou de letra. Ao receber o prêmio, cuidadoso com as palavras para não ofender ninguém, demonstrou que seu segredo é ter compreendido a força da internet e a necessidade de saber trabalhá-la bem.
PublicidadeAs mais belas – Minha mulher Isabela que me perdoe, e ela sabe que sou comportado, mas, quanta mulher bonita! Não saí perguntando o nome de todas porque aí seria demais, né, Isabela? Mas alguns nomes eu colhi sim. Nomes e cores. A global Cristina Serra, que dividiu com Heraldo a apresentação da cerimônia, maravilhosa, de vestido azul. Soraia Costa, repórter do Congresso em Foco, causava sensação, de verde. A diretora de jornalismo do portal iG, Mariana Castro, felinamente de preto. E chamava muita atenção a bela morena de tailluer bege que comandava a organização do evento: Patrícia (ela pediu para omitir o sobrenome).
De pijamas – Levar o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), à cerimônia deu trabalho à sua assessoria. O senador se esqueceu do compromisso e já estava de pijamas quando foi lembrado por uma assessora sobre a festa. Quando chegou ao restaurante Porcão, com cara de assustado e bastante atrasado, foi aplaudido.
A pé-de-valsa – A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), não se conteve com o ritmo e o virtuosismo da banda Choro Livre, comandada pelo presidente do Clube do Choro de Brasília, Reco do Bandolim. Sem se intimidar com a falta de par, levantou-se e dançou sozinha.
Certificados de deselegância – Justiça seja feita. Dos seis congressistas premiados com troféus (três primeiros lugares na Câmara e no Senado), Gabeira foi o único que cometeu a descortesia de não comparecer nem mandar representantes. Mas outros cinco, dos 50 parlamentares premiados, também fizeram o mesmo. Aloizio Mercadante (PT-SP), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Fernando Coruja (PPS-SC), Jefferson Peres (PDT-AM) e Marco Maciel (DEM-PE) também não mandaram representantes nem foram receber seus prêmios.
A frase – “Nunca estive num evento que reunisse uma presença tão expressiva de parlamentares, seja pelo número, seja pela qualidade” (Cezar Britto, presidente do Conselho Federal da OAB)
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