A Fundação Getúlio Vargas e o Senado estão tapando o sol com a peneira. As inúmeras irregularidades registradas na seleção, que estão sendo investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, continuam sendo “investigadas”. De acordo com a assessoria de imprensa da organizadora, “algumas respostas foram dadas ao Ministério Público”, sem especificar os pontos. Enquanto isso, o processo seletivo transcorre como se nada tivesse acontecido de errado, ilegal ou imoral.
A estratégia é semelhante à usada no concurso em 2008. Na ocasião, houve denúncias de que provas foram copiadas, além de outras polêmicas. Mas tudo foi deixado de lado, desrespeitando os candidatos. Desta vez, passada a sequência de denúncias, a organizadora e a casa legislativa mantêm a mesma postura de “tocar o barco”.
O Ministério Público Federal avalia mais de 20 denúncias e a Polícia Federal investiga reclamações de alguns dos 157 mil inscritos. A publicidade e transparência foram esquecidos pelos principais envolvidos e, agora, resta aos candidatos esperar e lamentar nos fóruns online.
A lista de problemas é tão absurda que devia partir do próprio Davi Anjos, presidente da comissão interna do concurso, o pedido de suspensão e exigência de respostas rápidas e plausíveis por parte da FGV. As justificativas apresentadas até agora são frágeis para as denúncias mais graves. Como explicar que uma integrante da comissão do concurso era candidata à seleção que organizava? Como explicar as questões plagiadas? Os gabaritos clonados?
É ainda mais impressionante a falta de clareza quando se falam em valores. A FGV arrecadou R$ 32 milhões com as inscrições, R$ 1,2 milhão só com os isentos arcados pelo Senado. Os 157 mil candidatos envolvidos não gastaram menos de R$ 3 mil, cada, para se preparar para este processo seletivo. Será que nada disso tem valor?? Será que as cifras não apontam para a seriedade da questão?
O mundo dos concursos é mesmo visto de forma embaçada, turva. Um mercado tão rico e significativo está sendo tratado por profissionais que se passam por amadores e saem ilesos dos prejuízos causados.
Aliás, a organizadora vinculada ao tão renomado instituto de pesquisa e ensino está maculando a marca tradicional com atitudes que nada combinam com o propósito das seleções públicas.
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