A pessoa ingressa na vida pública, no caso meritório, através do concurso público, honestamente homologado; no caso de cargo eletivo, eleito democraticamente pelo povo sem a ingerência do poder econômico. Todo o serviço público deve ser realizado com eficiência correspondendo às expectativas do cidadão; o cidadão, por sua vez, cobrando e exigindo do agente público um melhor funcionamento da máquina administrativa. E deve ser cobrado. É retorno dos impostos em forma de serviços, programas e obras de qualidade em favor da comunidade.
A falha no ato administrativo será criticada em decorrência da função pública que exerce, no entanto, a crítica no campo pessoal não se condiz com o Estado democrático de direito. A ineficiência administrativa deve ser, sim, criticada; os atos pessoais devem ser, sim, respeitados. O particular e o público não devem ser misturados, quando isso acontece existe uma desordem pública, uma confusão, um caos administrativo. É preciso saber distinguir o joio do trigo.
A Constituição da República Federativa do Brasil proclama no seu preâmbulo a instituição de um Estado Democrático de Direito, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. Ressalta-se que pluralista é uma sociedade em que todos os interesses são protegidos
O melindre sensitivo do administrador público que se sente um ser intocável e que realiza uma administração perfeita, não há mistério a ser guardado na redoma, ninguém neste planeta Terra agrada à unanimidade. Quando se consegue agradar à maioria já é de bom tamanho.
O erro administrativo deve ser apontado em todos os níveis hierárquicos, o acusador tem o olho de lince, não escapa nada do seu olho angular. Isto não é ruim para o administrador democrático que não guarda melindre e aceita crítica, principalmente vindo da oposição, isto serve como meio de alerta. É o errar para corrigir. Quem ganha com isso é a coletividade.
Agora quando a crítica parte para o campo pessoal é um verdadeiro desastre, e mais confusão cria no senso comum do povo. É uma verdadeira ridicularidade.
Cada um deve saber os limites de suas atribuições, cada macaco no seu galho, o secretário de Saúde responde pela sua área, o secretário de Educação pelo seu setor, a Secretaria de Comunicação no âmbito de sua missão de publicidade de caráter educativo etc. Quando um invade atribuição de outrem ninguém sabe quem é quem no meio do tabuleiro. A casa fica desarrumada, a bagunça toma conta dos seus quadrantes. Inseticida na barata tonta!
PublicidadeUrbanidade e civilidade são princípios que regem a conduta funcional , quando o servidor público extrapola com o uso de palavras agressivas e irritantes ver-se que houve a perda do controle emocional, pode esperar que logo mais vem a pane da máquina administrativa.
A violência verbal é a expressão que designa o fenômeno de comportamento deliberadamente transgressor e agressivo, apresentado pelo conjunto dos cidadãos ou por parte deles, nos limites do espaço interpessoal. Têm qualidades que a diferenciam de outros tipos de ação violenta praticados por pessoas ou grupos de pessoas e se desencadeiam em consequência das condições de vida ou convívio. Sua manifestação mais evidente são os altos índices de agressões após discussões acirradas; a mais constante é a infração dos códigos elementares de conduta civilizada.
A observação da conduta moral da humanidade, ou civilidade, ao longo do tempo revela um processo de progressiva interiorização, existe uma clara evolução, que vai da aprovação ou reprovação de ações externas e suas consequências à aprovação ou reprovação das intenções que servem de base para essas ações, portanto, os fundamentos da moralidade não se deduzem de um princípio metafísico, mas daquilo que é mais peculiar ao homem. O desrespeito e a violência vão contra todos os princípios éticos, seja esta moral, verbal ou física.
O povo quer a solução dos problemas, não briga pessoal entre A e B, pois o crítico e o criticado esqueceram completamente a coisa pública e estão se digladiando na arena da vida pessoal.
Crítica vem do grego ckritike, que quer dizer “apreciação minuciosa”. Significa processo de purificação. Dizem os estudiosos que a palavra originou-se na prática de purificar o ouro: trata-se de derreter (destruir) o minério bruto e natural, a fim de retirar suas impurezas, para aproveitar somente à parte purificada, para que o minério adquira valor.
A crítica construtiva se caracteriza por apresentar o lado positivo, deve funcionar como uma alavanca para o desenvolvimento da outra pessoa e não simplesmente falar mal do trabalho ou da atitude do outro. A crítica deve ser uma ferramenta de desenvolvimento e não de punição. A pessoa deve perceber que a crítica tem fundamento e lhe ajudará no seu desenvolvimento pessoal ou profissional e não está sendo utilizada como ferramenta de manipulação e poder.
Uma das maiores dificuldades encontradas pelas pessoas, tanto em relação à sua vida pessoal, quanto no aspecto profissional, é a falta de habilidade para resolver problemas. É comum elas se sentirem ansiosas quando surge a necessidade de resolver problemas que, se presumir, estão além de sua capacidade. Ocorre um sentimento de angústia e impotência, fatores agravantes, que aumentam ainda mais o grau de dificuldade.
Em geral, os problemas são percebidos pelas pessoas de forma diferente. Algumas, mais otimistas, encaram problemas como oportunidades de resolver assuntos e até mesmo como forma de melhorar seu padrão de vida. Outras transformam pequenos problemas em verdadeiras tragédias anunciadas, sofrendo por antecipação.
A falta de humildade para reconhecer o erro é o vírus que está locado na mente do administrador público. E quando um erra, o pior é que todos acompanham o erro. A cegueira é generalizada. Ou, então, vê demais, não diz com medo, não aponta o erro por incapacidade e não alerta para o perigo por verdadeira submissão. São os áulicos do poder.
Quando a crítica parte de um ferrenho opositor ou desafeto, de cara, para o administrador melindroso não dá a mínima importância, não observa o tom de verdade que existe por trás da ideia, logo é rechaçada com veemência, ou seja, o revide é maior do que o ataque. Será que a crítica não tem certo de fundamento? Não está alertando para evitar um perigo maior?
Não! Vinda de fulano de tal, não merece o menor crédito!
E os áulicos do poder respondem:
– Amém!
* Escritor e promotor de Justiça em João Pessoa.
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