Entre os três temas que dão título a esta coluna, a Avaaz identificou aquele que seria o desafio prioritário para 2014. Os votantes escolheram o primeiro dos três, a partir das seguintes perguntas:
1. Luta contra a corrupção na política, incluindo a influência por parte de grandes empresas privadas sobre nossos governos.
2. Uma política econômica que beneficie o bem comum em detrimento de uma pequena elite.
3. Prevenção de mudanças climáticas catastróficas.
A forma como o primeiro tema foi colocado me parece não ser muito adequada.
Por que colocar no tema a expressão “incluindo a influência…”? É preciso incluir isso, ou a relação espúria entre o setor público e o privado não representa o coração da corrupção? E mais, não é de amplo conhecimento o fato de que as grandes empresas privadas tentam controlar a política conforme seus interesses?
Na verdade, é uma colocação tendenciosa, ideológica, que vem sendo utilizada pelo governo. Tem a ver com uma análise da corrupção como o movimento no qual o empresário sem escrúpulos tenta corromper o casto servidor público. Essa percepção ou é propositalmente direcionada ou inacreditavelmente ingênua. Ninguém sabe quem é o corruptor, se o empresário ou o agente público. Em alguns órgãos não se faz negócio sem o pagamento de propina, simples assim. Em outros, empresários tentam corromper servidores que querem fazer as aquisições de maneira correta, conforme a lei.
PublicidadeFora esse deslize ideológico, gostei da escolha dos temas.
O segundo item está diretamente relacionado com o primeiro, mediante a manipulação legal e ilegal do orçamento público. Na manipulação legal, gastos excessivos que provocam déficits financiados a juros extorsivos pagos às elites. Follow the money. As elites são os beneficiários das transferências de juros do orçamento público. Também fazem parte das elites aqueles que se beneficiam de maneira ilegal do orçamento público, ou seja, da corrupção. São esses os dois maiores mecanismos que atentam contra a equidade: pagamento de juros e corrupção.
Em 2014 o governo federal deverá destinar em torno de R$ 25 bilhões para o Bolsa Família. O pagamento de juros consumirá R$ 190 bilhões. Na corrupção, outro tanto – bem grande.
Se se quer identificar as elites, follow the money. Se se quer conhecer e lutar contra as causas da desigualdade, follow the source of the money.
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